Capítulo 3

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Heitor sequer queria estar ali, preferia mil vezes fazer o treinamento mais pesado de seu general. No entanto, foi praticamente obrigado a estar ali.

"Nossa estrela precisa ser reconhecida e ter uma amada!" Foi com essa frase que praticamente o ameaçaram de morte.

Chegou cedo e esperava encontrar quase ninguém, assim poderia dizer que havia ido e ir embora o quanto antes, mas para sua própria tristeza, pelo menos 30 pessoas já andavam e conversavam pelo salão. Se perguntou se aquilo era tradição ou desespero para que os filhos se casassem e saíssem de casa.

Pegou uma das taças que lhe foram oferecidas e bebeu seu líquido de uma vez só, era uma bebida muito saborosa e bem conhecida por todos. Havia ouvido muito sobre aquele drinque feito dos cajus que eram plantados e colhidos em Marisol. E concordava com as histórias, era o melhor que existia.

Heitor estava vestindo pela primeira vez o uniforme social de capitão do exército, estava elegante como nunca esteve e isso o rendeu alguns olhares e sorrisos tímidos. Porém não esperava nenhuma resposta positiva, caso se interessasse por alguma jovem, afinal sua cicatriz no olho direito sempre o deixava desconfortável e acreditava que isso afastava qualquer moça.

Então, ele estava ali somente para aproveitar da boa comida e bebida, além de ouvir uma ótima música.

Observava todos conversando animadamente, e até alguns nervosos, enquanto ficava na área do silêncio, aquele lugar era seguro e ali ficaria até sentir que já era hora de ir embora.

— Heitor, por que você não vai para o salão principal? Vai conversar com alguma dama. — disse Samuel, o General do Exército e um de seus amigos próximos.

Ficou indignado quando viu Heitor ali parado. O homem tinha o capitão como um filho, já que seu único herdeiro havia sido morto em meio a uma emboscada e quando conheceu Heitor isso aquietou uma dor que queria o consumir, assim como fez com sua esposa.

— General? — Arregalou os olhos e bateu continência para ele.

— Para com isso, Heitor. Não estamos em trabalho, estou aqui hoje como seu responsável e é de minha ossada não deixar você se envergonhar ou afastar uma moça e muito menos permitir que vá embora como se fosse um fugitivo da lei.

— Eu não faria nada disso, não vê o quanto estou bonito com essa roupa? Ou como sei muito bem diferenciar atitudes normais e anormais. E obviamente não iria embora igual a um criminoso, iria apenas bêbado mesmo.

— Muito engraçado você, mas me diga o que faz aqui tão afastado? — Olhou para o salão.

— Sabemos que vir era só uma tentativa de promover o exército. "Olha como criamos bem esse homem." — Fez aspas com as mãos.

— Você sabe que nunca foi isso, eu quem dei as ordens. E se estiver levando dessa forma, então ao menos divirta-se. Converse com algumas moças ou conheça alguns nobres, eles sempre podem ser ótimos aliados.

— Mas...

— Me ouça como se eu fosse seu pai, Heitor. Se isso não for o suficiente, ouça como se fosse uma ordem minha como General e vá se divertir um pouco. — Apontou para o rosto dele. — Estou voltando para o meu lugar nessa festa, caso eu não te veja em 10 minutos junto dos outros ou nesse mesmo canto conversando com alguém, — desceu o dedo até o peitoral dele — pode se despedir desse traje.

Samuel foi embora e deixou um Heitor inconformado para trás, porém ele atendeu o pedido, ou melhor ordem, não queria correr o risco de perder tudo, assim pegou mais uma taça com o drink de caju e foi para o salão.

Ali havia ainda mais pessoas, todos conversavam em seus grupos já formados. Olhou para todos os lados procurando por alguém mais solitário que ele, no entanto o que encontrou foi mais que uma fuga.

Viu uma jovem de cabelo castanho, pele cor do mais belo crepúsculo próximo do sol surgir, um vestido que combinava perfeitamente com tudo e que sorriso mais lindo. Ele sentiu o coração acelerar e não conseguiu segurar o impulso de ir até ela.

Com passos largos, ele praticamente atravessou aquele salão como se não houvesse mais ninguém além deles dois. Não sabia o que falar com ela, então ficou a observando, percebeu que a moça não conseguia parar de sorrir e muito menos sabia o que fazer ou falar.

— Gostaria de algo?

Uma voz surgiu em seu ouvido, assim seus olhos procuraram pela pessoa que havia falado, percebeu que era o filho mais novo da família Campos. Sua atenção voltou para a jovem quando ela gesticulou para que ele fosse embora.

— Gostaria de conversar um pouco? Podemos continuar no salão, mas sei de um lugar mais calmo, caso prefira. — Estava nervoso.

— Eu aceito. — Sentia uma timidez subir por seu peito.

Assim eles foram. Heitor a levou para o lugar onde estava anteriormente. Enquanto isso, Nicolas ficou sozinho olhando os dois se afastarem, sentiu um embrulho no estômago, sentiu uma tristeza descomunal. De repente aquele salão parecia grande demais, imponente demais, quis ir atrás deles dois, porém sabia que seria uma falta de respeito com toda a festa e principalmente, seu pai o mataria se ele fizesse qualquer coisa que sujasse nem que fosse um pouco o nome da família Campos.

Assim se conteve.

Tomou mais um pouco da bebida e ajeitou a postura, ainda teria o que desejava. Conhecia bem os caminhos para chegar ao coração de Íris e quando ele queria algo, ele conseguia. Foi ensinado a perseverar em seus objetivos e sua meta, desde que se separou de Íris, quando jovem, foi que a encontraria novamente e principalmente, não se afastaria outra vez.

Nicolas amava a amiga e se esforçou o máximo que pôde para conseguir se tornar um homem respeitoso que era confiável e que teria a aprovação de qualquer pai e mãe quando quisesse se casar. E por isso sempre que podia enviava presentes para a casa da família Santos. Já tinha o carinho de Hugo e Elaine, só faltava conquistar quem estava ainda mais próximo de Íris, que no caso seriam as gêmeas.

Ele tinha convicção que conseguiria se casar com a mulher de seus sonhos, aquela pela qual ele esperou por anos. Íris Loraine Santos. A moça mais bonita de todo o Reino de Marisol.

INFINITY: O Primeiro Olhar da AlmaOnde histórias criam vida. Descubra agora