Capítulo 01

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Álvaro

Nunca pensei que fosse viver para ver meus irmãos casados, não que eles tivessem aversão a ideia, apenas nunca esteve nos planos deles. Agora encontrar alguém, viver um amor e casar sempre esteve em meus planos e olha que ironia, no momento sou o único solteiro. Eu riria se não achasse isso trágico, quero muito construir uma família e ser feliz ao lado de alguém especial.

Minhas cunhadas são incríveis, perfeitas para os dois bobões que chamo de irmãos, meus sobrinhos são as crianças mais lindas, encantadoras e amadas desse mundo. É impossível olhar para essas crianças e não se apaixonar.

Olho para meu pai que está olhando minha mãe ainda com os mesmos olhos apaixonados que vejo desde criança, ele faz tudo por e para ela, mamãe é sua vida, eles dependem um do outro. Se amam desde a adolescência, tiveram filhos cedo, muitos dizem que isso desgasta a relação, mas isso não aconteceu com os dois, pelo contrário o amor só aumentou. É isso que busco para mim, quero ter alguém para olhar para ela com esse mesmo olhar cheio de amor, carinho e devoção.

Isso sempre esteve certo em minha mente, não tenho medo de sentir e viver um amor intenso e arrebatador como o de meus pais. Mas parece que a garota não quer surgir, 31 anos buscando e nunca encontrei o olhar que me deixaria paralisado, não encontrei a pessoa que me faria suspirar e perder horas de sono por estar pensando nela, não achei o perfume que me deixaria aéreo, mas nunca fui de desistir, vou continuar buscando, ou deixo a cargo do destino, vai que nos cruzamos por aí.

Observo meus irmãos com suas esposas e filhos, é notável a um raio de 10km o amor deles, fico feliz por eles, Augusto sofreu por alguém que não merecia nem a pena dele, ver que ele encontrou o verdadeiro amor e hoje é feliz me alegra. Eduardo sempre foi mais fechado, era tão difícil ver meu irmão sorrindo e verdadeiramente feliz, vê-lo assim agora me alegra demais. Eles estão felizes e realizados e eu fico igual por eles.

— Está pensando nela? — Nem tinha percebido meu irmão se aproximar, olho Augusto tentando entender o que ele quis dizer.

— Uai, nela quem? — Ouço a voz de minha mãe, logo ela surge atrás de Augusto com uma bandeja cheia de doces, mamãe ama cozinhar para a família, nesses momentos que estamos todos juntos e comendo tudo que ela preparou, ela se sente realizada.

— Ninguém mamãe.

— Acham que sou idiota? Álvaro já passou da hora de você arranjar alguém decente e se seu irmão disse que está pensando nela, é porque a garota já apareceu, quem é? Eu conheço? É bonita? Gentil? Boa moça? Trabalhadora?

— Mamãe, Augusto não afirmou que eu estava pensando em alguém e sim perguntou.

— Tanto faz, quem é ela? — Meu irmão me olha e vejo o arrependimento pelas palavras mal interpretadas, ele pede desculpas movendo apenas os lábios e dou de ombros. Mamãe é um turbilhão, tira conclusões precipitadas e não nos deixa explicar nada, mas gosto disso, é seu jeitinho e a amo demais por isso.

— Mãe, não existe ela.

— Então por que seu irmão disse isso uai?

— Eu me referia a garota certa, mas não que ela já tenha um rosto, nome e localização, e sim o tipo de garota ideal que meu irmão tanto sonha. — Augusto explica o significado de suas palavras e o sorriso de minha mãe morre.

— Ah. — Vejo a decepção em seus olhos e sorrio para minha mãe e vou até ela abracá-la, meu pai se aproxima também. — Resposta mais sem graça essa, esperava ouvir outra coisa. — Beijo seu rosto e a aperto mais em meu abraço, ela me estapeia sorrindo.

— Mãe eu não desisti de encontrar a garota, porém está difícil. Mas calma que logo, logo estarei casado e te dando netos.

— Acho bom! É tão lindo querido, não estou falando só de sua aparência, você é um homem gentil, carinhoso, honesto, me orgulho da pessoa que se tornou. — Meu pai apenas sorri, não diz nada, sei que pensa igual a minha mãe, porém papai não é do tipo que se expressa com palavras, mas sim ações.

— De mim ninguém se orgulha? — Augusto chama atenção deles que sorriem.

— Pare de drama menino!

— Agora sou dramático, amam mais a bonequinha e eu não posso nem falar nada.

— Deixa se ser exagerado Augusto!

— Bonequinha oxigenada, você me ofende demais falando isso de minha pessoa. — Se eu sou sensível demais, ele é dramático demais.

— Nem vou perder tempo com você Augusto.

— Devia, está dizendo que não valho a pena? Por isso não vai insistir em uma discussão? Vai me dizer que o Eduardo é seu irmão favorito? — Drama e mais drama, como Cecilia aguenta?

— Quer brigar?

— Crianças por favor. — Papai pede rindo, ele sempre se diverte com nossos momentos de implicância.

— Vou aprumar vocês rapidinho, fiquem de bobajada que vão ver só!

— Ele quem começou mãe! — Eu e Augusto falamos ao mesmo tempo e apontamos um para o outro. Cecília e Mariana nos olham rindo, Eduardo faz um movimento de cabeça em negativa. Meu pai se diverte e mamãe fica nos olhando saudosa.

— Não me façam ter de colocá-los de castigo.

— Que isso mãe, precisa não, nem estava brigando com ninguém.

Quando éramos crianças e discutíamos mamãe nos colocava de joelho um de frente para o outro, não podíamos levantar enquanto não fosse resolvido nosso desentendimento. Normalmente nos desculpavamos rápido para não ter que ficar sentindo dor nos joelhos.

Nossa infância foi boa, era muito divertido correr pelo enorme quintal atrás de meu pai, observando e aprendendo, na hora de comer mamãe ia até a porta e gritava a plenos pulmões que a comida estava na mesa, podíamos estar em qualquer lugar que ouvíamos, impossível não ouvir, se tem algo que mamãe é boa é em gritar.,

Fico correndo e brincando com Adam, Helena corre também, ela é linda, e delicada como Cecília, Samuel em seus Noves meses é bem esperto, já balbucia algumas coisas e fica horas numa conversa interminável num idioma que não entendemos.

Deixo Adam com meus irmãos e vou me sentar um pouco, já não tenho mais pique para ficar correndo sem parar para descansar, observo minha mãe com minhas cunhadas, suas noras são amadas demais, ela faz de tudo por Cecília e Mariana, gosto disso, mamãe tem amor para dar e vender e ainda sobra muito, as noras e netos recebem muito desse amor. Sinto até um certo ciúme, dona Luiza nem liga mais para os filhos. Meu pai se aproxima e se senta ao meu lado.

— Como está o trabalho?

— Corrido, gosto da concessionária, mas minha paixão é concertar motos, fico decidido entre os dois.

— E a vida amorosa?

— Até o senhor pai? Tem base isso não! — Ele ri.

— Achei que seria o primeiro a casar e ter filhos, fiquei surpreso de seus irmãos te passarem a perna, nunca foi algo que eles desejassem, já você sempre foi romântico e sonhador.

— Iludido né pai! Acho que vou fazer igual eles, deixar isso de encontrar alguém de lado, vai que ela aparece mais rápido assim?

— Pode ser. Desejo sua felicidade filho.

— Esse é seu jeito de dizer que quer uma nora e netos?

— É, melhor assim não acha? — Ele sorri e retribuo, papai é incrível, ele jamais vai pressionar como mamãe, porém quer o mesmo que ela.

— Talvez, gosto do drama dela.

— Eu também, me divirto, escolhi a mulher certa pra mim.

— Espero que eu consigo o mesmo.

— Vai conseguir, é um cara especial e merece uma pessoa incrível ao seu lado. — Ele pisca e sorrio, mamãe o chama e ele vai até ela prontamente, dou uma olhada ao redor, todos felizes, gosto assim, Adam me chama para tornar a brincadeira e vou, um dia eu vou caminhar para brincar com meus filhos, espero que seja logo, mas também estou disposto a esperar o tempo que for.

Trilogia Irmãos Guerra - Delicado AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora