CAPÍTULO 3 - Eu oficialmente odeio azul

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Normalmente não sigo ordens, mas eu nem se quer entendi como tudo isso funciona ou se quer se é real, então resolvi obedecer Gabriel, ele já parecia estar aqui a muito tempo.

Gostaria de deixar claro que me arrependo amargamente dessa decisão, sinto que estou a horas sentado na beira desse monte, e nada da outra equipe dar um sinal de vida, ainda por cima quando olho na tela do celular só haviam se passado 20 minutos.

– Mas que surpresa agradável – Falei cedo demais, Ruan saiu da floresta ainda junto da sua gangue.

– Se você me eliminar eu posso ir embora? Sério, cansei disso aqui – Me levanto.

– Na verdade, vamos brincar de caçador para valer – Ele tira a porra de uma lança que quando tirou da bolsa era pequena mas quando ele a puxa se torna enorme, pelo menos eu achei, nunca nem vi uma lança antes.

– Ei, lembra do que o diretor disse? Nada de machucados graves – Dou um passo para trás.

– O que acham pessoal? Aceitam ficar meia hora no cantinho do pensamento para se divertirem um pouco? – Seus capangas concordam.

– Gente, calma aí, o que eu fiz para vocês? Querem alguma coisa? – Penso em correr mas estou na beira de um precipício.

– Não é pessoal, é só que vão ter outros jogos e para ganhar precisamos ter oponentes forte debilitados – Os outros da equipe também sacam lança, espadas e arco e flechas.

Eles se aproximam de mim, a única coisa que penso em fazer nesse momento é fechar meus olhos e me preparar para apanhar, até que sinto algo acertar me estômago.

– Eliminado – Luís estava entre mim e os azuis – E vocês? O que fazem perdendo tempo aqui?

– Nada – Eles se viram e voltam para floresta.

– Ei! – Chamo sua atenção antes que ele se vá – Valeu, por me ajudar, duas vezes.

– Te ajudar? – Ele solta um pouco de ar da boca em uma risada debochada – Escuta aqui, eu só estou te mantendo vivo porque preciso de você para sair em missão, mas caso você não seja o que eu preciso, vou deixar Ruan e seus minions te massacrerem, então é melhor ser o filho de Tupã – O que ele tem de beleza tem de grosso.

Ele vai embora e eu fico novamente sentado sem ter o que fazer, mas dessa vez eu já estava fora do jogo, pelo menos até o Marcos aparecer.

– E aí? Ruan? – Ele se aproxima e me dá seu broche e me ajuda a levantar.

– Luís – Limpo minha calça.

– Certo, vamos para praia tem vários deles lá – Começamos a caminhar – Estamos em poucas pessoas, eles estão ganhando, o que não é novidade.

Já imaginava que perderíamos desde quando Guaraci disse que a equipe azul era campeã a 8 anos seguidos, a partir desse dia azul é a cor que mais odeio.

– Você vai por aquele lado – Ele aponta para uma direção – Vamos cercar eles.

Eu faço isso, mas quando finalmente recebo o sinal para sair, só eu saio, todos os outros membros da equipe foram eliminados, ninguém para me avisar, me deixaram cara a cara com o demônio (Ruan).

– Fica parado aí – Até parece, eu faço a primeira coisa que me vem na cabeça, ainda tinha todas as minhas bolas e usei 9 delas para acertar os amigos de Ruan, menos o próprio – Resolveu mostrar as garras? – Ele ia pegar um bola da mochila mas elas tinham acabado, eu estava salvo.

– Você está eliminado – Falo animado.

– Cala boca – Ele joga sua lança em minha direção e consegue cortar minha bochecha.

Sinto mais dor do que o normal e talvez porque foi o corte mais fundo que já tive, coloco minha mão sobre o machucado e sinto o sangue escorrendo entre os dedos, se meu pai quisesse se manifestar o momento seria agora, estava o dia inteiro sem comer e agora estava muito sangue.

E incrivelmente ele deu um sinal, o seu fecha e as nuvens começam a trovejar, eu tiro minha mão do machucado e minha palma estava brilhando, meu machucado se cura em um piscar de olhos, se eu contasse para qualquer pessoa achariam que estou mentindo.

– Ele é meu amigo! – Marcos grita.

– Ele é um filho de Tupã – Guaraci diz.

Agora era o momento, podia ganhar o jogo, só faltava...

– Eliminado – Meu corpo estava paralisado por algo que não conseguia ver, quando a bola me acerta só consigo ver... Luís na minha frente – Segunda vez só hoje, devia ficar mais atento, gatinho assustado – Ele me chamou de gatinho?

A equipe Azul começa a comemorar e a vermelha vem em minha direção, tinha certeza que iriam gritar comigo.

– Cara você foi incrível – Gabriel diz – Foi o mais perto que já chegamos de ganhar – Ano que vem a gente treina mais para ganharmos – Ele da um tapinha nas minhas costas.

– Sabia que você era demais no segundo que te conheci – Marcos me abraça.

– Desculpem não ter ganhado.

– Tá de boa, a gente sabe BEM como é – Rimos juntos.

– Vai se dar bem na missão – Cecí diz, já tinha me esquecido dessa tal missão.

– Não vou ter que ir sozinho com ele né? – Viro meu olhar para Luís.

– Não, a gente vai com você – Cecília puxa Marcos.

– Menos mal – Suspiro.

– Vamos logo, está na hora do almoço – Almoço, finalmente.

O refeitório era como o de qualquer acampamento de verão, grande e com muitas mesas, 14 mesas para ser específico, provavelmente uma para cada cabana.

Os filhos de Saci me convidam para sentar com eles, todos pareciam muito legais, me sentia em casa.

– Marc – Chamo ele mas não recebo atenção – Marcos? – Nada – Cara – Balanço seu ombro e ele me faz um sinal para esperar.

– Aqui Marcos, toma mais cuidado da próxima vez – Gabriel aparece atrás de nós e entrega para Marcos um aparelho auditivo, depois sai.

– Desculpa, agora estou ouvindo.

– Não sabia que era surdo.

– Não sou 100%, só uns 70, não que melhore muita coisa, maioria de nós tem alguma deficiência – Ele se refere a cabana.

Longe da gente eu vejo Luís de servindo, achei que ele iria se sentar com Ruan e os outros filhos do Curupira, mas na realidade ele sai do refeitório e vai em direção a sua cabana, Marc me contou que ele sempre ficava sozinho.

– Samuel, Marcos e Cecília, é a hora – Hora de que? Vejo os dois se levantando e seguindo uma mulher com longos cabelos brancos e pele tão clara quanto, não êxito em fazer o mesmo.

Acho que era a hora missão.

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⏰ Última atualização: 14 hours ago ⏰

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