─ Sendo [Nome] do departamento de jornalismo, não tinha forma alguma de se aproximar de Katsuki Bakugou, do departamento de esportes, a não ser pela indescritível faísca do destino volátil.
Com o trabalho de produzir um documentário sobre um tema...
Estou na faculdade mais uma vez, o dia é chuvoso e as arquibancadas da quadra extensa com grande pista de corrida para atletas, estão úmidas. O clima chuvoso dificulta algumas aulas práticas do meu dia, com o rompimento de três aulas neste mesmo horário da noite devido às fortes ventanias, estou aqui, observando os treinos do departamento de educação física com colegas de turma que comentam coisas pecaminosas sobre garotos correndo sem camiseta pela chuva. Corridas longas e abdominais que eles fazem de maneira incansável. Deve fazer parte da rotina em seu curso.
⎯ Será que mais deles vão vir? Meus olhos são gulosos...
Sua mente mais ainda.
Foi algo que pensei sobre um dos comentários feitos sobre os meninos, que provavelmente irão ficar gripados mais tarde. Seu professor é insano, de fato.
⎯ E você, [Sobrenome], o que acha dos garotos? -a voz de uma das colegas de sala perturba meus pensamentos isolados. ⎯ Tem algum que te chama a atenção? -eu viro meu olhar para ela ao meu lado.
⎯ Não sei, não ligo tanto pra isso. -respondo com a voz serena e cansada de sempre. ⎯ Inclusive, a próxima aula é quando mesmo? Esqueci...
⎯ Acho que não teremos mais nenhuma hoje. A chuva não vai nos deixar fazer entrevistas e muito menos gravar qualquer coisa. -nosso trabalho hoje era entrevistar alunos no campus e pedir sugestões de melhoras na alimentação e em certas partes da universidade.
Quando estou prestes a responder, o olhar da minha colega é desviado para o seu lado esquerdo quando a outra toca seu ombro, anunciando a chegada de mais um membro do curso de educação física. Seu rosto é bonito, seu corpo é largo e bem moldado, provavelmente devido ao treino diário e noturno em seu departamento, ou não.
Katsuki Bakugou era intrigante, as garotas o enxergam da maneira como descrevi, pela sua aparência, nunca o que está atrás dos panos que moldam este cara. Sempre reparam em tudo que seja superficial, nunca nas coisas que estão bem na sua frente, como o de hoje e sempre: Seus braços com arranhões, suas mãos atadas, seu rosto com curativos e problemas interiores que eu jamais poderia desvendar.
Na verdade, não somos próximos e nunca trocamos uma palavra sequer, tudo que sei sobre ele é isso. Mesmo que algo ainda me incomode em relação a maneira como sempre aparece nas aulas do seu curso ou mesmo que pareça um aluno valentão e violento o tempo inteiro pela sua feição séria, sempre está no ranking da faculdade entre os 10 melhores. As pessoas sabem apenas coisas assim sobre ele, ninguém foi mais a fundo, ninguém o conhece de verdade.
As meninas continuaram o vangloriando e eu continuei apenas analisando o treino dos alunos, como sempre, pensando no próximo tema para trabalho em grupo da próxima aula após as entrevistas.
Acho que sou assim, movida pelo que minha mente pode ultrapassar. Mas vem a ser difícil descrever como isso funciona, vamos dizer que se eu não estiver com a mente ocupada, eu estarei dormindo e se eu não estiver dormindo, estarei ocupada. Cheguei a pensar por um tempo que eu era apenas mais um parasita contaminado pelos efeitos colaterais da faculdade noturna, mas não, eu apenas gostava de como fazia oque fazia e pronto.
Imersa nos pensamentos mais uma vez, esqueci do espaço-tempo ao meu redor.
Me dei conta da realidade quando as meninas desapareceram de onde estavam e pela quadra havia apenas um dos alunos correndo pela pista de mais de 5 quilômetros redondos ali, depois de mais de 22 horas da noite. Quando ele passa por mim e segue percurso, só assim me dou conta que era Katsuki Bakugou, não queria me meter em problemas com quem tem problemas, apenas levantei e fui embora do local.
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