Saudade

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Deitei em minha cama e me aninhei nos meus diversos travesseiros e cobertores. A noite estava fria então sempre é bom se aquecer com tecidos quentinhos. Levei meu chá aos meus lábios me deliciando do líquido quente que me fez suspirar em satisfação. Liguei a TV do quarto, procurei por algum filme de capa aparentemente chamativa e coloquei para rodar. Minutos depois, senti o vibrado de meu celular e o procurei pelos lençóis. Ao acha-lo, vi sobre a tela o "número desconhecido" e franzi o cenho. Dificilmente atendo ligações durante a noite e muito menos de um número desconhecido mas minha intuição gritava para que eu atendesse de vez a chamada.

- Alô? - Disse levando novamente a caneca de chá aos lábios.

- Natália Rosa? É vo-você? - Uma voz arrastada soou na ligação. - A rainha do império... Como é mesmo o nome?

- Quem está falando? - Franzi o cenho ouvindo uma risada já conhecida por mim. - Sofia, é você?

- Não, é o Mickey Mouse. - Respondeu gargalhando novamente.

- Você bebeu? - Perguntei preocupada.

- Não. - Ficou em silêncio e esperei impacientemente algum sinal de vida do outro lado da linha. - Não sei onde estacionei meu carro Natália!

- Você está sozinha? - Perguntei levantando de minha cama.

- Até alguns minutos não. - Disse. - Acho que me perdi das meninas.

- Onde você está? - Perguntei alcançando a chave da Posche, logo saindo do quarto em passos apressados.

- Eu não sei.

- Por Deus Sofia, como você não sabe onde está? - Desci rapidamente as escadas e assim que sai da minha casa, entrei em meu carro ligando o mesmo em seguida. - Tente lembrar, por favor.

- OAK - Respondeu pausadamente.

- Eu estou indo buscar você, por favor, fique onde eu possa te encontrar, não saia dai Sofia! - Pedi arrancando com o carro da vaga de estacionamento.

- Sim chefa! - Neguei com a cabeça desligando a ligação e jogando o celular no banco do passageiro. Dirigi a mais de 80km pelas ruas de Nova York e tenho certeza que ao menos cinco multas estariam em meu nome. Ao chegar em frente a balada de OAK, desci do veículo sentindo o vento gelado bater em meu rosto fazendo com que arrepios percorressem por minha pele. Caminhei em passos apressados até a entrada da balada, avistei alguns seguranças do lado de fora e me aproximei.

- Boa noite, ainda há ingressos para entrar? - Perguntei sendo analisada por um dos seguranças de cima a baixo. - Não irei ficar por muito tempo, vim apenas buscar uma amiga.

- Você não pode entrar assim. - Respondeu apontado para a minha roupa.

- Droga, droga. - Praguejei levando minha mão até o bolso da calça moletom, puxando meu celular do tecido. - Anda Sofia, atende!

- Natália Rosa!

- Graças a Deus! - Exclamei aliviada ao ver Sofia sair de dentro do lugar acompanhada por uma mulher de cabelos ruivos.

- Você é Natália Rosa? - Perguntou a mulher e prontamente afirmei com a cabeça. - Ela pediu para trazê-la para porta porque uma pessoa chamada Natália Rosa viria busca-la.

- Muito obrigada! - Agradeci vendo Sofia cambalear em seus próprios pés mas antes de cair, segurei a mais nova em meus braços fazendo com que nossos rostos ficassem a poucos centímetros de distância. - Vem, vamos para casa.

- Vo-você nem sabe onde moro. - Disse afastando seu corpo do meu. - Eu também não sei onde moro... Será se tenho casa? - Se fosse em outros momentos, isso com toda certeza seria engraçado mas pela ocasião em que nos encontrávamos, era extremamente preocupante.

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