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Depois de uma noite turbulenta, voltei para casa com o peso de tudo que havia ocorrido ainda me oprimindo. Cada passo parecia arrastar um pouco da tensão do encontro com Jennifer. Quando fechei a porta do quarto, tentando isolar-me da confusão que me cercava, a voz do meu irmão ecoou do corredor.
"Demorou pra voltar, hein? Tava com a Mia?", ele perguntou, esticado no sofá com o videogame nas mãos, sem levantar o olhar.
"Sim, demos uma volta", respondi, mantendo o tom casual.
Ele pausou o jogo, me observando com um olhar curioso. "Tá meio esquisita. Tá tudo bem mesmo?"
"Tá sim, só tô cansada. Vou subir", desconversei, fugindo das perguntas. Explicar sobre Jennifer seria impossível. Havia algo nela que fazia do seu nome uma sombra impossível de entender.
No meu quarto, joguei-me na cama, os olhos perdidos no teto. Mia era uma distração confiável, mas nem mesmo a alegria dela podia tirar Jennifer da minha cabeça. Desde o início, eu sabia que ela não estava interessada em amizade. Era algo maior, quase uma presença constante em cada pensamento. Era como se Jennifer fosse feita de perigo e controle — e, desde que nos conhecemos, eu sentia que ela tinha planos, como se quisesse algo que eu ainda não sabia nomear.
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Na manhã seguinte, tentei seguir com a rotina. Ao entrar no pátio da escola, avistei Mia e as meninas rindo e fofocando sobre os dramas da turma, algo familiar e acolhedor. As risadas enchiam o pátio, criando um alívio momentâneo, uma bolha de normalidade. Talvez, eu pensei, pudesse ter um dia normal. Talvez Jennifer fosse apenas um pesadelo distante.
"Alice! Vem cá!" Mia acenou, chamando-me. "A gente acabou de gravar o professor de matemática fazendo zumba!"
Ri, me juntando ao grupo. "Sério? Isso eu tenho que ver!"
Sentamos juntas, compartilhando histórias e rindo das situações bobas do dia a dia. Eu estava começando a relaxar, ouvindo Mia contar sobre uma briga no corredor quando senti uma presença — aquele leve arrepio na espinha que só Jennifer conseguia causar. Levantei os olhos, e lá estava ela. Jennifer caminhava pelo pátio com a confiança de quem já sabia que seria notada, os olhos fixos em mim. Ignorando completamente o grupo ao meu redor, ela parou à minha frente, a expressão tranquila, quase sedutora.
"Oi, Alice", sua voz baixa e controlada fez o riso do grupo cessar, criando um silêncio curioso.
As meninas trocaram olhares, e Mia me observava, tentando entender quem era aquela pessoa que surgia de repente.
"Podemos conversar?", Jennifer pediu, com uma suavidade, que escondia uma ordem.
Respirei fundo, sentindo o coração acelerar. "Já volto", murmurei para as meninas, deixando-as para trás, os olhares intrigados nas minhas costas.
Jennifer me guiou para uma área mais afastada da escola, longe de olhares curiosos. O vento era frio, e a sombra das árvores ao redor tornava o ambiente ainda mais sombrio. Ela parou, cruzando os braços, e seus olhos fixaram-se em mim com intensidade. Parecia estar me estudando.
"Então, Alice", começou o tom ligeiramente divertido. "Sobre a nossa pequena… situação."
"Situação?" Fingi desinteresse, cruzando os braços. "O que você quer, Jennifer? Eu já disse que não vou contar nada."
Ela sorriu, lenta e calculadamente, como se saboreasse minhas palavras. "Você realmente acha que eu confio em você?" fez uma pausa, e continuou: "Quero apenas garantir que não vá fazer nada. Para isso, acho que devemos passar mais tempo juntas… como amigas."
