...nem toda noite, mais sempre numa noite...

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.....em casa.....

Eu já estava na mesa jantando com meus pais, e eu estava procurando palavras pra começar a falar sobre o assunto com meu pai.

Eu estava tão distraída, que nem percebi que eu brincava com a comida no meu prato.

- Jady, coma! A comida vai esfriar!...- minha mãe me tirou do mundo da lua. - Aconteceu alguma coisa?

- Então, sobre isso...

- Fez um amigo? Ou amiga?- minha mãe me cortou disparada, dei uma risada de seu entusiasmo.

- Fiz. E é sobre isso que quero conversar.

- É um menino? - meu pai se pronunciou pela primeira vez durante o jantar, claro que ele ia fazer uma pergunta dessas...

- Sim, e ele precisa de ajuda.- fui direta, não queria que me cortassem de novo, e nem mesmo que o assunto mudasse de tal forma, onde estariam falando de namoro e coisas do tipo.

- Que tipo de ajuda?

- Pai, ele está sendo perseguido, por um cara que quer sequestrar ele. - fiquei seria, pra mostrar que eu não estava brincando.

- Como assim? Sequestrado?- pela voz e expressão da minha mãe, percebi que ela queria que eu estivesse brincando...

- Sim, de algum jeito, ele é um menino feito de madeira, ele fala, canta, dança... realmente parece um boneco de teatro, mais ele tem vida, e está sendo perseguido por um cara que quer ganhar dinheiro com ele.

- Tem certeza que não está inventando? Sua imaginação é muito fértil, lembre-se do que pode acontecer com...

- Eu sei mãe, não precisamos falar disso, eu sei controlar minha imaginação.

- Tá bom filha, então com oque ele precisa de ajuda? Ele tem casa? Tem família?

- Sim, ele tem casa, não sei quantos são na família dele, mais sei que ele mora com alguém, e bom, o senhor pode prender o cara né! - falei empolgada, como se fosse a coisa mais simples do mundo.

- Queria que fosse simples assim- disse cabisbaixo - mais aqui, neste lugar, eu não tenho autoridade.

- Como assim?

- Eu sou o Capitão da Guarda Real de Tão Tão Distante, não daqui.

- Mais o senhor pode falar com as autoridades daqui, não é?

- Eu até posso, mais talvez eles não vão me escutar, ninguém aqui me conhece, ninguém sabe oque eu faço ou oque eu sou capaz de fazer, vão me achar um louco se eu falar de uma coisa dessas.

- Então oque faremos?

- Filha, faça o seguinte, quando você o ver de novo, diga pra vir aqui em casa, eu vou acompanhar ele até a delegacia que deve ter aqui perto e abrir um boletim de ocorrência.

- Tá bom.

Assim que terminei de comer, levantei, lavei meu prato e fui em direção a porta.

Disse para meus pais que eu sair um pouco, um dos motivos de eu ter insistido de jantar cedo era pra poder conversar com os meninos sobre um plano.

Plano...era até engraçado pensar assim, já que não tinhamos plano nenhum, apenas uma pequena saída da situação ruim em que Pinóquio estava.

Cheguei onde nós tínhamos marcado de se encontrar e fiquei esperando eles chegarem.

Agora que noite, aqui tinha uma fonte de água com um chafariz, lindo.

Fiquei encantada com a beleza daquele lugar, e meio mal de ter notado só agora.

O céu estava escuro, com algumas estrelas, já eram 10:00 da noite, e os meninos não tinham chegado.

Acho que eles não vem...

Derrepente, um barulho de carroça me chamou atenção...
Na minha direção vinha uma carroça em alta velocidade.

Eu pensei que iam passar direto, mais mudei de ideia quando um cara de cima da carroceria pegou uma rede e mirou em, MIM?

Assim que vi o objetivo do cara, me apressei pra sair dali, mais eu sabia que não conseguiria fugir.

A carroça puxada por 6 burrinhos cinzas estava muito mais rápida que eu.

Depois de correr por 15 segundos, senti uma coisa agarrar nas minhas costas e na minha perna, me fazendo tropeçar e cair.

A carroça parou e me jogou pra dentro da grande carroceria.

Eu comecei a espernear e a gritar enquanto a carroça voltava a andar bem rápido.

- Eu falei que nessa fonte sempre tem criança! O patrão vai ficar feliz! - um cara de máscara preta que só cobria do nariz para baixo, dizia feliz para quem conduzia a carroça.

- Realmente, nas três vezes que passamos, conseguimos pegar alguém lá- o outro cara de bandana vermelha, confirmou .

- Ei seus cabeças de maribu, me tirem daqui! - gritei irritada.

- Calma garota, você nem sabe pra onde vai né?

Eu fiquei quieta, achando que ele me diria onde estava me levando.

-Deixa ela com os outros!- o motorista ordenou.

Espera, outros?...

Assim que olhei para trás, vi uma porção de criança junta, no fundo da carroceria.

Entre essas crianças, me deparei com Perry e Pinóquio me olhando, provavelmente estavam achando graça do meu escândalo.

Assim que o cara de bandana vermelha me soltou, eu fui ao encontro de meus novos amigos.

- Gente! Oque tá acontecendo?- perguntei receosa.

- Bom, estamos sendo levados para a Ilha da Diversão! - Pinóquio deu um grito de alegria, que eu achei muito estranho, não a parte do grito de alegria, mais a parte onde ele fica feliz por estarmos indo pra um lugar onde nem sabemos onde é.

As crianças que estavam mais para o fundo da carroceria, me olharam e também gritaram de alegria.

Não é possível que esse povo tá feliz!

Uma menina que estava entre essas crianças, que eu chuto ser umas 12, veio falar comigo.

- Entenda nosso lado, essa carroça passa nem toda noite, mais sempre numa noite, ela pega qualquer criança que esteja na rua, nós leva pra ilha da diversão e depois nos traz de volta.

Sinceramente, quando ela falou isso, eu percebi que os 6 burrinhos que puxavam a carroça me olharam, ao mesmo tempo, com um olhar de tristeza.

Assim que o motorista percebeu a falta de atenção dos burrinhos, ele lhes deu uma chicotada que só de pensar, doeu em mim.

- Tem certeza que eles nos trazem de volta? - perguntei.

Antes dela abrir a boca pra me responder, o cara de máscara preta veio até nós.

- Claro que sim, imagina só, vocês vão amar a Ilha, lá tem toda a diversão que seus pais não deixam vocês terem aqui.

Olhei meio assustada, seria mesmo toda diversão?

Eles nos trariam de volta?

Eles são confiáveis?

Tudo que meu consciente dizia era, "não confie neles", "não baixe a guarda", "não ignore os burrinhos" e "não abandone sua família"

Sentei perto de Pinóquio e de Perry, fiquei ao lado deles o tempo todo, apenas olhando e vendo o caminho que a carroça seguia até o nosso destino...

Será que meus pais já notaram que eu sumi?

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