Reflexo de Um Eu Desconhecido

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Quem sou eu, afinal,
Além de reflexo num espelho fosco,
Um rosto que muda conforme o tempo,
Que desconheço ao tocar a pele?

Sinto que sou muitos
E, ao mesmo tempo, nenhum.
Um ser moldado por memórias alheias,
Lembranças que carrego sem saber se são minhas.

Olho para trás e vejo sombras,
Rastros de quem fui e deixei de ser,
Como folhas que caem no inverno,
Perdendo-se ao vento, sem rumo, sem lar.

Pergunto: onde está o verdadeiro eu?
Em qual versão de mim posso confiar?
Sou o passado que recordo,
Ou o presente que escapa, fugaz, entre as mãos?

No silêncio da noite, tento ouvir
A voz que me define, me conta quem sou,
Mas o eco retorna vazio, sem resposta,
Apenas um murmúrio distante, um sussurro de algo que não entendo.

Talvez eu seja apenas isso,
Um constante vir-a-ser,
Uma pergunta sem resposta,
Um ser sem forma, sem fim.

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