2- O amanhecer

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A primeira luz do dia invadiu o quarto de Clara, que se mexeu na cama, desconfortável com a claridade e o silêncio opressivo da casa. Ao descer as escadas, ainda meio sonolenta, se deparou com Helena na cozinha, já com uma xícara de café nas mãos e um olhar nada acolhedor.

Helena observou Clara entrar, com um sorriso sarcástico brincando nos lábios.

– Espero que a cama tenha sido do seu agrado – disse Helena, o tom envenenado. – Já que parece que vai aproveitá-la por um bom tempo.

Clara apenas ergueu as sobrancelhas, sem perder a compostura.

– Foi ótima, obrigada. Melhor que o sofá que eu imaginei que você ia me oferecer.

Helena deu uma risada seca, cruzando os braços.

– Ah, então você é esperta. Isso facilita as coisas. – Ela estreitou os olhos. – Mas me poupe das gentilezas, não sou fã de visitas prolongadas.

Clara se aproximou do balcão e, sem se abalar, pegou uma caneca, servindo-se de café enquanto falava calmamente.

– Não se preocupe, Helena. Não vim aqui para te agradar.

Helena revirou os olhos, mas continuou com as provocações.

– Claro que não. Afinal, é fácil aceitar ajuda dos outros quando as coisas dão errado, né? Parece que você é boa nisso.

Clara mordeu o lábio, controlando a raiva que subia. Devolveu o olhar afiado, com um sorriso de desafio.

– É, e parece que você é boa em fingir que está no controle. Deve ser cansativo, não?

Helena fechou a cara, mas antes que pudesse responder, Clara deu as costas, levando a xícara com ela.

As duas ficaram em silêncio, cada uma segurando o próprio orgulho.

Mais tarde naquela manhã, Helena estava terminando de arrumar suas coisas quando se deu conta de que seu carro estava na oficina, e Théo havia saído com o dele pra viagem. Precisaria pedir carona para a faculdade. A ideia de pedir ajuda a Clara a incomodava profundamente, mas não havia outra opção viável.

Helena respirou fundo e desceu as escadas, encontrando Clara na sala, lendo algo em seu celular. Clara ergueu os olhos, percebendo a hesitação de Helena, mas não disse nada, apenas ergueu uma sobrancelha, já intuindo o que estava por vir.

Helena soltou um suspiro irritado e finalmente falou, com a voz carregada de relutância.

– Preciso de uma carona pra faculdade. Você pode me levar?

– E desde quando eu sou motorista particular? – respondeu, cruzando os braços.

Helena fechou os olhos e respirou fundo para não perder a paciência.

– Não estou pedindo um favor eterno, Clara. É só uma carona. Eu vou até pagar a gasolina, se é esse o problema.

Clara riu, debochada.

– Dinheiro não é o problema, querida. Mas posso dizer que ver você implorando ajuda já tornou meu dia bem mais interessante.

Helena revirou os olhos, visivelmente irritada.

– Não estou implorando – respondeu com firmeza, tentando esconder o quanto aquilo a incomodava. – É só uma carona.

Clara suspirou exageradamente, mas pegou as chaves do carro, dando de ombros.

– Tudo bem, eu te levo. Mas espero que não se acostume.

Helena, sentindo a ponta da humilhação, entrou no carro em silêncio. Durante o trajeto, o clima era tão tenso que dava para sentir a eletricidade no ar. Clara não resistiu em soltar mais uma provocação:

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⏰ Última atualização: Nov 06 ⏰

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Um Amor Inesperado - CLARENA 💐Onde histórias criam vida. Descubra agora