Retrato

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Pov Natália Rosa

A manhã havia passado rápido demais. Reuniões me prenderam em minha sala, minha mesa parecia uma bagunça por conter tantos papéis, minha cabeça doía e ainda havia centenas de coisas para fazer. Pedi meu almoço em um restaurante próximo e comi enquanto lia cláusulas e mais cláusulas contratuais. Olhei para meu relógio de pulso e marcava duas e trinta e cinco da tarde em ponto. Suspirei pesado levando as mãos sobre meus cabelos, ajeitando as mechas todas para trás. Precisava sair mas me faltava coragem. Depois de alguns minutos olhando para um canto específico da sala, tomei coragem e levantei-me de minha mesa. Busquei por minha bolsa e por meu celular me direcionando em seguida para a porta de minha sala.

- Para onde você? - Ouvi assim que abri a porta levando um susto tremendo ao ver a imagem de Maria bem na minha frente.

- Porra, você me assustou! - Disse com a mão sobre o peito. - Estou indo para o café.

- Vai mesmo encontrar ela? - Perguntou preocupada.

- Sim. Tentarei o máximo possível não provoca-la e muito menos dá alguma brecha para iniciar uma briga. Já basta as palavras que ouvi ontem a noite. - Disse passando por Maria e caminhando até o elevador, onde apertei o botão. - Queria ir? Não! Tenho escolha? Também não! Mas eu juro, se essa mulher me tirar do sério, eu pulo em cima dela e nem é do jeito bom.

- Falando da boca pra fora é fácil né!

- Droga, eu sei! - Ouvi o bip do elevador e assim que as portas foram abertas, entrei no mesmo acompanhada de Maria.

- Qualquer coisa, você me liga que vou correndo. - Disse Maria me fazendo rir em seguida.

- E você faria o que? - Arquiei a sobrancelha vendo sua expressão pensativa.

- Te salvar? - Gargalhei baixinho e concordei com a cabeça.

- Você sempre me salva! - Confessei.

- Sem melancolia, Natália! Por favor. - Levantei minhas mãos em rendição e fiquei em silêncio vendo a mesma manter uma postura séria e que de séria, não tinha nada. - Boa sorte com a toda poderosa!

- Você bem que poderia ir comigo!

- E estragar o clima? Jamais! - A olhei sem entender. - O que? Vocês tem questões a serem resolvidas Natália e mesmo que ela não queira tocar no assunto, vocês precisam conversar sobre. Não dá para fingir que nada aconteceu, pelo contrário, muita coisa aconteceu e por não quererem resolver, acabou formando essa bola de neve entre vocês. - Olhei para meus pés pensativa com as palavras de minha amiga. Inspirei fundo e concordei com a cabeça. - Se ela não quer resolver as questões dela, o problema não é seu. Apenas tente resolver as suas, porque eu sei a culpa que você carrega com tudo isso.

- Tudo isso me sufoca, Ma. - Confessei mais uma vez. - Não era para ser assim. Construímos uma rivalidade que sabemos muito que bem que não é pela empresa mas sim, por motivos pessoais da vida. - Olhei para o relógio novamente faltando poucos minutos para as três da tarde. - Eu vou indo. Qualquer coisa, me ligue ou me mande mensagem. Estarei por perto! - Disse dando um beijo no rosto de minha amiga e me afastando em seguida.

- Não se matem, por favor! - Disse alto me fazendo concordar com a cabeça.

- Só se for de outra coisa! - Sussurrei ao virar meu rosto para que apenas Maria entendesse. Ela rio, negando com a cabeça.

Ao sair da empresa, adentrei em minha Porsche preta e dirigi nervosa pelas cidades de Nova York. Chegando no café, fechei meus olhos por alguns minutos inspirando e expirando lentamente, buscando por qualquer calma perdida sobre mim. Busquei por minha bolsa no banco de trás e após longos segundos, sai do veículo caminhando em passos largos para dentro da cafeteria.

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