Capítulo três

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   TORY NICHOLS não sabia descrever com exatidão o que estava sentindo no momento. O céu estava nublado assim como sua mente, o vento frio fazia suas bochechas se tornarem rosadas e seus lábios ficarem secos, sua posição ereta e seu rosto sem expressão. Sendo sincera, a garota não estava aceitando isso muito bem,  Tory tinha plena certeza de que uma hora todos partiriam dessa para melhor, mas não desse jeito, não de uma forma tão cruel e injusta. A ficha de que Aisha não estava mais no mundo dos vivos não havia caindo ainda, até o presente momento.

A garota loira estava parada na porta da igreja há exatos quinze minutos, ao fundo ela avistava o enorme quadro com a foto de Aisha, um sorriso radiante se fazia presente em seu rosto e o coração de Tory se apertou, o ar começou a fazer falta, mas ela se manteve estática. Não sabia o que fazer ou falar, nem como deveria agir. O tempo inteiro, ela só conseguia pensar que a pessoa que teve a coragem de cometer essa crueldade com a Aisha, viria atrás dela e de seus amigos, ela sabia, ela sentia.

O desespero tomava conta de seu corpo a cada segundo que passava, por mais que Tory quisesse se mecher e entrar dentro da igreja, seus pés não se moviam.

— Tudo bem? — Brandon aproximou-se, tocando levemente as costas da irmã.

— Não consigo entrar.

— Eu entro com você, vamos.

— E-eu não sei se eu quero.

— Ela era sua amiga.

— Eu não quero que isso seja real. — Ela sussurrou com a voz tão baixa que seu irmão quase não ouviu, entretanto, Brandon ouviu com clareza e abraçou Tory de lado em uma tentativa de consola-la e pela primeira vez naquela manhã, Tory dirigiu seu olhar para o rosto preocupado do irmão.

— Eu não vou te deixar.

— Obrigada por ter vindo.

Brandon apenas depositou beijos na cabeça da irmã, antes de finalmente darem um passo em direção a igreja.

Um mês depois

Ela sabia, Tory sabia que não demoraria muito para que o maldito assassino viesse atrás de todos eles, atrás dela, de seus amigos. Ela não tinha para onde correr, ela poderia gritar mas ninguém a ouviria, ela poderia implorar por ajuda, mas ninguém viria socorre-la. Tory Nichols estava destinada a morrer sozinha. Dando alguns passos para trás a cada vez que o assassino mascarado dava um passo para frente. Ela não queria morrer, ela ainda não estava pronta.

— Por favor. — A sua voz saiu como um sussurro suplicante, mas o seu destino seria inevitável.

Então, o assassino lhe atira uma faca, mas antes que pudesse ser atingida, Tory abre os olhos assustada.

— Aí meu Deus!

Sem perceber, lágrimas escorrem pelo seu rosto inchado e assustado. Tory desvia o olhar para o relógio para ver que marcava quatro da manhã. O relógio havia acabado de virar.
Ela colocou a mão no peito como se realmente tivesse sido atingida. Doía, o medo doía.

— Tory. — Batidas foram ouvidas em sua porta e ela deu um pulo na cama antes mesmo de ouvir a voz de seu irmão. — Está tudo bem ? Eu te ouvi gritar.

— Brandon! Eu tive um pesadelo, mas está tudo bem.

— Certeza?

— Não se preocupe.  — Ela disse com a voz rouca, torcendo para que ele tenha entendido.

Um minuto de silêncio se fez presente até que Brandon abriu a porta, colocando apenas a cabeça para dentro.

The day that changed our lives - keenryOnde histórias criam vida. Descubra agora