Cecília's point of view
A chuva caía forte enquanto todos tremiam de frio, e as crianças se assustavam com os trovões.
Dora acalmava Ze Fuinha e o cobria com um casaco velho.
Pedro tinha sumido sem dar aviso de onde ia nem quando voltava; eu confesso que estava preocupada com ele.
“Ele tá demorando...” — comentei com o pirulito.
“Pedro sabe o que faz.” — ele fala, tentando não me preocupar.
Fiquei olhando para o céu cinzento enquanto aguardava ele voltar. Cerca de 30 minutos depois, ele voltou machucado e todo molhado; levantei e fui correndo até ele.
“O que aconteceu, Pedro?” — Eu pergunto, meio desesperada, vendo o seu olho roxo.
“Aquele cuzão do Ezequiel me pegou desprevenido, e eu não consegui reagir.” — Ele fala com ódio.
“Vem, você precisa de cuidados!” — Eu digo e levo-o para o “quarto”.
Eu pego um kit de primeiros socorros que tinha pegado da casa da minha mãe antes de ir embora de uma vez.
“Senta aqui!” — Eu falo, apontando para a cadeira.
“Quantos eram?” — Eu perguntei, com dó, enquanto limpava os machucados.
“Eles estavam em três, mas o que mais me irritou foi que eles falaram que você era mais uma putinha que eu estava comendo.” — Pedro fala, fazendo algumas caretas de dor.
“Eles só falam merda, às vezes é melhor não ligar.” — Eu falo, passando o pano pela última vez. — “Tá doendo?”
“Tá doendo meu ódio, mas eu vou me vingar.”
“Você sabe que pode contar comigo!” — Eu afirmo.
“Melhor não, se te pegarem, você vai ter que voltar para aquele convento de freiras.”
“Eu sei me cuidar, Pedro.”
“Eu sei que sabe…” — Ele fala, acariciando minha bochecha.
Ele se aproxima, olhando para os meus lábios, e põe a mão em minha cintura. Eu rapidamente arrepiei com seu toque repentino, fazendo ele dar um sorriso ladino com a minha reação, mas, antes que nossos lábios se juntassem por completo, Dora entra no quarto.
“Bala, o professor quer falar contigo.” — Ela fala, e nós rapidamente nos afastamos envergonhados; Pedro balança a cabeça e sai do quarto calado.
“O que estava rolando antes de eu chegar?” — Ela pergunta com curiosidade.
“Nada, eu só estava ajudando ele com os machucados.”
“Sei bem que machucados são esses.” — Ela fala com malícia na voz.
“Que nada, sua boba!” — Eu falo, rindo, com as bochechas vermelhas de vergonha.
“Posso te perguntar uma coisa?” — Eu falo, meio receosa.
“Pode, quantas você quiser!” — Ela fala, sorrindo gentilmente.
“Tu gosta de Pedro?” — Eu pergunto, ainda com receio.
“Não, mas por que a pergunta?”
“Ah, é porque no dia em que você chegou, você tinha falado que achou o Pedro bonitinho e tals…”
“Relaxa, foi uma atração momentânea; eu gosto de outra pessoa.”
“Outra pessoa? Quem?” — Eu pergunto, curiosa.
“Professor.” — Ela fala, envergonhada.
“Sério!?” — Eu falo, surpresa.
Antes que ela me desse os detalhes, Pedro Bala entrou no quarto.
“Vou deixar vocês sozinhos” — Ela fala, levantando e saindo do quarto.
“O que você foi falar com o professor?” — Eu pergunto, afastando-me para ele sentar ao meu lado no colchão.
“Ele pensou em um plano.” — Ele fala, colocando a mão em minha coxa.
“Qual?” — Eu pergunto e tiro a mão dele.
“A gente invadir a base da gangue de Ezequiel e chamar ele para uma briga justa; quem ganhar fica com o território.”
“Isso não é arriscado?” — Eu pergunto, preocupada.
“Um pouco, mas a gente se garante.” — Ele fala, convencido.
“Eu vou junto!”
“Não vai, não!”
“Vou sim! Você não manda em mim, eu também tô metida nesse assunto!” — Eu falo, levantando.
“Pra onde você vai?” — Ele pergunta, levantando junto.
“Não sei, Pedro, não sei!” — Eu falo, irritada, e saio.
“Menina difícil!” — Ele fala alto para eu escutar.
[...]
Eu andava pelas ruas escuras de Salvador, tentando distrair a cabeça, e senti que tinha alguém me seguindo; olhei para trás e não tinha ninguém.
“Eu tô ficando maluca.” — Pensei.
Continuei andando, até que alguém me puxou bruscamente para um beco.
“Se você gritar, se considere morta!” — Um dos capangas de Ezequiel falou antes de colocar algo no meu nariz e eu desmaiar.
Autora’s point of view
Ele pegou Cecília no colo desacordada e a levou até uma casa velha, onde era a base da gangue de Ezequiel.
Ele a jogou de qualquer jeito no chão e esperou as ordens do chefe.
“Amarra ela!” — Ezequiel ordena.
O capanga dele obedece e amarra Cecília. Outro garoto a balança até que ela acorde.
Cecília's point of view
Eu abri os olhos lentamente por conta da claridade que entrava pelas frestas da janela.
“Acordou, não foi, vagabunda?!” — Ezequiel fala, se aproximando.
“Você vai pagar pela maconha que você tá me devendo e pelo seu namoradinho frouxo.” — Ele fala e me dá um murro, fazendo minha boca sangrar.
___________________________________________
Author's notes
808 palavras
Desculpa qualquer erro de escrita
Capítulo não revisado!
Não se esqueçam de votar 🤍
VOCÊ ESTÁ LENDO
𝐌inha Capitã - Pedro bala
Fanfic- Cecília, uma garota de 16 anos que entrou muito cedo para a vida do crime e tenta sobreviver nas ruas e becos estreitos de Salvador. Mas, sem ao menos esperar, um grupo de garotos órfãos entra em seu caminho.