INFINITY: O Primeiro Olhar da Alma

Capítulo 4

Risadas sem jeito e olhares envergonhados.

Eles estavam ansiosos para conversar, no entanto, a timidez era a melhor amiga naquele momento. Quando finalmente se entreolharam novamente, pareceu que o mundo havia parado para observar aquele amor à primeira vista. A música silenciou, as pessoas desapareceram e apenas aquela sensação boa pousava o peito de ambos.

— Me desculpe a indelicadeza, mas qual o seu nome?

De fato era algo indelicado, se ela estava naquela festa, naquele dia, era evidente que era uma filha de algum nobre, porém ele desconhecia aquele rosto, risada, pele e voz. E tinha certeza que se conhecesse não esqueceria jamais.

— Sou Íris Lorraine Santos, também não lhe reconheço, meu caro soldado.

Por mais que a sociedade deixasse as portas abertas para qualquer pessoa servir ao exército, existiam pessoas que preferiam não enviar todos seus filhos ou filhas, na casa dos Santos, por exemplo, a única filha a seguir esse caminho foi Beatriz, enquanto que Bianca e Íris foram deixadas para continuar a linhagem de seus pais e fortalecer a família. Então, a jovem não sabia absolutamente nada sobre as classes e muito menos que os trajes mudavam a cada patamar.

— Me chamo Heitor Carvalho, sou o mais novo capitão da equipe de combate de nosso reino.

— Capitão? Parece algo importante — disse animada.

— Sim, é.

Heitor estava completamente encantado por Íris, além de finalmente baixar a guarda para conversar com alguém que não fosse sua mãe ou Samuel. Se sentia bobo ao ver o sorriso envergonhado dela, ao mesmo passo que parecia que teria o peito destruído por causa das batidas aceleradas e fortes do próprio coração. Parecia que todo seu corpo estava ansioso por aquele momento que ele sequer sabia que era possível acontecer.

Enquanto o observava, Íris notou a cicatriz que ele tentava esconder de seu rosto. O cabelo castanho estava grande e penteado de forma que praticamente cobria todo o lado direito de sua face, porém notou o tom amarronzado e a profundidade diferente de todo o resto da pele. Sentiu um aperto no coração e quis chorar, porém não faria isso na frente dele, afinal era o homem perfeito. Mas, não controlou a mão, em menos de segundos ela estava afastando os fios do local e viu com exatidão a marca.

Entretanto, quando finalmente criou coragem para perguntar como ele havia se machucado. Sua irmã chegou eufórica a chamando. Nicolas a informou sobre o homem estranho, que ele sentia que conhecia, mas que não confiava em nada, olhou Íris e a chamou para um canto afastado do salão. Ambos sentiram vontade de se esconder por causa da vergonha, parecia que eles haviam sido pegos em flagrante cometendo algum crime. Heitor até tentou se explicar, porém assim que chegou, Bianca levou a irmã quase voando.

Nicolas analisava o homem de longe, sentia que já havia o visto, porém aquele cabelo dificultava tudo, afinal a pessoa que ele lembrava cultivava um corte menor, por causa do exército. Mas, mesmo tentando recordar aquele rosto, ele não parava de notar o quão feliz Íris estava, nunca a viu daquela forma tão despreocupada com tudo e olhando fixamente para alguém.

Ele conseguia se ver naquele olhar apaixonado e fixado, era exatamente assim que ficava quando estava perto da amiga, achava hilário o fato de todos perceberem, desde o momento em que sentiu isso pela primeira vez, e sua amada não. Até Beatriz já havia notado e ela quase nunca estava junto deles. Até depois que começou a estar dentro da sociedade, que passou a conhecer mais pessoas, seus pensamentos sempre voltavam para a jovem de olhos castanhos tão impenetráveis.

Estava sentindo inveja daquele homem, por receber os olhares que sempre desejou de sua amada.

{...}

— Por que me tirou de lá dessa forma?