Me encaro no espelho e termino de abotoar a camisa preta com uma certa dificuldade, já se passaram alguns dias da minha última missão, mas dessa vez acho que exagerei. Haviam alguns hematomas em meus braços e meus dedos estavam doloridos por conta da força que usei.
Mais um dia comum vem pela frente. Arrumar a casa, tomar café, alimentar os gatos e os cães, organizar roupas e ir até a cidade comprar o que falta para a semana.
Planejamento simples, sem estresse e sem distrações.Seria se não fosse pelos latidos dos cães avisando que tinha alguém na minha propriedade, o som dos carros se aproximando me deixam um pouco receoso, eu não havia contado a ninguém a localização da minha casa e não tinha como alguém ter me seguido até aqui, eu teria percebido.
Isso não é um bom sinal, nunca é.
Caminho até a porta da frente e a abro devagar, como imaginei, não era mesmo apenas um carro, eram três carros pretos e muito provavelmente blindados. Os motores são desligados e as portas se abrem, revelando homens altos e um porte físico de assustar qualquer um, em seguida sai a pessoa que eu não queria ver tão cedo na minha vida.
É a porra do Gabriele Giacomo, o chefe da máfia italiana mais respeitada não só na Europa inteira como na Ásia e nas Américas.
Como esse desgraçado descobriu onde eu moro? Quem o contou? Como chegou até aqui sem que eu percebesse? Como...
- Ciao¹, Matteo.
Não o respondo de primeira, fico encarando ele incrédulo, tentando saber onde foi que eu errei, onde eu baixei a guarda.
- não é muito educado de sua parte ignorar um cumprimento.
- bom dia Gabriele - minha voz soa num tom calmo - o que o traz em minha residência?Ele se aproxima e para em minha frente, nossa diferença de altura não era lá aquelas coisas mas ainda assim ele tinha que levantar a cabeça para me olhar nos olhos. Maldito italiano nanico!
- podemos entrar para ter uma conversa?
Encaro seus guardas e franzi o cenho, nenhum deles se moveu para o acompanhar dentro da minha casa. Eles achamque eu não sou louco de matar esse homem aqui mesmo. Estão enganados. Eu sou louco.
- claro, fique a vontade.
Abro mais a porta e dou espaço para ele entrar, o que não demora a fazer. Seus olhos curiosos mas debochados percorrem as paredes com fotos e algumas pinturas penduradas, fecho a porta e passo por ele indo para a cozinha, por sorte meu café estava pronto e imfelizmente terei que dividir com o meio-metro na minha sala de estar.
Ele parecia curioso com as fotos que via, fotos antigas de quando eu ainda servia o exército, fotos de antes de eu virar o monstro que sou hoje.
- quem é essa mulher na foto com você? Sua mãe?
- não tenho fotos com minha mãe
- madrasta? Tia, prima...Ignoro sua curiosidade com a minha vida particular e deixo as xícaras na mesa junto com a garrafa de café, me sento e ele me olha esperando uma resposta que não virá, se dando por vencido e indo se sentar junto a mim. Sirvo o café nas xícaras e ficamos nos encarando por um tempo, provavelmente tentando descobrir o que se passa na mente do outro.
Gabriele é um homem cruel, a vida inteira foi. Sei disso pois já trabalhei para ele em diversos serviços sujos, e ele não mede esforços quando se trata de conseguir o que ele quer e quando quer.
Um homem sujo que não poupa a vida de ninguém, nem mesmo de quem é da "família".- Matteo, preciso de seus serviços.
Ele finalmente diz, levando a xícara até os lábios, experimentando o café. Suas palavras ecoam em minha mente, me fazendo lembrar de todas as outras vezes que ele me disse essa mesma frase, com o mesmo propósito: tirar algo ou alguém de seu caminho.
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ᴀᴛʀᴀᴄ̧ᴀ̃ᴏ ᴍᴏʀᴛᴀʟ - Livro I
AcciónMatteo Spessatto é um homem comum. Apenas mais um ex-militar que resolveu seguir sua vida morando no campo, afastado da bagunça da cidade grande e seus problemas. No caso, é o que ele quer que imagine. Há doze anos, Matteo usa suas habilidades como...