Herdeira proibida - Livro 1

-006- Fuga

Avaliei tudo que tinha dentro do envelope, além da carta, um pequeno celular, tinha um cartão com outro nome e documentos humanos que tinham a minha foto mas com o nome: Lívia Straus.

Não foram muito criativos, franzi a testa em desaprovação, mas não importa, eu tinha documentos novos e dinheiro, eu peguei minha mochila de acampamento e a arrumei o mais rápido possível, tinha que sair de lá antes do meu irmão chegar.

Meti os documentos na minha carteira, com o cartão e a grana em espécie que eu mesma tinha guardado e na minha bolsa botei o envelope com tudo que tinha dentro, botei também roupas de calor e uma de frio, uma jaqueta jeans, um par de tênis, boné e óculos, eu ia ter que mudar meu visual e a roupa que eu levava não me importava no momento.

Será que era o certo a se fazer?
E se eu me arrepender?
Eu não poderia voltar depois de me tornar um Lican!
Eles iam me odiar, ou até me matar, eu me tornando o que eles mais odiavam, mas eu não seria igual, eu não me juntaria a eles, eu estaria com os humanos era diferente.

Foi isso que eu fiz, peguei o chip que estava no envelope e coloquei no celular pequeno que também estava no envelope, liguei o celular e tinha 2 contatos já salvos na lista.
Liguei para o primeiro, não atendeu.
Liguei para o segundo, que me atendeu no primeiro toque.

—Nossa eu achei que você nunca iria me ligar! - a voz do outro lado era de uma senhora, ela me deu um endereço e uma rota de fuga segura.

A senhora me explicou que minha casa tinha um alçapão escondido, onde minha mãe sempre saia da matilha para se aventurar no mundo humano quando era jovem. Quando eu soube disso fiquei incrédula.

Imediatamente fui atrás desse alçapão.
E onde eu nunca poderia imaginar, eu encontrei.

Era no balcão da cozinha, só levantar o tampo da ilha que revelava uma pequena porta que dava para uma escada estreita e escura, peguei uma lanterna na gaveta da cozinha e entrei, estava com medo e ódio de ainda não ter encontrado minha loba, meus sentidos ainda eram ridículos em comparação com as que eu teria como a achasse e minha força também ainda não era das melhores, se eu encontrar algo perigoso ali embaixo eu estaria perdida.

Entrei com medo mais confiante, fechei a entrada para não ser encontrada.
Desci a escada e cheguei a um corredor comprido único, fui andando até chegar em um ponto que sentia cheiro de água, andei mais até encontrar um riacho, um riacho debaixo da terra, como ia passar por ele?

A outra passagem estava do outro lado, foquei a lanterna para várias direções até ver um caminho de pedras que funcionava como uma pequena ponte, corri até lá empolgada porém
desconfiada demais, estava dando tudo certo e isso não era normal pra mim.

Após algumas boas horas andando, encontrei outra escada dessa vez subindo, meu medo de abrir e ter alguma coisa ruim me esperando tomou conta de mim, respirei fundo e fui.

Ao abrir vi algo lindo, luzes de todas as cores, uma cidade linda me aguardando, desci uma espécie de barranco de pedras e cheguei a uma estrada próxima, eu não conhecia nada então tinha que ser rápida para tentar achar o endereço.
Do nada, um carro parou ao meu lado, era um fusca 69 Bege, com uma senhorinha no volante.

- Olá! Você é Lívia Straus? - ela me chamou pelo meu nome que eu acabei de conhecer.
- Eu? Éhhh... sim, sou eu sim!
- Venha criança, é perigoso você ficar aqui sozinha!