1. Herdeiro por um dia

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A Dança dos Dragões... uma guerra que devorou Westeros como fogo incontrolável, deixando para trás apenas cinzas e o vazio. Reinos foram devastados, famílias despedaçadas, e mesmo as criaturas mais grandiosas do mundo, os dragões, encontraram seu fim nesse conflito entre irmãos. Duas pretensões ao trono geraram uma onda de destruição que apagou vidas e esperanças, transformando sonhos em amargura e cinzas. No final, o que restou? Somente os cansados, os sobreviventes marcados, almas que jamais desejaram essa guerra, agora obrigadas a reconstruir aquilo que jamais tiveram culpa de ver destruído.

Para Tyland Lannister, tudo aquilo foi uma lição cruel, um vislumbre de como o poder pode corromper, até mesmo as mais sólidas convicções.

Tyland havia apoiado os Verdes, acreditado em seu valor e no que achava ser o caminho certo e mais lógico; agora, via o erro com a clareza de quem fora mutilado. Seu rosto carregava as marcas da guerra, assim como seu corpo ferido, agora castigado por sua cegueira e pela fragilidade que ele aprendera a ignorar. A verdade era que essa guerra não valera de nada. Ele podia apenas fingir que esquecera os lados, os juramentos, os falsos discursos de glória. No fundo, seu maior arrependimento era não ter fugido com Daella e seus filhos, para longe dessa maldita guerra. Haveria algum lugar, algum tempo, onde poderiam ter sido felizes, onde o amor prevaleceria sem o peso das obrigações.

O ano era 133 d.C. O inverno que cobria Westeros aproximava-se do fim, mas sua dureza ainda marcava os últimos sobreviventes. A Febre do Inverno, uma doença impiedosa que varria a terra, não deixara de fazer novas vítimas, e agora, Tyland sabia, ele estava entre elas. Deitado em seu leito, os sintomas consumiam o que restava de suas forças. O frio parecia uma vivo em seu quarto, fazendo-o estremecer, mesmo com a lareira acesa e as janelas seladas para conter o ar gelado. Ele podia sentir que a morte se aproximava, e já não havia medo, apenas um sentimento de resignação.

Ao lado de sua cama, o jovem rei Aegon III repousava uma mão gentil sobre a dele, um gesto de companheirismo e gratidão. Tyland já havia sido um homem que, em tempos de guerra, sugerira a morte do garoto para fortalecer a causa dos Verdes. Mas a vida tem sua própria ironia. Anos após a guerra, Tyland assumiu a responsabilidade de ser Mão e tutor de Aegon, ajudando a moldar o futuro daquele garoto.

Aegon III, um jovem rei deprimido e traumatizado, sobrevivera, e Tyland passou a proteger esse garoto quebrado de lordes gananciosos que tentavam aproveitar-se de sua fragilidade e procurando tirar vantagens como se fossem urubus revirando as melhores carcaças que tivessem disponíveis.

Aegon tirou uma carta do bolso... era a carta de Daella para Tyland, mas que Tyland nunca tivera coragem de saber o que estava escrito desde que ela se foi. Guardou nas profundezas de uma gaveta, fugindo das lembranças que ele carregava, pois doía demais. Agora, à beira da morte, sentiu a necessidade de finalmente ouvir essas palavras, de ouvir aquilo que sua amada deixara para ele. E Aegon, paciente, ergueu a carta, pronto para dar voz às palavras de Daella.

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Ano 111 d.C



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O quarto de Aemma Arryn estava banhado pela luz suave da manhã, que entrava pelas janelas altas, iluminando o ambiente com um brilho delicado. As cortinas, feitas de tecidos finos e ricamente bordados, ondulavam levemente ao toque de uma brisa morna que entrava pela sacada. O ar estava impregnado de uma calma silenciosa, quase solene, enquanto os criados, discretos em suas tarefas, ajustavam almofadas para proporcionar conforto à rainha grávida. A atmosfera era pacífica, mas havia uma tensão subjacente, como se todos estivessem conscientes da importância do momento que viria.

𝐓𝐇𝐄 𝐆𝐑𝐄𝐀𝐓 𝐖𝐀𝐑 - Tyland Lannister Onde histórias criam vida. Descubra agora