Os meses passaram rápido, e agora Ana estava com nove meses de gestação. A barriga já estava enorme, e Benício podia nascer a qualquer momento. A casa estava cheia de preparativos para a chegada dele — o quarto pronto, as roupinhas organizadas e tudo o que um bebê precisa para ser recebido com muito amor.
Aurora, aos poucos, foi se acostumando com a ideia de ter um irmãozinho. Ela ajudava Ana a dobrar as roupinhas e colocá-las nas gavetas, às vezes até pegava os brinquedos e mostrava para a mãe, dizendo: “Esse aqui é o meu favorito, mas vou deixar o Benício brincar também.” Era o jeitinho dela de demonstrar que estava mais aberta à chegada dele.
Ana, por sua vez, estava cada dia mais cansada, mas também muito feliz. Sentia-se mais preparada e tranquila com o apoio de Gustavo e com o carinho de Aurora, que era sua ajudante fiel. Cada vez que sentia um movimento do bebê na barriga, chamava Aurora para colocar a mão e sentir o irmãozinho se mexendo.
“Olha, Aurorinha, ele está te dando um ‘oi’,” dizia Ana, sorrindo, enquanto Aurora colocava a mãozinha na barriga da mãe com os olhos brilhando.
“Será que ele sabe que eu sou a irmã dele?” Aurora perguntava curiosa.
“Com certeza ele sabe, e ele já te ama muito,” respondia Gustavo, puxando as duas para um abraço.
A ansiedade para a chegada de Benício estava no ar, e a família toda contava os dias para o grande momento. Aurora, apesar dos ciúmes iniciais, agora estava animada para conhecer o irmão. De vez em quando, sussurrava segredos na barriga da mãe, dizendo que iria ensinar várias brincadeiras para ele e que cuidaria para que nada de mal acontecesse.
Com tudo pronto e todos esperando, só faltava o pequeno Benício decidir que era a hora de vir ao mundo, e Ana e Gustavo sabiam que aquele momento marcaria uma nova fase na vida deles. A família estava prestes a crescer, e o amor que sentiam só aumentava a cada dia.
Numa tarde tranquila, Ana estava descansando no sofá quando Aurora se aproximou devagar, com aquele jeitinho curioso e doce. Ela olhou para a barriga grande da mãe, que estava quase pronta para trazer o Benício ao mundo, e fez uma pergunta com um sorriso tímido.
“Mamãe… posso conversar com o Beni?”
Ana sorriu e acariciou os cabelos de Aurora, sentindo o coração se encher de ternura. “Claro, meu amor! Ele vai adorar ouvir você.” Ela se ajeitou um pouco para que Aurora pudesse se aproximar mais e ficou observando, emocionada, enquanto a filha se preparava para falar com o irmãozinho.
Aurora colocou delicadamente a mãozinha sobre a barriga de Ana e, com a outra mão, começou a fazer um leve carinho, como se já quisesse mostrar seu afeto. Ela se inclinou e começou a sussurrar, com uma voz suave e cheia de amor.
“Oi, Beni… sou eu, a Aurora. Eu sou sua irmã mais velha, tá? Quando você nascer, vou te ensinar um monte de coisas. A gente vai brincar muito e… eu prometo cuidar de você,” disse ela, com um brilho nos olhos. Ana segurava as lágrimas ao ouvir a filha falar com tanta doçura.
“E… só pra você saber,” continuou Aurora, quase num segredo, “se você tiver medo de alguma coisa, eu tô aqui, viu? E se a mamãe e o papai ficarem ocupados, pode vir pra mim, que eu vou te proteger. A gente vai ser melhores amigos.”
Enquanto Aurora falava, Ana sentiu um movimento forte na barriga, como se Benício estivesse respondendo. Os olhinhos de Aurora se arregalaram e ela sorriu, surpresa e feliz. “Ele me ouviu, mamãe! Ele se mexeu!”
Ana riu, emocionada, e acariciou o rostinho de Aurora. “Ele te ouviu sim, meu amor. Ele já sabe que você vai ser a melhor irmã mais velha que ele poderia ter.”
Aurora sorriu com orgulho e deitou a cabeça no colo da mãe, acariciando a barriga com um amor que Ana nunca imaginou ver em alguém tão pequenina. Naquele momento, Ana teve a certeza de que, apesar de todos os desafios, a família deles estava mais unida do que nunca, e que Aurora e Benício teriam uma conexão especial para a vida toda.
Era tarde da noite quando Ana começou a sentir uma dor diferente, uma pressão que vinha e voltava em ondas. Ela estava deitada ao lado de Gustavo, tentando descansar, mas as contrações começaram a ficar mais intensas. Cada vez que uma vinha, Ana apertava o lençol e respirava fundo, tentando controlar a dor.
Gustavo, percebendo a movimentação ao lado, acordou preocupado. “Amor, está tudo bem?” perguntou, a voz ainda sonolenta, mas os olhos já cheios de apreensão.
Ana fez uma careta, tentando sorrir, mas as dores eram evidentes. “Acho que o Benício quer vir logo… as contrações começaram.” Ela disse, entre respirações.
Gustavo rapidamente entrou em ação, tentando manter a calma, mas por dentro estava tão ansioso quanto Ana. Ele pegou o telefone para ligar para a médica enquanto ajudava Ana a se levantar devagar. Aurora, que dormia no quarto ao lado, acabou acordando com a movimentação e saiu do quarto, esfregando os olhos, sem entender muito bem o que estava acontecendo.
“Mamãe? Papai? O que tá acontecendo?” ela perguntou, confusa, olhando para os pais com os olhinhos ainda sonolentos.
Ana se abaixou, apesar da dor, e sorriu para Aurora. “Meu amor, o Beni está querendo vir ao mundo. Papai e eu vamos pro hospital agora.”
Aurora arregalou os olhos, sentindo uma mistura de emoção e nervosismo. “Então ele vai nascer hoje?”
Ana assentiu, segurando a mãozinha dela com carinho. “Sim, minha princesa. Você vai ser uma irmã mais velha de verdade. A vovó Jussara vai ficar com você por enquanto, e logo você vai conhecer seu irmãozinho.”
Gustavo já estava com tudo preparado: a bolsa da maternidade, os documentos, tudo em mãos. Ele deu um beijo na testa de Aurora, prometendo que logo traria boas notícias, e ajudou Ana a descer as escadas. Aurora, mesmo ansiosa, acenou para eles, tentando ser corajosa, mas no fundo sentindo uma pontinha de preocupação.
Assim que chegaram ao carro, Gustavo deu a mão para Ana, oferecendo força e carinho. A viagem até o hospital foi cheia de expectativa e amor, e ambos sabiam que aquele seria um dos momentos mais marcantes de suas vidas.
Logo, o tão esperado momento de conhecer Benício estava próximo. E, enquanto Ana e Gustavo seguiam para o hospital, Aurora ficou em casa com o coração cheio de emoção, esperando para ser chamada e conhecer seu irmãozinho, o novo integrante da família.
As contrações começaram a se intensificar no caminho para o hospital. Ana segurava a mão de Gustavo com força, tentando encontrar algum alívio na presença dele, mas a dor era cada vez mais forte e incontrolável. Ela respirava fundo, tentando se manter firme, mas as lágrimas começaram a escorrer pelo seu rosto.
“Gustavo... dói muito…” ela sussurrou entre uma contração e outra, a voz embargada de dor e emoção. Gustavo, vendo a esposa em tanto sofrimento, se sentia impotente, mas fazia o possível para confortá-la, passando a mão suavemente pelo seu rosto e dizendo palavras de encorajamento.
“Eu sei, meu amor… eu estou aqui. Vai dar tudo certo. Logo, logo o Benício estará nos seus braços,” ele disse, tentando conter a própria ansiedade. Ele limpava as lágrimas dela com delicadeza, desejando poder tirar a dor que Ana estava sentindo.
A cada minuto, as contrações ficavam mais próximas e intensas, e Ana apertava a mão de Gustavo com mais força, soltando gemidos baixos de dor. Cada onda parecia interminável, e a expectativa do nascimento misturava-se com o cansaço e a agonia que ela sentia. Em alguns momentos, Ana fechava os olhos e respirava fundo, tentando manter a calma, mas as lágrimas continuavam escorrendo, e o rosto mostrava o quanto estava sofrendo.
Quando finalmente chegaram ao hospital, os médicos rapidamente a levaram para a sala de parto, enquanto Gustavo a acompanhava, sempre ao seu lado. Ele continuava segurando sua mão, transmitindo todo o apoio e amor que podia. “Você é forte, Ana. Estou tão orgulhoso de você. Estamos quase lá, só mais um pouco.”
Ana o olhou com os olhos cheios de emoção e, entre lágrimas, conseguiu esboçar um leve sorriso, apesar da dor. “Eu só quero que ele nasça logo… quero ter nosso bebê nos braços,” disse, sentindo uma mistura de exaustão e felicidade.
A equipe médica preparou tudo, e logo o momento chegou. Gustavo permaneceu ao lado de Ana, segurando sua mão e sussurrando palavras de apoio, enquanto ela se preparava para o último esforço.