Capítulo dois

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   Tory Nichols sentiu que seu cérebro parará de funcionar no momento em que viu a garganta rasgada de sua amiga, Aisha. O ar parecia não chegar em seus pulmões e era como se ela fosse incapaz de raciocinar qualquer coisa. Seu corpo tremia tanto e ela só tinha noção de que tudo isso era real porque as mãos fortes de Robby Keene ainda estavam em sua cintura, a segurando depois dela quase cair.

— Aí meu Deus, Aisha. — Sam choramingou, mas sua voz parecia muito distante no momento.

Lágrimas grossas desciam por seu rosto e quando Tory conseguiu se desvencilhar do toque de Robby, ela deu um grande passo até o corpo de sua amiga, estendeu seu braço em uma tentativa de toca-la, mas foi impedida por, novamente, Robby Keene a puxando para trás.

— Você está louca? Não pode tocar em um cadáver!

— Ela...

A voz de Tory estava trêmula e ela sequer conseguia formular uma frase completa, Robby a virou bruscamente e ficou assustado com a forma que a garota está reagindo.

— Tory? — Ele arqueou uma das sobrancelhas, tentando chacoalha-la para ver se ela reagia de alguma forma.
Ele ficou com pena dela, por algum motivo, seu coração se apertou com a dor de Tory.

— Deixa. Deixa ela, cara. — Miguel interviu, separando ambos e quando isso aconteceu, Tory caiu no chão sem força nas pernas. — Tory!

O fato de que Tory era a única que parecia estar em algum tipo de transe assustava a todos,  todos estavam tristes e assustados pela imagem que ficaria guardada em suas mentes por muito tempo.
Mas Tory, ela tinha discutido uma semana antes com a Aisha, não foi nada demais, ambas estavam estressadas pela semana de provas, se deixaram levar pelo calor do momento e agora a consciência de Tory pesava como nunca.

— A gente precisa chamar a polícia.  — Moon se levanta.

— Não.

— Como não, Kwon ?

— Nós seríamos os primeiros suspeitos! Como vamos explicar que estávamos apenas "caçando morcegos"? Pensa um pouco Moon!

A garota voltou a se sentar no chão, chorando agarrada em seu joelho, enquanto Falcão foi abraça-la.

— Não fala assim com a minha amiga! — Yasmine respondeu irritada.

Mas Kwon apenas revirou os olhos, estava na cara que nenhum deles conseguia pensar no momento.

— Precisamos ir embora. — Zara falou evitando olhar para Aisha.

— E vamos deixá-la aqui? — A voz da Nichols saiu falha e trêmula. Apesar dela querer passar raiva, o medo e a dor estavam consumindo-a.

Miguel segurou Tory pelas mãos, ajudando a garota a se levantar e em seguida, ela quase caiu novamente quando seu corpo foi agarrado pelos braços finos de Sam. Nesse momento, Tory queria apenas se manter forte pela amiga que estava sofrendo, mas ela não conseguia. Apesar de não saber lidar com seus sentimentos, Tory descreveria o que está sentindo com "seu corpo sendo rasgado no meio". Era incontrolável não entrar em desespero e logo ela se permitiu chorar no ombro de Sam.

— Vamos poder ajudar mais de casa, podemos estar em segurança e chamar a polícia de lá. E, deixá-los fazer seu trabalho. — Miguel explicou para Tory.

— Ainda não sabemos se o assassino já foi embora. — sussurrou Kwon.

Tory abriu a boca para respondê-los mas antes que pudesse falar qualquer coisa, foram atacados por uma chuva forte.

— Eu falei que ia chover, Sam. — Ela murmurou com a voz arrastada e embargada no ouvido da sua amiga.

— Me desculpa. — A morena respondeu no mesmo tom.

The day that changed our lives - keenryOnde histórias criam vida. Descubra agora