07 - Machucado

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Cecília's point of view

A chuva caía forte enquanto todos tremiam de frio, e as crianças se assustavam com os trovões.

Dora acalmava Ze Fuinha e o cobria com um casaco velho.

Pedro tinha sumido sem dar aviso de onde ia nem quando voltava; eu confesso que estava preocupada com ele.

“Ele tá demorando...” — comentei com o pirulito.

“Pedro sabe o que faz.” — ele fala, tentando não me preocupar.

Fiquei olhando para o céu cinzento enquanto aguardava ele voltar. Cerca de 30 minutos depois, ele voltou machucado e todo molhado; levantei e fui correndo até ele.

“O que aconteceu, Pedro?” — Eu pergunto, meio desesperada, vendo o seu olho roxo.

“Aquele cuzão do Ezequiel me pegou desprevenido, e eu não consegui reagir.” — Ele fala com ódio.

“Vem, você precisa de cuidados!” — Eu digo e levo-o para o “quarto”.

Eu pego um kit de primeiros socorros que tinha pegado da casa da minha mãe antes de ir embora de uma vez.

“Senta aqui!” — Eu falo, apontando para a cadeira.

“Quantos eram?” — Eu perguntei, com dó, enquanto limpava os machucados.

“Eles estavam em três, mas o que mais me irritou foi que eles falaram que você era mais uma putinha que eu estava comendo.” — Pedro fala, fazendo algumas caretas de dor.

“Eles só falam merda, às vezes é melhor não ligar.” — Eu falo, passando o pano pela última vez. — “Tá doendo?”

“Tá doendo meu ódio, mas eu vou me vingar.”

“Você sabe que pode contar comigo!” — Eu afirmo.

“Melhor não, se te pegarem, você vai ter que voltar para aquele convento de freiras.”

“Eu sei me cuidar, Pedro.”

“Eu sei que sabe…” — Ele fala, acariciando minha bochecha.

Ele se aproxima, olhando para os meus lábios, e põe a mão em minha cintura. Eu rapidamente arrepiei com seu toque repentino, fazendo ele dar um sorriso ladino com a minha reação, mas, antes que nossos lábios se juntassem por completo, Dora entra no quarto.

“Bala, o professor quer falar contigo.” — Ela fala, e nós rapidamente nos afastamos envergonhados; Pedro balança a cabeça e sai do quarto calado.

“O que estava rolando antes de eu chegar?” — Ela pergunta com curiosidade.

“Nada, eu só estava ajudando ele com os machucados.”

“Sei bem que machucados são esses.” — Ela fala com malícia na voz.

“Que nada, sua boba!” — Eu falo, rindo, com as bochechas vermelhas de vergonha.

“Posso te perguntar uma coisa?” — Eu falo, meio receosa.

“Pode, quantas você quiser!” — Ela fala, sorrindo gentilmente.

“Tu gosta de Pedro?” — Eu pergunto, ainda com receio.

“Não, mas por que a pergunta?”

“Ah, é porque no dia em que você chegou, você tinha falado que achou o Pedro bonitinho e tals…”

“Relaxa, foi uma atração momentânea; eu gosto de outra pessoa.”

“Outra pessoa? Quem?” — Eu pergunto, curiosa.

“Professor.” — Ela fala, envergonhada.

“Sério!?” — Eu falo, surpresa.

Antes que ela me desse os detalhes, Pedro Bala entrou no quarto.

“Vou deixar vocês sozinhos” — Ela fala, levantando e saindo do quarto.

“O que você foi falar com o professor?” — Eu pergunto, afastando-me para ele sentar ao meu lado no colchão.

“Ele pensou em um plano.” — Ele fala, colocando a mão em minha coxa.

“Qual?” — Eu pergunto e tiro a mão dele.

“A gente invadir a base da gangue de Ezequiel e chamar ele para uma briga justa; quem ganhar fica com o território.”

“Isso não é arriscado?” — Eu pergunto, preocupada.

“Um pouco, mas a gente se garante.” — Ele fala, convencido.

“Eu vou junto!”

“Não vai, não!”

“Vou sim! Você não manda em mim, eu também tô metida nesse assunto!” — Eu falo, levantando.

“Pra onde você vai?” — Ele pergunta, levantando junto.

“Não sei, Pedro, não sei!” — Eu falo, irritada, e saio.

“Menina difícil!” — Ele fala alto para eu escutar.

[...]

Eu andava pelas ruas escuras de Salvador, tentando distrair a cabeça, e senti que tinha alguém me seguindo; olhei para trás e não tinha ninguém.

“Eu tô ficando maluca.” — Pensei.

Continuei andando, até que alguém me puxou bruscamente para um beco.

“Se você gritar, se considere morta!” — Um dos capangas de Ezequiel falou antes de colocar algo no meu nariz e eu desmaiar.

Autora’s point of view

Ele pegou Cecília no colo desacordada e a levou até uma casa velha, onde era a base da gangue de Ezequiel.

Ele a jogou de qualquer jeito no chão e esperou as ordens do chefe.

“Amarra ela!” — Ezequiel ordena.

O capanga dele obedece e amarra Cecília. Outro garoto a balança até que ela acorde.

Cecília's point of view

Eu abri os olhos lentamente por conta da claridade que entrava pelas frestas da janela.

“Acordou, não foi, vagabunda?!” — Ezequiel fala, se aproximando.

“Você vai pagar pela maconha que você tá me devendo e pelo seu namoradinho frouxo.” — Ele fala e me dá um murro, fazendo minha boca sangrar.

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Author's notes

808 palavras

Desculpa qualquer erro de escrita

Capítulo não revisado!

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𝐌inha Capitã - Pedro bala Onde histórias criam vida. Descubra agora