Todos tinham ido para a pista de esqui e eu estava consumido por um ódio intenso, não só pela situação em si, mas pela frustração de não ter ido com eles. Enquanto eles se divertiam, eu me via preso aqui, lidando com essa dor incômoda que insistia em me acompanhar. Para piorar, tinha que aturar o insuportável do Hoseok. A expressão que ele fez ao sair do quarto falava mais do que mil palavras; eu podia sentir que ele estava pensando em coisas horríveis sobre mim, talvez até mesmo me julgando por não ter conseguido aproveitar a viagem.
Passei a andar de um lado para o outro pelo chalé, sentindo o desconforto da solidão e do silêncio pesado que pairava no ar. Cada passo parecia ecoar naquelas paredes, reforçando a sensação de desamparo. Cheguei à sala, onde o silêncio era quase opressivo. A luz fraca filtrava-se pelas cortinas, criando sombras dançantes que pareciam refletir meu estado de espírito.
Com um suspiro resignado, fui até a cozinha. A água da torneira escorria fresca enquanto eu tentava me reanimar com um gole. Minha barriga roncava baixinho, lembrando-me de que eu não tinha comido praticamente nada no café da manhã devido à confusão emocional. Olhei para a despensa e percebi que só sabia fazer uma coisa: lámen. Uma refeição simples, mas reconfortante.
Encontrei uma vasilha e coloquei água nela, ligando o fogão enquanto esperava que a água começasse a ferver. O cheiro do metal aquecido e o som da água borbulhando eram quase medidativos, uma pequena distração em meio ao turbilhão de pensamentos que me assolavam. Mas quando finalmente a água começou a ferver e eu desliguei o fogo, algo fez meu coração parar por um instante.
Ao me virar para levar a vasilha até o balcão, encontrei-me estático diante de uma grande aranha preta no chão. Seus olhos brilhantes pareciam fixos em mim, como se estivesse avaliando minha presença ali. Um frio percorreu minha espinha; eu nunca fui fã de aranhas e aquela parecia maior do que qualquer outra que já tinha visto. O pânico tomou conta de mim por um momento — eu estava sozinho neste chalé isolado, lidando com meus próprios demônios e agora isso?
A imagem da aranha se misturou com a frustração acumulada dentro de mim e, por um breve instante, pensei em como tudo parecia tão injusto. Como poderia estar tão sozinho em meio a essa confusão? Respirei fundo, tentando reunir coragem para enfrentar aquela criatura indesejada, enquanto as memórias dos risos dos meus amigos na pista de esqui ecoavam em minha mente.
— Ahh! — gritei, paralisado — Hoseok, Hoseok, onde você está? Me ajude, por favor! — meu desespero ecoava pela casa.
As lágrimas escorriam pelo meu rosto enquanto o medo me consumia. Tremendo, afastei-me lentamente e coloquei a vasilha com água de volta no fogão. A aranha estava lá, imóvel, como se estivesse me observando com seus olhos frios e brilhantes.
— Hoseok… — chamei novamente, a voz saindo quase como um sussurro. — Hoseok, socorro!
— O que é? Por que está gritando feito um louco? — Hoseok entrou pela porta com uma expressão de impaciência.
— Olha, olha aqui! — disse, apontando desesperadamente para o chão. Quando ele se aproximou e direcionou o olhar para o lugar que eu indicava...
— Ahhh! Uma aranha! Sai daí! — ele pulou para trás, o terror estampado em seu rosto. — Não se mexa, Taehyung! Não se mexa!
A aranha começou a se mover na minha direção, e num impulso desesperado, corri em direção a Hoseok, praticamente pulando em seus braços. Ele teve que se segurar na parede para não cairmos juntos.
— Ela foi embora? — perguntei entrecortando as palavras com tremores.
— Eu não sei! Se você me soltar, posso verificar. — Quando percebi que estava abraçando-o com força demais, rapidamente o soltei e o olhei com desconfiança.
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**DO ÓDIO AO AMOR**
FanfictionDo Ódio ao Amor, acompanhamos a história de dois jovens universitários, Hoseok e Taehyung que nutrem um intenso sentimento de aversão um pelo outro. Suas constantes provocações e troca de farpas são conhecidas por todos ao redor, criando um clima de...