19. surprise

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surprise(noun): something that surprises someone; a completelyunexpected occurrence, appearance, orstatement

CAPÍTULO 19

A camioneta deixou-me numa das paragens mais próximas da morada que Marcos me cedera. O lugar era pouco movimentado e as poucas casas que se encontravam nas laterais da estrada, pareciam degradadas e antigas o suficiente para ninguém as habitar. Franzi as sobrancelhas e voltei a ler o endereço, olhando para a placa branca no cimo da minha cabeça. O local correspondia.

Caminhei até o passeio e arrisquei no baixo prédio, acreditando que a mansão paralela a esta era demasiado sofisticada para Harry. Empurrei a porta de madeira e avistei duas portas, em lados diferentes da parede. Na parede frontal, debaixo das escadas, encontrava-se um balcão que acreditei ser uma verdadeira receção há bastantes anos atrás mas que se degradara com o tempo, como o resto da casa. O número da porta não correspondia aos primeiros e subi as escadas até ao segundo piso, o único.

- Porta trinta e dois. - Murmurei com um sorriso.

Era a única casa no piso e estava oposta às escadas. Escondi o papel no bolso de trás das calças e utilizei essa mão para chocar contra a madeira da porta, esperando uma resposta breve. Olhei em redor, esperando ver uma campainha, mas fiquei desiludida por apenas observar uma parede lisa e esfarrapada. Voltei a tocar na porta, desta vez com mais força.

- Harry, - Eu chamei, tentando não elevar demasiado a voz. - É a Blue.

- Blue! Oh, meu Deus!

Dei um salto ao ouvir uma voz esganiçada e infantil atrás de mim, colando o meu corpo à madeira da porta. Um rapaz magrinho olhava-me com um ar surpreendido. Era baixo e as roupas que envergava, umas calças de fato de treino e uma camisola fina de manga comprida, ficavam-lhe largas e compridas. Tinha olhos castanhos e o cabelo aloirado.

Subiu as escadas com uma rapidez exagerada para o seu corpo minúsculo e rodeou os seus braços à volta da minha cintura. Contive a respiração por uns segundos, abismada com a reação do pequeno. Uma sensação de nostalgia percorreu o meu corpo ao lembrar-me das crianças que ao longo dos meus anos de adolescência me tratavam como uma irmã. Pousei a minha mão nos seus fios loiros e afaguei-os com carinho.

- Olá, pequeno. - Ele largou a minha cintura. - Quem és tu?

- Sou o Max, mas isso não interessa. - O rapaz pulou. - O que interessa é que tu estás aqui! Afinal Deus existe mesmo, tenho de voltar à igreja e pedir um presente pelo meu aniversário.

Tentei não gargalhar.

- Eu não sei do que estás a falar, querido.

- Eu conto-te tudo! - Ele agarrou a minha mão e puxou-me da frente da porta, colocando uma chave dourada na fechadura. - O Harry deu-me uma chave para fugir quando o pai e a mãe discutissem.

Deu um pequeno encontrão com a anca e a porta abriu-se rapidamente, dando lugar a uma sala iluminada pela luz brilhante do sol. O meu sorriso desmontou-se ao ver o local onde Harry passava os seus dias. Um pequeno sofá estava no lado esquerdo do local e no lado oposto encontrava-se uma cozinha, mobilada com pouco mais do que uns armários, uma bancada e uma pequena mesa com duas cadeiras. Aproximei-me dela. Um grande mapa estava estendido sobre ela e pequenos post-it estavam espalhados por ele.

- O Harry comprou-a ao Sr. Billy, semana passada. Disse para não olhar para esses papéis.

A tentação de ler e reler tudo aquilo que estava sobre a mesa era mais que muita. Contudo, o rapaz arrastou-me para o sofá e obrigou-me a encará-lo. Retirei o casaco dos ombros e pousei-o ao lado da mochila, que anteriormente tinha encostado às largas almofadas.

WORN JEANSOnde histórias criam vida. Descubra agora