pérola negra

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Somos pecadores
E pagaremos por isso nos fogos eternos,
Mas enquanto houver gula, luxúria e delírio,
Estaremos aqui, desenhando nossa perdição,
Como pacíficos à beira do precipício,
Afinal, somos poetas,
Escritores de pecados,
Artistas do vício, músicos do desejo,
Não estamos aqui para amar o amor ameno,
Em uma sociedade doente,
Somos hereges a transgredir o banal,
E nossa intenção é beber o caos,
Usufruir o veneno, saborear o escuro.

Em um mundo que se contorce na própria insanidade,
Não vejo imoralidade em mim perder nas tuas curvas,
Em deslizar na seda do teu corpo,
Garota obscura de pele incandescente,
Tua beleza é a arma que assombra,
Me fizeste ferir meu próprio menino interior,
E tua sujeira é agora o alicerce do meu templo.

O que há para nós, pérola perversa,
Além do abismo que é e do êxtase do que nunca deveria ser?
Se eu tivesse te soltado meses atrás,
Não estaria aqui, de joelhos no altar das tuas vontades, neste chão de sacrifícios,
Onde o sangue do desejo se mistura ao pó da inocência perdida,
Onde nosso amor, insano e infernal,
Se torna nossa única redenção.

Toda mulher tem um pedaço de AfroditeOnde histórias criam vida. Descubra agora