Capítulo 4 - Pietro boca aberta

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— Mãe... — ele disse, sua voz soando um pouco rouca, mas cheia de carinho.

— Isso é... é real? — murmurou Agatha, a voz embargada enquanto uma lágrima escorria por seu rosto. Ela levou uma das mãos ao próprio peito, como se tentasse conter o coração acelerado. — Nicholas, você morreu... você morreu com sete anos.

Nicholas assentiu, olhando para ela com uma expressão compreensiva, como se ele mesmo tivesse esperado por aquele momento por muito tempo.

— Eu morri, mãe. Mas a minha outra mãe a Rio... — Ele olhou para a mulher de cabelos negros ao lado, que os observava com um olhar silencioso, profundo. — Ela deu um jeito de me manter perto dela. Ela quebrou algumas regras. E eu fiquei com ela, por todos esses anos.

Agatha sentiu seu olhar pousar em Rio, confusa e ao mesmo tempo grata, sem saber o que pensar ou como processar.

— Como... como você fez isso? — ela sussurrou para Rio, a voz carregada de incredulidade.

Rio deu um pequeno sorriso, um misto de tristeza e aceitação em seu olhar.

— Eu... cuidei dele da única maneira que eu podia. Mantive ele comigo. Ele não pôde estar com você no mundo físico, porque eu não tinha como deixar mais tempo...

Nicholas segurou a mão de Agatha, apertando-a com firmeza.

— Eu sempre estive aqui, mãe. De um jeito ou de outro, Rio me deu essa chance. E, mesmo que tenha sido complicado, ela cuidou de mim... como pôde.

Agatha o puxou para um abraço apertado, sentindo o calor do corpo dele, a sensação que acreditava jamais poder reviver. Ela fechou os olhos, respirando o momento, cada segundo precioso demais para ser desperdiçado.

— Você não sabe o quanto eu senti sua falta... — ela murmurou, a voz embargada.

— Eu sei, mãe. — Ele se afastou levemente para encará-la, os olhos brilhando de emoção. — Mas agora estamos aqui. Nos três.

— Não existe nos três.— Agatha falou.— Vamos ser eu e você só.  Como antes lembra ?

— Ela também é minha mãe. E ela se sacrificou mãe. Ela deu a imortalidade dela pra te trazer de volta. Seu corpo mal esfriou. E ela enlouqueceu.

— Mortal ? Você agora é mortal?— Agatha falou e suas mãos se ascenderam em tons roxos. Ela colocou o filho atrás dela  e caminhou até Rio e a pegou pelo pescoço. Rio deu um sorriso quase safado.

— Você sabe que eu posso gostar desse tipo de coisa né?— ela disse tentando respirar. Agatha apertava bastante seu pescoço.

Rio sentia os dedos de Agatha apertando seu pescoço com firmeza, e mesmo com a força que sabia que Agatha poderia aplicar, um sorriso brincalhão se formou em seus lábios. As palavras saíram roucas, mas ainda carregadas daquele humor provocativo que sempre a fazia entrar em conflito com Agatha.

— Se tem uma coisa que nunca mudou entre a gente é esse... jeitinho seu.

Agatha soltou uma risada baixa, mas seus olhos tinham uma mistura de raiva e algo mais profundo. Ela apertou ainda mais o pescoço de Rio, a mágica vibrando ao seu redor em tons roxos intensos.

— Agora que você é mortal, eu posso finalmente te quebrar como um palitinho. Talvez eu até me divirta enquanto faço isso — sussurrou, com os lábios próximos ao ouvido de Rio.

Rio riu, apesar da pressão no pescoço, e inclinou a cabeça o quanto conseguiu, a respiração entrecortada.

— Faz isso, Agatha. Se isso te fizer se sentir melhor... vai em frente — murmurou. — Mas você sabe que, por mais que sempre teve o jogo de gato e rato, as ameaças, o ódio... — Ela respirou fundo. — Nada disso significou mais pra mim do que ver você todo dia, mesmo me odiando. Porque eu amo você. Sempre amei. E sempre vou amar.

O Beijo  Da Morte - AgatharioOnde histórias criam vida. Descubra agora