capítulo 2

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Ella

Já havia se passado um mês desde a morte da mamãe, e bem minha vida tá pior do que imaginaria que estaria, meu pai não para em casa vive pela rua e quando vem para casa, vem só para me desprezar, eu tô proibida de sair de casa, e para ser sincera prefiro assim do que as pessoas o tempo todo dizendo que sente muito quando andava pelas ruas de Salvador. Ultimamente meu pai tem me obrigado a fazer as coisas, seja desde esfregar e deixar o chão brilhando a até mesmo cozinhar para ele, eu tava cansada, cansada das humilhações, das vezes que ele me bateu, de ser tratada como se fosse um monstro, mas teve um dia em específico que tudo mudou

...
Meu pai Rhuan havia chegado em casa e dessa vez, ele mal parava em pé, porém eu comecei a me acostumar com essas situações mas não demorou muito para ele manter sua rotina

"Sabia...era para ter sido você, você não presta nem para fazer uma comida boa, sua mãe pelo menos sabia como me servir agora você, você não passar de uma guria ingrata e assassina" cuspiu essas palavras em minha cara como se estivesse instalado

"Pai, eu...eu sinto muito" já sentia a primeira lágrima a descer

Ele nada disse, apenas me olhou com seu olhar de desprezo e fez o que fazia toda noite com minha mãe, quando não era desprezar o cinto era o que usava, quando menos percebi ele estava lá me batendo e descontando toda sua raiva, e eu só conseguia chorar e implorar para que isso tudo acabasse logo. Se passaram 10 min assim, até que senti ele parar e ouvi seus passos indo até sua poltrona, me arrisquei em olhar e vi seu olhar perdido na televisão como se o que tivesse acontecido agora não fosse nada. Juntei todo o resto das forças que eu tinha e subi pro meu quarto

E bom foi naquela noite deitada em minha cama sentindo o sangue escorrer, que eu decidi que iria embora, porque até mesmo os frios da rua de Salvador eram melhor que aquilo

Pedro Bala

Já havia se passado dois meses desde que Dora se foi e o trapinche continuava o mesmo, ou bom a gente tentava continuar, o professor continua contar suas histórias todas as noites, os roubos ainda eram feitos, mas eu sentia, sentia como se uma parte minha tivesse ido com Dora, professor veio me dizer que ela era o amor da minha vida mas não para minha vida, eu entendi o que ele quis dizer mas sinceramente mesmo que não fosse para ser, eu queria poder ter salvado ela

"Saiu outra notícia sobre os capitães da areia" professor veio dizendo com o jornal em mãos "depois de um bom tempo sem notícia tivemos um roubo na mansão Dalen, tudo indica que Pedro Bala líder dos capitães de areia era um dos assaltantes"- ao terminar ele me lançou um olhar preocupado "Bala temos que tomar cuidado desde a partida de Dora você ficou mais cabeça dura do que já era"

"Professor, vai vender seus desenhos e não me enche meu saco fecho" dei uma puxada no cigarro

"Não tá mais aqui quem falou" disse enquanto sai "Aí gato vamo lá na praça comigo" ouvi ele chamar o gato enquanto voltava a olhar as ondas do mar, sentindo como se minha vida fosse mudar eu não sei como mas iria

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