𝐒𝐄𝐂𝐑𝐄𝐓 𝐊𝐍𝐎𝐂𝐊𝐎𝐔𝐓⠀─ katsuki bakugou.

𝟬𝟰

⎯ Vou viajar para a Califórnia amanhã.

Uraraka retirou os olhos vidrados na tela do celular e os direcionou a mim, piscando antes de me falar o que quer que seja, mas com certeza não gostou do que acaba de ouvir vindo de mim.

⎯ Você vai viajar?! Assim, do nada? E o seu trabalho da aula, como vai ficar?

⎯ Calma. Eu vou viajar para ver minha mãe, ela disse que precisa me ver.

⎯ Sua mãe? Ah, a senhora... Você acha que ela esta melhor? -desvio meu olhar que está perdido o dia inteiro, com a mão coçando a nuca.

⎯ Eu não sei.

Suspiro.

Minha mãe esta internada em um hospital privado no centro de uma cidade na Califórnia, mais especificamente em São Francisco. Seu estado é crítico, mas ela sorri todas as vezes nas chamadas de vídeo quando tenho tempo para acioná-la.

Eu bato os dedos em sincronia com a ansiedade na mesa de madeira do refeitório, enquanto a morena ao meu lado volta a resolver seus assuntos no pequeno aparelho. Meu devaneio ocular viajar por todo o local, procurando algo que me vidre para que eu possa pensar em silêncio por mais tempo. Mas mais que isso, eu penso em Katsuki Bakugou, que não apareceu na faculdade. Eu estranhei, apesar de não reclamar.

Provavelmente poderia estar treinando para uma próxima luta ou poderia estar ocupado com outros afazeres. A luta de amanhã poderia ser um motivo plausível.

As últimas mensagens que trocamos foram ontem, e foram as últimas mesmo. Eu não me importava tanto, mas algo dentro de mim se importava e isso me incomoda.

Cocei os cabelos na testa e suspirei, me despedindo da amiga ao meu lado após me levantar.

⎯ Eu vou procurar uma pessoa. -ela assente e eu saio para ir embora.

Em passos pouco apressados e sem expectativa de escuta pelas pessoas ao meu redor - mas pouco sucesso nisto - eu entro no ginásio esportivo a procura do professor representante.

⎯ Senhor Sekijiro Kan. -o semblante de olhos castanhos avermelhados se vira para me encarar. ⎯ O senhor tem um minuto?

O clima nesta noite estava agradável, com pequeno frescor da brisa noturna. Eu cruzo meus braços e pernas, sentando ao lado do mais velho nas arquibancadas, observando os alunos correndo e endeusando seu grito de guerra.

⎯ O que você deseja? -ele pergunta.

⎯ Senhor. Por que Bakugou não apareceu hoje?

⎯ Esta preocupada?

⎯ Estou curiosa.

Ele arqueia uma sobrancelha.

⎯ Bom, eu não sei. Ele é meu aluno, não meu filho. -ele coloca os dedos no queixo pensativo por um segundo. ⎯ Pode ser pelo trabalho de meio período.

Não posso evitar ficar surpresa.

⎯ Trabalho de meio período?

⎯ Sim. Ele trabalha meio período a noite em uma loja de conveniência nas sextas-feiras.

⎯ Ah, entendi.

⎯ Enfim, volte para suas aulas se já matou a curiosidade.

⎯ Obrigado.

A ferocidade que cada pessoa que curse a educação física tem é igual. É perceptível a cada vez que troco frases com eles.

As vezes me sinto indiferente das pessoas no meu curso. São pouco empenhados, tem sorrisos grandes, carisma elevado e olhar amigável. Eu sou empenhada, meu sorriso é pequeno, meu carisma é menor ainda e meu olhar é vazio. É difícil ter pessoas que queiram se aproximar de mim sem um interesse a mais, como pedir um favor ou mais que isso.