Ecos de Eternidade - Agathario

Lágrimas de um Destino

O ambiente escuro da casa antiga pairava sobre elas, uma tensão que parecia vibrar com cada suspiro. Agatha e Rio se encaravam, como se o tempo tivesse se dobrado sobre si mesmo, criando um espaço onde passado e futuro se confundiam. Rio, ainda incrédulo e sentindo-se subitamente livre, olhava para Agatha com uma mistura de confusão, desconfiança e algo mais profundo, algo que ela odiava admitir.

Agatha a puxou com urgência se sentido drogada por Rio, por tudo que aquela moça significava. Rio ao sentir o suave lábio de sua amante sobre os seus se entregou a aquele momento, afundando suas mãos em qualquer espaço que pudesse significar uma reconciliação. Era fome, desejo, tristeza e amor que sentiam, por um momento se esqueceram da raiva mutua que sentiam.

Rio se deteve ao sentir que estava tendo seus poderes se desvencilhando, encarou Agatha em busca de uma explicação, sabia o que Agatha iria fazer, se sacrificar por Billy, mas algo nela se recusava, se isso acontecesse, não poderia ir atrás de Agatha, iria significar o fim e não sabia se que estava pronta. Não poderia suportar o peso de ter sido o beijo da morte do único amor que teve durante toda sua vida.

— Rio... — a voz de Agatha era um sussurro, quase um pedido. Os olhos dela estavam cheios de uma vulnerabilidade que ela nunca tinha visto antes. Era impossível entender como alguém como ela, uma bruxa de poder e ambição, podia carregar uma dor tão humana, ao ver Rio ali com tanta raiva e algo a mais a lembrou das vezes que esse cenário se repetia, tantas vezes que se sentia tonta. Quem tinha traçado aquele destino? Quem havia decidido que elas sempre deveriam terminar da pior forma possível?

— Agatha... não faça isso... — A voz de Rio tremia entre a raiva e o desespero. Ela não queria fazer o trabalho dela, seja ele qual fosse, não queria levar seu amor e não queria levar o único que foi capaz de fazer rir ao seu amor depois da morte de Nick — não desse jeito – falou com um fio de voz enquanto acariciava o braço da mais nova, aproveitando toda a proximidade com medo de ser a ultima vez.

Billy estava em pé, confuso, enquanto os olhos de Agatha se fixavam nele com uma intensidade que o fazia estremecer. Ela se aproximou devagar, a mão estendida na direção dele. Rio percebeu o que estava prestes a acontecer e tentou intervir, segurando o braço de Agatha com força. Sabia o que Agatha iria fazer e seu coração se apertou com a possibilidade de Agatha jamais se perdoar se o fizesse, por um momento se sentiu sufocada por ser quem era, por não ter outro caminho, por ela não poder fazer o trabalho sujo, apenas estar ali para quando acabasse.

— Agatha.... – Rio a olhou tentando conversar com Agatha pelos olhos, um mecanismo tão delas, não queria assustar Billy, e então Agatha assentiu, dando confiança a Rio como um sinal que ficaria tudo bem.

O olhar de Agatha era de uma determinação inabalável, misturada com a dor de quem sabia que estava traindo alguém que confiava nela. Ela desviou os olhos de Rio, fitando Billy com uma tristeza que se misturava à sua ambição, soltou a mão do braço de Rio deslizando por todo o braço da mais velha, prolongando o toque que tanto anelava.

— Eu sinto muito, Billy — murmurou, os olhos marejados, mas a voz firme. — Eu realmente sinto... mas eu preciso. Eu não posso... eu não quero passar a eternidade sem meu único amor, sem a família que me resta.

Billy deu um passo para trás, percebendo o que aquilo significava. Ele ergueu a mão, tentando conjurar um feitiço para se proteger, mas Agatha foi mais rápida. Num gesto preciso e cheio de uma magia antiga e obscura, ela canalizou seu poder na direção de Billy, que sentiu sua força sendo drenada, seu próprio poder lhe escapando como água entre os dedos. O poder de Billy fluía para Agatha, cada vez mais forte, até que ele tombou, ainda de pé, mas fraco e vulnerável, seus olhos fixos em Agatha em uma mistura de mágoa e resignação. Agatha se sentia suja, mas o que poderia fazer? Sempre havia sido ela, a maldição de todas as bruxas sempre fora ela, não poderia se entregar tento a oportunidade de mudar os acontecimentos. Ela então se virou para Rio, seu rosto tomado por um orgulho profundo, sabia o que Agatha estava fazendo, estava dando uma chance ao seu amor e Rio a iria aproveitar ao máximo, o preço por isso foi alto mas sabia que Agatha se recuperaria.