𝐂𝐀𝐏Í𝐓𝐔𝐋𝐎 𝟑 - Punição eterna

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Por milhares e milhares de anos a humanidade depositou sua fé e crença em um ser sobrenatural que era onisciente e onipresente. Quando os seres humanos não são capazes de explicar algo que vá contra sua lógica e além de seu conhecimento limitado, eles tem uma explicação que adotaram como válida, em algum determinado momento, para tudo aquilo que não tem resposta ou compreensão.

"Deus"

" Ele passou a existir muito antes de tudo o que conhecemos e desconhecemos, ele é o centro de um todo e é aquele que decide as regras da vida, do que existe e do que irá passar a existir. "

Foi com este pensamento que a humanidade adotou para si e nunca mais a descartou. Não importa quantos anos se passe, por mais que uns vão contra esse sistema de idéias categorizada e básicas, elas sempre serão vencidas por elas e no fim ela continuará a existir.

Não que estejam errados por crê naquele ser que criou o mundo ao qual conhecemos, talvez ele até mesmo exista e more em um lugar aonde sua crianção imperfeita e repugnante não tenha acesso e que não possa alcançar.

Mas sua existência será mesmo que é como a humanidade criou em suas pequenas cabeças?

Será mesmo que o "Deus" que eles depositaram suas esperanças e crenças é mesmo um ser tão misericordioso ou bondoso?

Não a nada que afirma tal pensamento, nem mesmo sua existência, por não terem acesso a esse conhecimento, eles nunca saberiam como de fato é o criador que tanto idolatram.

Foi nessa conclusão que o filho do inferno chegou.

Em algum momento através do fogo fervente e do cheiro repugnante e doentio do enxofre nasceu uma criatura que carregava dentro de si toda a malícia e as impurezas do universo. Cravado em sua alma condenada assim que foi criado, ele recebeu em suas mãos o destino traçado.

O inferno chorou, estremeceu de dor e gritou por misericórdia assim que aquela criatura recebeu um destino tão cruel. Nem mesmo os demônios que um dia foram anjos santificados no céu conseguiram aguentar o tamanho do sofrimento que aquela criatura iria carregar em suas costas. A culpa de seus atos e o arrependimento lhes abordaram.

Deus, aquele ser sobrenatural que ficava aonde ninguém jamais teria alcance, não poupou aquela alma  e a condenou sem chances ou escolhas.

Foi assim que aconteceu o nascimento de Christopher o filho do inferno.






O som sutil do estralo dos lábios que, agora, se separavam lentamente ecoou pelo ambiente vazio e silêncio de vozes humanas ou sons de ações dos dois seres presentes naquele local.

Os olhos negros, singular ao breu daquela noite obscura, focaram nos olhos castanhos e tão brilhosos como as chamas da ponta da vela que queimava na lamparina que estava nas mãos de Seungmin.

Bangchan levou sua mão até a lateral do rosto do homem e acariciou com ternura, seus movimentos transmitiam um certo carinho que aquecia o coração de Seungmin que não sabia explicar aquela agitação que crescia dentro de si.

– Agora tu tens consciência disso? – O silêncio teve seu fim após Chan  levantar um questionamento.

– Consciência do que exatamente, Senhor? – Murmurou. Sentia-se perdido nos olhos negreiros.

– De que me pertence. – Seu tom possessivo era inerte.

– Como?

– Não tens direitos de ir contra isso e mesmo que tivesse o que mais lhe adiantaria a não aceitar isto. – Chan se aproximou mais do corpo de Seungmin. – Tu não tens propósito algum nessa vida, nesta terra e nessa forma.

O garoto de mechas claras franziu o cenho e torceu o nariz.

– Como diz algo tão cruel quanto isto? Já não basta dizer que te pertenço sem ao menos considerar  meu desejo? – Seu tom era de revolta.

– Eu digo apenas a verdade e confirmo o que são os fatos, – Seus dedos passeavam pelas as curvas do corpo menor e magro. – Teu único propósito de todos esses anos em que existiu no meio de sua família, foram apenas para este dia. – Ele inclinou o rosto até a bochecha pálida. – Se você não serve nem mesmo pra ser uma troca de um pacto com um ser demoníaco, o que mais vale sua serventia? – Ele encostou seus lábios frios na bochecha magra.

– Isso... – Um nó se formou na garganta de Seungmin que sentia seu coração acelerar e sua respiração pesar. Os toques que eram ocasionados por Chan e o beijo em sua bochecha que aparentava ser inocente, agora ganhava um rumo totalmente diferente, os lábios do demônios deslizaram para o maxilar e em seguida para o pescoço que continha várias pintinhas espalhadas como se fosse um ponto mesticulosamente marcadas.

– Você não consegue forma palavras, pois sabe que é uma verdade dolorosa que você nega em sua alma. – A voz rouca saia abafada, pois estava ocupada beijando os pontos pretos que lhe atraiam naquele pescoço. – Esse é o seu destino, meu caro humano – Suas mãos envolveram firmemente a cintura fina e que cabia como uma peça de encaixe perfeito. – Ser reijeitado, amaldiçoado e desprezado por tudo e todos...

Aquelas palavras surtiram um efeito em Seungmin, elas pesaram como toneladas em seu coração eram como se elas fossem evitadas por si e que agora sendo ditas diretamente por outro alguém, elas se tornavam um fardo.

Os olhos brilhantes aos poucos se apagavam e se tornavam sombrios.

– Isso não pode ser verdade... Não tem como ser... – Sua voz estava carregada de dor e ela ressoava como uma melodia dolorosa. – Por que? Por que sempre tem que ser assim... – Foi naquele momento que ele deixou a lamparina cair de suas mãos e Chan se afastou para analisar o estrago que estava o rosto de Seungmin, seus olhos transbordaram aquelas lágrimas que conhecia muito bem. Enquanto chorava umas das íris de Kim mesclou para um tom lilás o que revelava a verdadeira natureza oculta daquele ser.

– Você não muda nem mesmo depois de centenas de anos... – Ele suspirou e então tocou a bochecha molhada e limpou o caminho de lágrimas que se formou ali. – Você ainda enfrenta o mesmo inferno.  – Seus olhos negros guardavam algum tipo de compaixão e uma dor oculta.

As lágrimas escorriam lentamente, caindo em gotas brilhantes que se despedaçavam como vidro ao atingir o chão frio. Seungmin sentia-se vazio, como uma peça há muito abandonada, quebrada de dentro para fora. Era como se essa dor estivesse sempre ali, mas agora, finalmente, ele a enxergava por completo – uma ferida aberta que latejava e pulsava, mesmo que ele tivesse ignorado seu sangue escorrendo por tanto tempo. Agora, a dor manchava sua alma, tingindo-a com o vermelho profundo e cruel de um carmesim que se recusava a desaparecer, como cicatrizes que nunca se fechariam.

– Uma punição que durará toda a eternidade – Chan sussurrou, apenas observando a destruição tão bem conhecida por si.

Pois aquele não era, e talvez nunca seria, a última vez que veria aquele rosto tomado pela dor. E, por mais que os anos passassem, o peso daquela visão permanecia insuportável, como uma ferida que nunca cicatrizava, reabrindo-se sempre que seus olhos encontravam aqueles traços tão familiares e sofridos. Cada reencontro parecia arrancar-lhe um pedaço, uma lembrança de que certas dores jamais se dissipariam.






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⏰ Última atualização: Nov 08 ⏰

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