Vejamos...
De todas as coisas erradas que já fiz na vida, trair o meu marido certamente não foi uma delas.
Eu sei o quanto isso pode parecer contraditório. Eu sei que trair o marido é sim uma coisa errada e horrível... Mas não no meu caso. Não quando ele mesmo já tinha me traído mais de uma vez e eu o perdoei em todas as ocasiões porque... Bem, nem eu sabia a princípio.
Na minha experiência, o perdão é um negócio relativo. É um voto de redenção que quase ninguém oferece de verdade. É possível perdoar uma pessoa por ter te magoado, porém nunca esquecer o que ela fez. É possível que a gente só perdoe para não perder uma companhia, um relacionamento de longo prazo, uma pessoa que permanece ao nosso lado mesmo quando comete mais erros do que acertos. A gente perdoa sem saber o que está fazendo. Perdoa o deslize no calor do momento, em meio à aterrorizante perspectiva de que aquele indivíduo em quem você investiu tanto tempo e confiança pode evaporar definitivamente da sua vida, e depois que o choque inicial passa, você se pergunta: Que porra eu estou fazendo comigo mesma?
Porque perdoar sem querer dói. Até mesmo querendo dói. Acredito que o perdão fere o órgão psíquico mais sensível do ser humano: o ego. A quebra de confiança nada mais é do que uma ferida no ego da pessoa traída. É uma dor que causa humilhação; que destrói sua autoconfiança. Faz você pensar que vale tão pouco que não merece o esforço de ser cuidada. Amada. Protegida desse tipo de sofrimento.
Com o passar do tempo, após o perdão, a gente torce para que essa dor suma. Mas ela não some. Ela é amortecida, mas não desaparece e, penso eu, que jamais deixa de existir. Volta e meia, a dor retorna para lembrar que você estava em casa, dormindo, enquanto ele estava enfiado entre as pernas de outra mulher. Faz você ficar imaginando como tudo aconteceu; o que ele disse, o que eles fizeram juntos, como foi o sexo... O que tinha nela que não tem em mim? Você questiona a si mesma.
É daí que vem outro sentimento com o qual estou bastante familiarizada: o desejo de vingança.
Eu nunca me vinguei de fato. Nunca tive coragem de sair de casa decidida a encontrar alguém com quem estivesse disposta a devolver o favor ao meu marido e fazê-lo se sentir tão insuficiente quanto eu me sentia. Não porque eu tivesse medo da culpa ou medo dele. Acho que só não faz parte da minha natureza ser assim.
Ou não fazia, pelo menos.
Em meados de Abril, Ricardo, meu marido, comentou durante o almoço que sua secretária havia pedido demissão. Ela era uma mulher de cinquenta e poucos anos e queria tirar um tempo para curtir os netos recém-nascidos (ou algo assim, não me lembro bem). Eu não dei muita bola. Ricardo é sócio de uma empresa de construção civil e eu sou dermatologista. Nossas áreas de atuação profissional são completamente opostas em todos os sentidos da palavra e quase nunca nos envolvemos no trabalho um do outro, exceto em ocasiões muito específicas.
Com a necessidade de uma nova secretária, ele começou a fazer uma seleção prévia de currículos e eu o ajudei até onde pude. Escolhemos juntos os dez melhores e ele cuidou de todo o resto para as entrevistas de emprego. No início de maio, a antiga secretária já havia deixado o cargo e a nova funcionária assumiu a posição.
Como eu disse, eu quase nunca me envolvo no trabalho do meu marido, exceto quando necessário. Essa foi uma ocasião necessária.
Resolvi aparecer de surpresa no prédio onde Ricardo trabalha uma semana depois da contratação. Sei que pode parecer paranoico para qualquer um, mas foi uma decisão pensada com bastante racionalidade. Ao contrário do que parece, não fui até a empresa para passar a mensagem de esposa ciumenta marcando território. Fui para conhecê-la. Para ver o rosto da mulher que passaria o dia todo em frente ao escritório do meu marido traidor e, sobretudo, para averiguar quais as chances de Ricardo me trair de novo.
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CONTOS ERÓTICOS LÉSBICOS
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