amor e recomeço

Dor e solidão

Lando estava sozinho em seu quarto de hotel, perdido em pensamentos sobre a corrida — sua segunda corrida do ano e seu segundo desapontamento. Ele havia largado da P10 e cruzado a linha de chegada em P20, enquanto seu companheiro de equipe chegava em P4, conquistando uma ótima colocação para a equipe. Após a corrida, Lando se sentiu mal e não compareceu às entrevistas daquele dia. Para ser sincero, ele já havia acordado se sentindo péssimo, com febre alta, dores por todo o corpo e a visão mais embaçada do que qualquer outra coisa.

Ele sabia que deveria ter ficado fora daquela corrida, mas não pôde. Decidiu correr, o que resultou em um P20 e várias punições por erros seus, além de um quase acidente com Zhou.

Lando se mexeu na cama e sentiu a dor aumentar. Fechou os olhos, e uma pequena lágrima escorreu pelo seu rosto. Ele se lembrou do momento que teve com Oscar minutos atrás. Após a corrida, Oscar decidiu comemorar com ele de uma forma mais intensa e íntima. Lando até tentou dizer não, mas as palavras ficaram presas na garganta; o medo de ser ignorado, de perder Oscar, era maior do que a dor física.

Ele esperava que, após a relação, Oscar ficasse ao seu lado, cuidando dele como havia feito na semana passada. Mas a realidade foi diferente: Oscar apenas se limpou e saiu do quarto, deixando Lando ali, sozinho e sofrendo, não apenas pela relação que acabara de ter, mas também pelo mal-estar que o acompanhava desde cedo e pelas complicações enfrentadas no cockpit.

Lando tentou levantar da cama, mas suas pernas estavam fracas. A fraqueza o fez cair antes mesmo de chegar à porta do banheiro.

— Merda, Lando... — pequenas lágrimas escorriam pelo seu rosto. — O que você está fazendo da sua vida? Você está perdendo tudo... tudo de novo.

Lando ainda estava no chão, apoiado contra a cama, quando ouviu batidas na porta. A dor em seu corpo tornava difícil até mesmo pensar em se levantar.

— Lando, é o Carlos Sainz. Eu sei que a gente não se fala há um tempo, sei o que a gente passou e que o que eu fiz te afastou, mas eu tô preocupado com você. Eu notei que você estava péssimo durante a corrida, você levou diversas punições e três pontos na carteira. Eu só queria saber se está bem ou se precisa conversar.

Ele hesitou por um momento; as lembranças de seu passado juntos inundaram sua mente, desde as noites em que riam e se divertiam, até o momento em que tudo mudou com a chegada de Charles. Mas naquele momento, ele sabia que precisava de ajuda, mal tinha forças para se levantar sozinho do chão.

— Entre e feche a porta.

— O que aconteceu com você? — Carlos perguntou, a preocupação evidente em seu tom de voz.

— Eu não estou me sentindo bem, Carlos… — Lando falou, tentando controlar sua voz embargada pelo choro. — Meu corpo todo dói, eu fui um desastre na corrida, e o Oscar simplesmente me trata como um prato de comida em um restaurante chique, que você come e deixa na mesa para que alguém retire as sujeiras.

— O Oscar? Foi ele que fez isso com você? — Carlos falou, ajudando Lando a levantar do chão e guiando-o até o banheiro.

— Eu não deveria ter falado dele… Carlos, por favor, não fala disso com ninguém — Lando disse, desesperado, passando a mão pelo rosto. — Parece que eu tenho um péssimo gosto para homens. — Ele sorriu envergonhado.

— Ei, eu não fui tão ruim assim — Carlos sorriu e ligou o chuveiro. Ele abraçou a cintura de Lando apenas com uma mão, sendo o suficiente para mantê-lo de pé embaixo da água. — Eu nunca te deixei sozinho em momentos assim; sempre fui muito gentil e amoroso depois de te foder.

— Sempre mesmo… menos quando saía com o Charles. — Lando abaixou a cabeça, brincando com os dedos. — Acho que a gente nunca teve essa conversa depois que você me traiu com ele.