Um

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Os raios de luz bateram contra o meu rosto e resmunguei mais uma vez levantando meu corpo e olhando a bagunça que estava na minha cama. No dia anterior, o treinador do Bruins me chamou para conversar em relação a nova temporada, ainda mais agora que Justin está fora como capitão, apenas me pediu para fazer alguns cartazes dos treinos para algumas pessoas participarem e para os testes do time, passei a noite buscando designs bons e fazendo para entregar na sexta feira. Me arrastei em direção ao banheiro para tomar um banho, por que eu escolho jornalismo esportivo mesmo? Me faço essa pergunta todas as vezes que eu escuto o treinador me chamar para fazer algo por aqueles brutamontes, ainda mais agora que Justin está uma pilha de nervos por conta de ter sido rebaixado pelo treinador por deixar os meninos executarem um plano meticuloso contra a Yale: Vestir a mascote com saia e sutiã. Vesti uma saia jeans, uma camiseta branca simples com alguns desenhos de flores rosas, meus all stars e estava ótimo, hoje seria um dia longo, então coloquei o necessário na minha bolsinha de emergência feminina, (dica de amiga, sempre tenham essa bolsinha com vocês, nunca se sabe), meus livros da faculdade e meu tablet. Fiz uma maquiagem simples, saindo do dormitório e descendo as escadas para a cozinha, vendo Alyssa fazendo suas panquecas experimentais com a playlist da Sabrina Carpenter, posso dizer que às vezes eu odeio morar com estadunidenses? Nada contra, mas a culinária me dá vontade de vomitar, ainda mais com o tanto de cheddar que usam em literalmente tudo, tenho sorte que minha avó sabe onde fica a conveniência com transportes do Brasil, se não minha imunidade teria ido para o lixo. Acho que não contei, mas sou metade, metade, vou ser mais específica. Meu pai, treinador de basquete do Chicago Bulls, brasileiro, minha mãe, contadora, americana, se conheceram na Bahia e eu nasci, não lá, infelizmente, nasci em Los Angeles e morei anos com o meu pai depois que a minha mãe preferiu meu meio irmão e o meu padrasto.

- Por Deus, Alyssa, você está fritando o açúcar? - Perguntei sentindo um embrulho no estômago. - O que está fazendo?

- Vi na internet! - Sorriu, mostrando uma mistura queimada do que parecia marshmallow e doces. - Gostou?

- Vou vomitar na frigideira. - Falei com cara de nojo, abrindo a geladeira, agradecendo a Deus pelo bolo de milho que minha avó trouxe ontem. - Por que não come o bolo que minha avó nos deu?

- Preciso aprender a cozinhar para a competição, a Kappa não vai ganhar.

- Mas, desse jeito? - Perguntei comendo um pedaço do bolo, dando um gole no suco de laranja.

- Sua avó poderia me ensinar!

- Esqueça, ela já voltou para o Brasil.

- Droga! - Reclamou. - E seu pai?

- Ele pode te ajudar. - Dei risada, arrumando meus cabelos.

- Seu cabelo cresceu depois daquele chá que sua avó trouxe.

- Você viu? Ela deixou umas folhas para eu usar durante a semana. - Fui até em frente ao espelho, olhando meus cabelos lisos batendo na metade das minhas costas. - Preciso cortar na lua cheia.

- Cortar na lua cheia? - Perguntou estranhando.

- Você não vai entender. Come logo o bolo se não, vamos nos atrasar. - A apressei, pegando minha bolsinha e colocando alguns lanchinhos para o dia e frutas.

Não demorou muito para que eu ouvisse o carro de Justin chegando e minha querida colega de quarto revirasse os olhos. Os dois não se batiam muito, não entendia o porque dela o odiar tanto, seu argumento era que ele fazia piadinhas sem graça, o que eu sempre relevei, jogadores de hóquei né? Peguei minha mochila, saindo atrás dela e em seguida trancando a porta, provavelmente Camilla voltaria hoje de viagem do México e eu não seria a única latina naquele dormitório. Ao entrar, recebi um beijo dele, que me deixou surpresa já que nunca foi disso.

Amor Sobre o GeloOnde histórias criam vida. Descubra agora