Capítulo 4: O Desafio de Hope
Os treinos haviam ficado cada vez mais intensos nos últimos dias, mas Hope ainda sentia que não estava à altura das expectativas de Ayathzla, Valkyr e Eryka. A insegurança que ela tentava esconder estava começando a transparecer em cada movimento, cada golpe que ela não conseguia bloquear, cada erro que a fazia sentir-se inferior às guerreiras ao seu redor.
Na manhã seguinte, quando as três guerreiras se reuniram para o treinamento diário, Hope tomou uma decisão. Seus olhos estavam firmes, mais determinados do que nunca, mas também havia algo de impetuoso em sua postura.
- Quero mais. - Hope disse, a voz firme, sem hesitação.
Valkyr levantou uma sobrancelha, já familiarizada com o espírito obstinado de Hope. Eryka, ao lado dela, a observou com uma expressão cautelosa, mas tranquila.
- Mais? - Valkyr perguntou, claramente cética. - Você já está no seu limite. O que mais você acha que pode suportar?
Hope olhou para ela, sua expressão desafiadora.
- Quero treinar mais, mais pesado. Eu preciso. - Ela disse, sem dar espaço para discussão.
Ayathzla, que até então havia ficado em silêncio, a observou atentamente. Ela sabia o que Hope estava tentando fazer. Ela estava tentando provar algo para elas. Algo que ela mesma ainda não compreendia completamente.
- Você já está treinando o suficiente, Hope. Não é sobre força bruta. - Ayathzla disse com calma, sua voz baixa, quase como um aviso.
Mas Hope não queria ouvir. A frustração em seu peito transbordava. Ela não queria ser vista como fraca. Não queria ser alguém que precisava de proteção. Ela precisava provar a si mesma que podia atravessar o abismo, mesmo sem ser uma guerreira experiente.
- Quero mais. - Ela insistiu.
Valkyr trocou um olhar com Ayathzla, mas a expressão de Ayathzla permaneceu inalterada. Ela sabia que Hope precisava disso, mas sabia também que o corpo da jovem não estava preparado para a intensidade que ela pedia.
Sem mais palavras, as três guerreiras começaram a intensificar o treinamento. Ayathzla fez questão de direcionar os ataques, mas os treinos logo se tornaram um jogo de resistência, onde Hope estava dando o máximo de si, sem pensar nas consequências. O suor escorria por seu rosto, seus músculos doíam, mas ela continuava. A espada cortava o ar com precisão e força, e o som de metal contra metal ecoava pelo campo.
Até que, em um movimento brusco, Hope foi desarmada e, no desequilíbrio, a lâmina de sua própria espada cortou seu braço. O sangue manchou o solo imediatamente.
Ela parou, olhando para o corte profundo em sua pele. O sangue parecia não parar de escorrer, e a dor a atingiu com força, obrigando-a a tomar um fôlego rápido.
- Hope! - Ayathzla gritou, se aproximando rapidamente.
Hope tentou ignorar a dor, mas sua visão ficou turva por um momento. Ela respirava pesadamente, olhando para o corte com um sorriso amargo.
- Eu não sou uma guerreira. - Ela murmurou para si mesma, enquanto sentia os músculos fraquejando. - Não sou forte o suficiente...
Ayathzla se aproximou mais, pegando o braço de Hope com firmeza. O toque da guerreira era frio, mas firme, e transmitia uma sensação de segurança que Hope não sabia que precisava. Ayathzla olhou para o corte, examinando rapidamente a gravidade da ferida.
- Você está tentando demais, Hope. Você tem que entender que a força não vem apenas do corpo, mas da mente. E mais importante: da paciência. - Ayathzla falou com uma suavidade que Hope nunca havia ouvido antes em sua voz. Ela parecia mais... humana, por um momento. Algo em sua atitude se desfez, deixando transparecer uma preocupação genuína.
Hope sentiu o toque de Ayathzla em sua pele, quente e firme, como se estivesse cuidando dela de uma maneira que ninguém mais havia feito. As palavras de Ayathzla ressoaram em sua mente, e ela sentiu algo estranho brotar dentro dela. O fogo de sua determinação ainda ardia, mas havia um tipo de vulnerabilidade que ela não sabia como lidar.
Ela levantou os olhos para Ayathzla, e, por um momento, as duas se encararam em silêncio. O vento os envolvia, mas tudo ao redor parecia ter parado, como se o mundo tivesse diminuído de tamanho, deixando apenas elas duas, ali, no centro de tudo.
- Eu não queria ser fraca. - Hope disse baixinho, sentindo um peso que ela não sabia que carregava.
Ayathzla soltou um suspiro profundo, seus olhos suavizando ao encarar a jovem.
- Você não é fraca, Hope. Você está apenas começando a entender que a verdadeira força está em saber onde você precisa crescer. E ninguém consegue fazer isso sozinho. - Ayathzla deu um passo mais perto de Hope, seus olhos intensos. - Não importa o que você tenha perdido até agora, você ainda tem muito a aprender. E eu estarei aqui, te ensinando o que você precisa aprender para atravessar o abismo.
Hope olhou para ela, sentindo seu coração bater mais rápido. A proximidade de Ayathzla estava começando a deixá-la nervosa de uma maneira que ela não entendia bem. O olhar de Ayathzla parecia atravessá-la, como se ela pudesse ver suas fraquezas, suas inseguranças, e ao mesmo tempo, aceitá-las sem julgá-las.
- Eu... - Hope tentou falar, mas as palavras se perderam na garganta. Ela queria dizer algo, mas não sabia como expressar a confusão de emoções que sentia.
Ayathzla, percebendo a luta interna de Hope, estendeu a mão suavemente, tocando seu rosto com uma leveza quase imperceptível. O gesto foi simples, mas significativo. Hope ficou paralisada por um momento, o toque de Ayathzla queimando sua pele como fogo.
- Está tudo bem. - Ayathzla disse baixinho, seus olhos agora mais suaves. - Você vai aprender a ser forte da sua maneira. E isso é o suficiente para mim.
Hope sentiu uma mistura de sensações: alívio, frustração, e algo mais, algo que ela não soubera identificar até então. A forma como Ayathzla a olhava, como se soubesse o que ela estava sentindo sem precisar dizer uma palavra, a fazia se perder.
- Eu... Eu quero acreditar nisso. - Hope respondeu, sua voz tremendo ligeiramente. Ela se sentia vulnerável, mas algo dentro dela também se aquecia com a presença de Ayathzla.
Ayathzla ficou em silêncio por um momento, e então, com um leve sorriso, fez um gesto para que Hope a seguisse até um local mais tranquilo, para que ela pudesse cuidar da ferida.
Mas antes que as duas saíssem do campo, Ayathzla olhou para Hope por cima do ombro, seu olhar intenso e, ao mesmo tempo, suave.
- Não se esqueça: você não está sozinha nessa jornada. - Ela disse, com uma leveza que fez Hope sentir algo dentro dela se acender.
A tensão entre elas estava crescendo, e, embora a conversa tivesse sido sobre treino e força, o que Hope não podia ignorar era o que estava começando a se formar entre elas: algo mais forte que qualquer espada.
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O Abismo que nos Separa⛰️
Fantasy~Onde em um mundo que homens e mulheres vivem separados por um Abismo, Hope se vê separada de seu irmão Lukas aos 6 anos de idade . Anos depois , Hope decide ir atrás de seu irmão, aconteça o que acontecer. -Alguns Avisos- •Nossa personagem principa...