Amor Sobre o Gelo

Quatro.

Liam

Era ela ali. Eloise estava a alguns metros de mim, e eu mal conseguia acreditar. Meu peito subia e descia pesado desde o momento em que a vi entrar na arquibancada. Como aquela mulher ainda conseguia ser o ser mais bonito que eu já vi em toda a minha vida? Parei por um instante, fingindo descansar, mas, antes que eu percebesse, nossos olhos se encontraram. Fogos de artifício estouraram no meu peito ao vê-la acenar para mim. Será que seria demais dizer, depois de dez anos, que eu queria adorá-la, torná-la a Deusa do altar que ergui em minha mente? Talvez. Mas, sinceramente, eu já não ligava na altura de como estava sendo aquele dia.

Minha recepção na UCLA, logo depois que o treinador me mostrou o campus, foi um caos. Quando voltei para o dormitório para pegar minhas coisas e começar as aulas, fui recebido com um banho de cerveja — ótimo, é assim que eles dão boas-vindas por aqui. Nada de ratos mortos no quarto ou prostitutas contratadas, como nas fraternidades coreanas; acho que eles pegam mais leve por aqui.

Mais tarde, Cole, meu novo colega e já um fofoqueiro nato, me contou que Justin tinha tentado buscar Eloise, mas foi solenemente ignorado. Confesso que isso me arrancou um sorriso. Ela sempre foi dura na queda e não é de deixar qualquer um passar por cima dela, muito menos um babaca como ele. Quando o treinador nos chamou para explicar o jogo de teste, disse que íamos nos dividir em dois times: os veteranos contra os novatos. Fiquei do lado oposto de Justin, o que, sinceramente, me deixou feliz; quem sabe eu teria a chance de derrubá-lo se a oportunidade surgisse. Enquanto me dirigia para o meu lugar depois de beber água, vi Justin se aproximando com um sorriso — falsíssimo, claro, mas eu não diria isso a ele. Não, ser direto seria amigável demais para alguém como ele. Então, só bati em sua mão estendida e retribuí o sorriso.

— Vi que estava olhando para a minha namorada, Parker. — Ele apertou meu braço com força, filho da puta. — Não quer arrumar briga no primeiro dia, não é?

— Ela é sua namorada? — perguntei, fingindo que não a conhecia. — Que azar o dela, namorar um babaca como você.

— Cuidado. — Ele retrucou, a voz ameaçadora. — Ainda sou o capitão do time, novato.

— Veremos. — Soltei o braço dele e fui para o meu lado do rinque, o sangue fervendo.

O que Lou havia visto nele, afinal? O que tinha nele que o deixava interessante? Fala sério, agia como um animal com aqueles dois patetas que chamava de amigos e a única coisa que eu ouvi no tempo que eles estavam juntos, foi falando de mulher pelada e como as novatas eram gostosas. No quarto dele, havia um poster da Megan Fox de biquíni, gente que namora faz isso? Quer dizer, homens que namoram não deveriam fazer isso, pelo menos, eu não faço. Eu já havia sido convidado para ser capitão do time, eu só precisava provar para o treinador que o novo, pode ser a melhor opção aposentar Justin de seu cargo. 

O apito do treinador ecoou pelo rinque, e num instante, toda a arena parecia um campo de batalha de gelo. O som das lâminas contra o gelo, o barulho dos corpos se chocando, os gritos abafados dos jogadores... tudo isso pulsava no meu peito, sincronizado com cada batida acelerada do meu coração.Segurei o taco firme nas mãos, os olhos fixos na movimentação da equipe adversária. A adrenalina corria como eletricidade pelo meu corpo; cada fibra minha estava focada. Eu me abaixei, mantendo o peso nos calcanhares, preparado para qualquer movimento inesperado. Justin estava na frente, tentando liderar a jogada, mas eu mantinha o olhar nele. Ele era rápido, mas eu estava pronto para acompanhá-lo. 

O puck deslizou pelo gelo em nossa direção. Em uma fração de segundo, eu me joguei para interceptá-lo, meu taco descendo com força, desviando-o antes que Justin pudesse alcançá-lo. Um lampejo de frustração passou pelo rosto dele, mas eu só conseguia sentir a satisfação de ter sido mais rápido. A jogada estava só começando. Girei, mandando o puck para um companheiro de time que se aproximava pela esquerda. Ele avançou, mas os veteranos pressionaram forte, recuperando o controle. Corri para o outro lado do rinque, o ar cortando meu rosto enquanto eu patinava na velocidade máxima, e assim que o puck veio para mim novamente, com Justin me perseguindo de perto, senti o peso da pressão.