**DO ÓDIO AO AMOR**

02

Estávamos todos jantando, e a refeição preparada por Jin estava deliciosa, perfeita para aquecer o corpo no frio cortante da noite. O clima estava tão gelado que me perguntei por que aceitei o pedido insistente do Jungkook para vir. Essa viagem não era para acontecer, pelo menos não para mim. Primeiro, meu carro deu problemas inesperados; depois, acabei sendo empurrado para compartilhar a viagem com o insuportável Hoseok. E agora, como se o universo quisesse me torturar ainda mais, estou dividindo o mesmo quarto que ele. É muito azar.

Depois de um jantar animado, onde as risadas ecoavam pela sala, alguns se levantaram para arrumar a cozinha, enquanto outros decidiram explorar as redondezas cobertas de neve. Eu optei por ficar na varanda, observando o grupo lá fora. As luzes do chalé refletiam nos flocos de neve que caíam suavemente, criando um cenário quase mágico. Liguei meu celular e coloquei uma música tranquila; o jazz flutuava no ar como um abraço morno em meio ao frio.

Enquanto observava cada pessoa ali, percebi que tenho uma boa relação com todos, mas não posso chamar de amigos aqueles que não compartilham do meu coração. Jungkook e Jimin são os únicos que realmente considero meus amigos. Já com Hoseok e Na Rin a situação é diferente; nunca conseguimos nos entender e essa viagem não está ajudando em nada a melhorar isso.

O tempo foi passando lentamente e o frio aumentava a cada momento. O som da neve sob os pés deles misturava-se com a música suave que saía do meu celular. Aquelas risadas e brincadeiras pareciam tão distantes da minha realidade interna. Quando percebi que as horas haviam se passado e a temperatura só piorava, decidi que era hora de me refugiar no quarto e tentar dormir.

Entrei no quarto e logo percebi que a temperatura era acolhedora, um contraste marcante com o frio intenso que dominava lá fora. Meu olhar se fixou no beliche, especialmente na cama de cima. A ideia de dormir ali me deixava inquieto; não queria ter Hoseok tão perto de mim. Um bocejo involuntário escapuliu dos meus lábios, e acabei me deixando cair na cama de baixo, esperando que ele não viesse com suas provocações habituais.

Tirei os fones de ouvido e deixei meu celular em cima da mesa perto da cama. Levantei o edredom e me acomodei, mesmo sabendo que a cama era tudo menos confortável. A sensação de descanso começou a tomar conta de mim, e logo adormeci, envolta pelo silêncio do quarto.

De repente, um toque suave no meu ombro me fez acordar abruptamente. Abri os olhos rapidamente e vi Hoseok com um sorriso travesso no rosto.

— Ei, — disse ele, com um tom que misturava brincadeira e desprezo — Vai para a sua cama.

Ainda sonolento, levantei-me com dificuldade. O olhar para a outra cama me fez sentir uma pontada de ansiedade. Subi e me deitei lá, mas algo estava errado; a cama parecia balançar sob mim. Um frio na barriga cresceu enquanto eu tentava entender o que estava acontecendo. O barulho da porta do banheiro se abrindo apenas aumentou meu desconforto.

Tentando me acomodar melhor, ouvi um estalo alto vindo do beliche. Antes que eu pudesse reagir, o chão desapareceu sob mim e, num movimento descontrolado, caí em cima da outra cama. Um impacto forte fez minha cabeça rodar e uma dor aguda percorreu minhas costas. Soltei um gemido involuntário, misturando surpresa e dor.

— Que barulho foi esse? — ouvi Hoseok perguntar com curiosidade enquanto se aproximava. Quando chegou mais perto, seu sorriso se alargou ainda mais. — Não acredito! Como perdi essa cena!

Tentei me virar para encará-lo, mas a tontura só aumentou. Com o braço, toquei minhas costas onde a dor latejava intensamente.

— Eu deveria ter filmado isso? — Hoseok continuou a falar entre risadas, claramente se divertindo com minha desgraça.