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Nalla narrando.

Eu acordei com os olhos vermelhos.

A noite anterior havia sido longa.

Choro e dor.

E a mensagem que me deixou sem palavras.

Eu me levantei.

Meu corpo pesava.

Meu coração também.

Eu fui ao banheiro.

Lavei o rosto.

Tentei esconder as marcas do choro.

Mas os olhos vermelhos ainda traíam.

Eu me vesti.

Um moletom preto.

Comfortável.

E segui para a sala.

Meus pais já estavam lá.

Tomando café.

Conversando.

Eu me sentei.

Silenciosa.

Não tinha fome.

Não tinha vontade de falar.

Apenas queria sumir.

Desaparecer.

Mas eu sabia que não podia.

Eu precisava enfrentar.

A realidade.

A dor.

Eu peguei uma xícara de café.

E fingi estar bem.

Mas meus pais perceberam.

"Como você está, filha?".

Minha mãe perguntou.

Eu forcei um sorriso.

"Estou bem."

Menti.

Meu pai olhou para mim.

Com preocupação.

"Você não está bem."

Disse ele.

Eu sacudi a cabeça.

"Estou, sim."

Insisti.

Mas eles sabiam.

Eles sempre sabiam.

Quando eu estava mentindo.

Eu terminei o café.

Subi para o meu quarto.

Vesti minha roupa de surf.

Peguei minha prancha.

A praia era o meu conforto.

O meu refúgio.

Eu precisava do mar.

Do vento.

Do sol.

Eu sai do meu quarto.

E fui direto para a praia.

Sem olhar para trás.

Sem pensar em nada.

Apenas eu e o mar.

Eu cheguei à praia.

E respirei fundo.

O ar salgado.

O som das ondas.

Eu senti paz.

Eu enfiei minha prancha na areia.

E entrei no mar.

O frio da água.

Me acalmou.

Me renovou.

Eu comecei a surfar.

E me perdi no ritmo das ondas.

No meu próprio mundo.

Onde nada mais importava.

Por céus e mares - Pedro bala 💙Onde histórias criam vida. Descubra agora