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**Capítulo 1**

Zzz......zzz......zzzz....

Olho a tela do aparelho.

03 horas da manhã. Um número desconhecido.

Hum.... alô... — atendo a ligação.

— Preciso de mais dinheiro! — essa voz, não importa como ou quando, sempre irá me atormentar!

— Todo mês você recebe. Não há necessidade, Francesca! — aperto o objeto com força.

— Esse não foi o combinado, Giovanni! Quando assinei os papéis do divórcio, não passaria por quaisquer necessidades! Você não está cumprindo o acordo! — rebate histérica.

— Você levou a maior parte dos meus bens! Eu pago a porra do seu apartamento! Com uma pensão absurda para alimentar o seu ego e o seu materialismo! E você ainda quer mais? Vai trabalhar, Francesca! — digo irritado, pois meu precioso sono já tinha ido pelo ralo.

— Nada justo! Você me traiu, Giovanni! — cospe outra vez.

— Como sempre, lembrando do passado! Eu era jovem, Francesca, e sabe bem o que aconteceu depois… — ela sabe o quanto esse assunto me desestabiliza.

Desligo o aparelho sem esperar mais uma palavra. Conheço muito bem como isso funciona e não vai parar até conseguir o que quer.

Me jogo mais uma vez na cama, esperando o sono que me foi tirado. Achei que depois do divórcio ela me esqueceria, mas é impossível sair e deixar a carteira ou o cartão de crédito para trás. Nosso compromisso foi, como todos, um acordo em meio a um banho de sangue. Comprometer-se porque quer… não sou de olhar o que não me pertence ou convém. Porém, chega a ser impossível não observar o casamento do Petrov. Ele e aquela mulher tão transparente, sem futilidades ou a necessidade de estar bêbada o tempo todo para aguentar a pressão. Não estou dizendo que seja fácil para elas, óbvio que não, mas nesse meio, todas são iguais… exceto a minha ex-esposa, que é uma serpente!

Sempre agindo de forma desequilibrada, mas para todos eu fui o errado! Para os olhos de fora, era a mulher perfeita, a mãe perfeita, já que nossa filha a coloca em um pedestal. Ela não o merece.

Em todos esses anos, nunca me levaram a sério por escolher pensar antes de agir de forma fria. Prefiro argumentar; acredito que as palavras podem ser mais fortes que uma bala, resolvendo melhor os problemas.

Posso ser o dom mais impiedoso, mas sem a autorização do conselho, não se mexe. Com muito custo, consegui estabelecer o divórcio na organização. Minha própria esposa odiava aquilo; nem parecíamos casados. Poderia não me incomodar mais, mas não dá!

**Quebra de tempo**

O silêncio é algo sagrado para eu tomar meu primeiro desejo todos os dias: um café sem açúcar, para acordar antes de trabalhar. Entretanto, o som da porta batendo na parede corta meu precioso sossego.

— O que acha que está fazendo com a minha mãe, Bianchi? — entra Vittório.

— Não vê que estou tomando meu café? Quer conversar? Espere até a empresa, como de costume, e, já que o assunto é a sua mãe, prefiro a presença do meu advogado — respondo, olhando para minha agenda.

— Eu concordei com aquele pedaço de papel! — grita, sua voz ecoando pela cozinha.

— Não preciso da sua permissão, Vittório! Você é meu filho, não o contrário, lembra? — digo, tentando manter a calma. Está achando que sou o que, Vittório? Espero que não tenha esquecido! Eu ainda estou no comando, e sou o seu pai!

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