𝐂𝐀𝐏Í𝐓𝐔𝐋𝐎 𝟐 - Uma conexão inexplicável

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Quando Seungmin voltou a piscar ele novamente se deu conta da realidade que bateu na porta de sua consciência. Os dedos gélidos e firmes que se afundava em sua cintura, o calor infernal que sentia atrás de si e a risada que por mais que baixa e discreta se tornava uma melodia repetitiva e irritante para os tímpanos de Kim.

– O que te aconteceu, meu pequeno ser frágil? – Questionou ao perceber que o seu humano estava tão quieto e no devaneios de sua mente.

– Devo mesmo lhe responder? – Seu tom soou seco. – Sinto-me sufocado só de está na tua presença. – Continuou com sua frase.

– Será mesmo que é minha presença que te deixa sem o ar necessário para os seus pulmões? – Chan ponderou. – Diante dos fatos que eu lhe entreguei de bandeja, sobre tudo o que tua família lhe vem guardando em sete chaves. E você ainda está amedrontado com a minha presença, caro humano? – O ser místico aproximou o rosto na nuca do rapaz, empurrando para o lado o pouco cabelo castanho que ali cobria, e passou suas narinas por aquela pele deleitosa que emanava o cheiro adocicado de pétalas de rosa ao qual se misturava com o cheiro natural e viciante que somente aquele humano carregava.

– Quem em sã consciência se sentiria a vontade ao lado daquele que condena as almas penadas nas chamas do inferno? – Levantou a questão. – Eu nunca me sentiria a vontade com 'vosmecê aqui ao meu lado.

O demônio não se sentiu atingindo pelas as palavras indelicadas, ele soltou uma pequena e curta risada, enquanto sua mão agora encontrava um encaixe perfeito naquela cintura modelada e suas narinas se sentiam tão viciados naquele aroma que em hipótese alguma se separava daquele pedaço de pele.

– Tu me achas um monstro ou que eu irei te fazer algum mal? – A mão que estava na cintura do jovem, agora acariciava suavemente aquela região. – Será mesmo que eu sou tão cruel assim? – Novamente impôs um questionário.

– Sim, eu acho. – Deixou um suspiro lhe escapar os lábios ao senti a carícia deixada pelo o ser maléfico. – É o que dizia o santo padre em todas as manhãs em que eu ia à catequese, ele afirmava as mesmas palavras. – Fechou os olhos deixando com que aquele ser tomasse conta de seu corpo.

– Isto me faz rir, meu caro humano. – Ele soltou um lufada se afastando levemente da nuca ao qual tinha pequenos pelinhos arrepiados. – Acho que este padre seja tão cruel quanto eu. – Tal frase chamou a atenção do humano, que, abriu os olhos revelando suas órbitas castanhas e virando o rosto na direção daquele que estava posicionado atrás de si.

– O que queres dizer com isso?

– Simples, – Deixou um sorriso nos lábios carnudos. – Humanos são os verdadeiros demônios. – Afirmou.

– Como... Como assim? – Sua confusão era genuína.

– Tão inocente... – Levou a mão até as laterais do rosto daquele que ele proclamava como seu, acariciando com cuidado e maestria. – Oh God... – Deixou um suspiro lhe escapar novamente seus lábios. – You even created the perfect divinity, but you despised it.– Sua voz soou como uma cantoria de louvor de um anjo de luz, afinal louvava a criação mais perfeita já criada pelo o criador dos céus e a terra.

– Oh... Eu não entendo este idioma. – Comentou Seungmin já que a um tempo aquele ser místico passou a proferir palavras indecifráveis.

–  Não te preocupas, pois não é nada que interfira em algo relevante aqui. – Seus olhos afiados passearam pelos os traços do rosto do garoto. Subiu sua mão, enquanto desenhava com precisão aquele corpo, suas curvas e detalhes ele sentia em seus dedos. Quando finalmente subiu a mão a direcionou para a bochecha de Seungmin, iniciando uma carícia lenta. – Tu és perfeito. – Ele disse. – És tão perfeito até mesmo nesta  forma fraca e inábil. – O ser demoníaco pressionou o corpo sobre o daquele garoto. – Não me Importa a forma em que tu esteja, eu sempre, eu sempre, – Ele repetiu frenético. – eu sempre irei te reinvidicar como minha propriedade privada. – Suas palavras sooavam absolutas e possessivas, apegadas demais aquele humano. Seungmin sentia um certo calafrios a cada toque sútil.

– O que te convence tanto que eu sou seu? – Seungmin se desvinculou dos braços do demônio possessivo. – Eu não tive voz desde do início de tudo, – Ele agora estava a uma distância longe do demônio, ficando frente a frente. – Eu não tenho escolhas a não ser, aceitar esse destino traçado?

– Por que um mero sacrifício a mim, está preocupado com a própria opinião? – Seus lábios franzidos e semblante descaído, revelava o mal humor. – Tenho dever é apenas aceitar seu destino e não levantar questionamentos fúteis.

– Eu ainda sim, sou o dono da minha vida. – Bateu, levemente, a mão no peito.

– Tu ainda crê nisso, crê que tem controle em sua vida curta e passageira? – Ele soltou uma risada seca. – Não, você não tem. Não precisa fazer devaneios, eu sou a sua resposta viva aqui de pé em sua frente. – Novamente ele emigiu das sombras e em questão de piscar de olhos ele estava bem a frente de Seungmin. – Não quero quero que seja um desobediente ou um incrédulo. – Agarrou a ponto do queixo de Seungmin erguendo seu rosto para cima e conectando seus olhares ferventes em um controle abstrato e um medo profundo.

– Meu Senhor, eu simplesmente só queria ter o poder de escolhas da minha vida. – Sua voz sooava embargada. – Nem como humano, eu tenho esse direito? – Tal frase foi um baque de choque naquele ser, que pareceu ter sido atingido em cheio. Seus olhos antes enfurecidos, agora pareciam guardar segredos, era como se aquelas palavras tivessem desencadeado algo que deveria permanecer escondido e nunca revelado.

O ser se sentiu atingindo e se afastou do humano, Seungmin observava em silêncio a cada movimento que Chan fazia.

O silêncio daquela noite domou aquele lugar, apenas o som das gotas grossas batendo no solado e no telhado se espalhava entre eles.

– Nunca mais, – Em um tom rouca e carregado ele cortou aquele silêncio. – nunca diga o que acabou de dizer.

– Por que? – Sua confusão era genuína.

– Apenas não diga! Apenas não faça! – A voz de Chan carregava uma autoridade densa, quase palpável. Ele deu um passo à frente, e o calor sombrio de sua presença envolveu Seungmin como um manto pesado. –  A partir de hoje, minhas palavras são absolutas. E apenas a mim você deve respeito e obediência.

Com uma lentidão quase ritual, Chan levantou a mão e deslizou os dedos pelas laterais do rosto de Seungmin, sentindo a maciez e a fragilidade daquela pele humana. Seungmin respirava ofegante, o olhar dividido entre confusão e um temor mudo. Então, Chan inclinou-se, tocando sua testa à dele. Um suspiro escapou de seus lábios, e ele fechou os olhos, como se tentasse controlar a tempestade de emoções que o consumia.

– Apenas desta vez, Seungmin… – sussurrou Chan, a voz baixa, embargada. – Deixe de lado essa natureza que carrega por tantas décadas, por tantos séculos...

No instante em que a última palavra se dissolveu no ar, Chan inclinou-se de uma vez e tomou os lábios de Seungmin. Aquele toque era ao mesmo tempo suave e voraz, como se os anos de espera e os segredos guardados ardessem entre eles, comprimidos na intensidade do momento. Seungmin se retesou com o impacto. Seu coração disparou, e uma corrente elétrica percorreu suas veias, ao passo que um calor feroz, primitivo, incendiava seu peito.

O mundo ao redor parecia desvanecer, e ele sentiu como se estivesse sendo arrastado para dentro de uma escuridão íntima e profunda, onde só Chan existia. Havia algo imenso, inexplicável, pairando naquele simples gesto. Algo que transcendia o desejo físico e tocava uma parte de sua alma que ele nem sabia possuir.

Para Chan, porém, aquele beijo era um juramento, uma marca invisível que ele imprimia em Seungmin, reivindicando-o para si. Ele sabia o que aquele contato significava, sabia dos segredos obscuros que seu próprio coração carregava. Mas Seungmin, embora alheio ao passado que os conectava, ainda podia sentir a intensidade daquela ligação pulsando entre eles, como um fio invisível e inquebrável.

E então, no exato momento em que os lábios de ambos permaneciam unidos, o sino no centro da vila soou, suas notas ecoando pelas montanhas e perfurando o silêncio da noite. A meia-noite havia chegado, como um selo sombrio e inevitável sobre o destino que os unia.

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