Passado algum tempo após o confronto entre os gêmeos, Erebos e Antares se encontraram em uma nova rotina de treinamentos árduos, com uma determinação renovada. A noite caía sobre a Academia, e o ar estava impregnado com a fragrância das folhas molhadas após uma leve chuva. Os dois estavam sentados sob a sombra de uma árvore, discutindo as observações que fizeram sobre seus próprios poderes.
Antares fitou o céu e murmurou, com o olhar pensativo: "Seria isso o que chamam de Ílithar, a verdadeira essência do poder, escondida dentro de nós?"
Erebos franziu a testa, absorvendo o pensamento de seu irmão. "Se for o caso," respondeu ele, com um ar determinado, "então ainda temos um longo caminho a percorrer para tocar as profundezas do Sûlgarth — a força do espírito."
Nesse momento, uma figura familiar surgiu entre as sombras. Era Sylvia, que tinha testemunhado o duelo dos gêmeos anteriormente. Com um leve sorriso, ela se aproximou e, em tom sério, lhes disse: "Vocês começaram a entender as camadas do Atherûn. Mas cuidado, o que vocês viram até agora é apenas uma centelha do que ele realmente pode fazer."
Antares e Erebos trocaram olhares determinados, sabendo que as palavras de Sylvia continham uma verdade que precisavam desvendar.
Antares, reclinado sob a sombra de uma árvore, com Sylvia e Erebos ao seu lado, quebrou o silêncio. Seus olhos fixaram-se no céu por um instante antes de voltar-se para o irmão:
— "E aqueles thordal... os relâmpagos que você conjurou na arena? Como fez aquilo?"
Erebos franziu a testa, confuso.
— "Relâmpagos?" — ele perguntou, balançando a cabeça lentamente. — "Não sei do que está falando. No duelo, só lembro que estava... extremamente concentrado. Era como se o tempo tivesse desacelerado, como se cada detalhe ao meu redor estivesse ao meu alcance. De repente, senti que podia fazer qualquer coisa naquele instante, mas não lembro de relâmpagos."
Sylvia, que observava os dois com um olhar sereno, falou calmamente:
— "Eu já senti algo parecido, mas foi diferente. Não foi como uma sensação de poder absoluto... foi como... onisciência. Era como se, por um breve momento, eu entendesse tudo ao meu redor, até o que parecia impossível de compreender."
Erebos inclinou a cabeça para trás, fechando os olhos. A brisa suave agitava seus cabelos, e ele parecia mergulhar em pensamentos profundos. Após um longo silêncio, murmurou:
— "O Aether... o que ele realmente é? Uma energia? Uma onda? Ou talvez seja tudo isso e mais... Talvez seja a causa e o efeito, entrelaçados. Porque, afinal, o efeito não existe sem a causa. E tudo o que pensamos saber sobre ele... talvez seja apenas a superfície. Ou talvez... não saibamos absolutamente nada."
As palavras de Erebos pairaram no ar como o eco de uma verdade maior, carregadas de uma melancolia que ressoava em seus corações. Sylvia e Antares trocaram olhares, cada um perdido em reflexões sobre o poder insondável do Aether e os mistérios que ele ainda guardava. A sombra da árvore parecia envolver os três, como se guardasse aquele momento de contemplação, longe das batalhas e dos desafios do mundo.
Sylvia observava os dois irmãos em silêncio. Havia algo na forma como Antares e Erebos falavam sobre o Aether que fazia seu coração pesar. Ela sabia que ambos estavam destinados a grandes feitos, mas aquele destino parecia um fardo tão pesado quanto as espadas que muitos heróis já haviam empunhado no passado.
Depois de um longo momento, ela quebrou o silêncio:
— "Vocês dois já consideraram que o Aether talvez não seja algo para ser entendido completamente? Talvez ele seja como o vento: sentimos sua presença, vemos seu impacto, mas jamais o seguramos em nossas mãos."
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Aerthia
FantasyNa antiga terra de Aetheria, um mundo onde o poder do Aether flui como sangue nas veias de seus habitantes, dois gêmeos nascem em um evento profetizado como um milagre: Erebos, senhor da Escuridão, e Antares, herdeiro da Luz. Enquanto Erebos luta pa...