O Acordo - Wenclair

Capítulo 08

POV:
ENID SINCLAIR

Na tarde seguinte, Yoko liga bem na hora em que estou saindo do prédio de música num rompante, depois de mais um ensaio desastroso com Eugene.

— Uau. - Exclama diante do meu jeito seco. - Que bicho te mordeu?

— Ottinger! - Digo, irritada. — O ensaio foi um inferno.

— Ele tá tentando roubar todas as notas boas de novo?

Pior. Sinto muita raiva para repassar o que aconteceu. Por isso não me dou ao trabalho.

- Minha vontade é de apunhalar o cara pelas costas, Yo. Não, melhor, fazer isso pela frente, para que ele olhe bem nos meus olhos e veja a minha alegria.

Sua risada é um alento aos meus ouvidos.

— Caramba... ele realmente pisou no seu calo, hein? Quer desabafar durante o jantar?

— Não posso. Vou encontrar com a Addams hoje de noite...

Outro compromisso que eu preferia deixar passar. A minha vontade agora é de tomar um banho e ver TV, mas, conhecendo a peça, Wednesday vai vir até mim e fazer uma cena se eu ousar dar um bolo nela.

— Ainda não acredito que você concordou com essa história de aulas particulares, - Admite Yoko. - Ela deve ser muito insistente.

— É mais ou menos isso. - Comento, vagamente.

Não contei para Yoko sobre o acordo com Wednesday, principalmente porque quero adiar a provocação inevitável de quando ela se der conta do meu nível de desespero para fazer Olívia prestar atenção em mim. Sei que não vou ser capaz de esconder a verdade para sempre sem dúvida, Yo vai me encher de perguntas quando descobrir que eu vou a uma festa com a garota. Mas tenho certeza de que posso inventar uma boa desculpa até lá.

Algumas coisas são vergonhosas demais para admitir, mesmo para a minha melhor amiga.

— Quanto ela está pagando? - Pergunta, curiosa.

Feito uma idiota, respondo com o primeiro número que me vêm a cabeça.

- Hmmm, sessenta.

- Sessenta dólares por hora? Gente do céu. Que loucura, vou querer um jantar chique quando isso acabar.

Um jantar chique? Droga! Lá se vão uns três turnos na lanchonete.

Viu só, esse é o motivo porque sempre se deve falar a verdade. Mentiras invariavelmente voltam para pegar no seu pé.

— Claro. - Digo, descontraída. - Enfim, tenho que desligar. Tyler está com o carro essa noite, então vou precisar chamar um táxi, vejo você em duas horas.

O táxi da universidade me leva até a casa de Wednesday, e marco de ser buscada em uma hora e meia. Wednesday me disse para entrar direto na casa, porque ninguém escuta a campainha com o barulho da TV ou do som. Mas, quando abro a porta, está tudo um silêncio...

— Wednesday? - Chamo da entrada.

— Aqui em cima. - Ouço o som abafado da sua voz.

Encontro-a em seu quarto, com uma calça de moletom e uma regata vermelha. Não dá para negar que Wednesday tem um corpo... atraente. É alta, mas não como aquelas modelos, e sim, esguia e musculosa. A camiseta sem mangas também me oferece uma visão e tanto da tatuagem no braço.

— E aí, cadê as suas amigas?

— E sexta à noite... o que você acha? Na balada. - Parece triste ao pegar os livros da mochila jogada no chão.