Capítulo 3

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Devido à dificuldade para dormir, Laís estava muito cansada, já que eram duas noites seguidas sem dormir direito.

Quando o seu vizinho irritante finalmente parou de fazer barulho, ela adormeceu e, quando o seu despertador tocou, estava tão cansada que acabou adormecendo novamente. Após cerca de meia hora, ela acordou num pulo ao se lembrar da hora.

Tomou banho o mais rápido que conseguiu e novamente colocou uma roupa completamente branca. Comeu algumas torradas com requeijão no café da manhã e bebeu leite com achocolatado por ser mais rápido que café. Escovou os dentes rápido e prendeu o cabelo num coque desajeitado, sem muito tempo para se arrumar.

A garota pegou a sua mochila e o celular, mandou um áudio de bom dia para os pais e disse que depois veria a resposta deles sobre o que ela disse no dia anterior.

Laís saiu em passos rápidos do seu apartamento e correu na direção do elevador, vendo que o seu vizinho já estava lá dentro, e então ela teve que engolir o seu orgulho.

— Segura o elevador, por favor! — Praticamente suplicou.

Ele deu um sorriso maldoso e tirou a atenção do celular em suas mãos, erguendo o olhar até ela.

— Oi, vizinha, bom dia. O que disse?

— O elevador!

— Até depois, vizinha. — Acenou para ela enquanto a porta do elevador se fechava.

— Filho de uma... — Suspirou irritada e apertou o botão para chamar, sabendo que descer de escadas seria muito mais demorado.

Após um tempo, o elevador chegou e ela apertou o botão do térreo, desejando matar aquele garoto que ela sequer sabia o nome.

Laís estava decidida, assim que possível falaria com a síndica do prédio.

Ela cumprimentou o porteiro e saiu rápido do condomínio, indo até a sua faculdade em passos rápidos.

Por sorte, não encontrou o garoto chato pelo caminho. E por mais sorte ainda, chegou dentro do horário.

Ao chegar na sala de aula, ela escolheu uma cadeira e colocou as suas coisas em cima, sentando-se, ofegante.

— Oi! — Uma voz feminina veio de trás dela.

Lá estava uma garota que não parecia ter nem 1.60m de altura, pele extremamente branca, cabelo ondulado num tom de loiro escuro e as pontas tingidas de rosa, olhos verdes e um sorriso doce nos lábios.

— Oi. — Laís tentou sorrir de volta, apesar da timidez.

— Eu sou a Alice, e você?

— Eu me chamo Laís.

— Somos colegas! — Sentou na cadeira atrás dela. — Te observei ontem, vi que não falou com ninguém o dia todo, ainda não conseguiu enturmar?

— É, eu sou meio tímida.

— Ah, então agora nós somos amigas! Quer dizer, podemos nos conhecer, se você quiser.

— Eu quero. — Laís sorriu.

— Legal! — Também sorriu. — Você mora aqui perto?

— É, num condomínio de apartamentos a uns 5 minutos daqui.

— Que ótimo, eu também moro aqui na região.

— Morar perto da faculdade facilita muito a vida.

— Com certeza... Você tá bem? Não parece muito legal hoje, estou te atrapalhando?

— Não, é só cansaço, não durmo direito há 2 dias.

— Ansiedade por conta da faculdade nova?

— Não, quem me dera se fosse mesmo isso, estaria contente, mas é um vizinho chato que toca guitarra de madrugada todo dia.

— Já tentou falar com ele?

— Já, ele estuda aqui, faz medicina e tem 19 anos, isso é tudo que eu sei dele, mas é insuportável, sabe? Ele parece gostar de me irritar. Hoje eu pedi para ele segurar o elevador, porque eu me atrasei, mas ele fingiu não ouvir e ainda sorriu.

— Que maléfico! Talvez ele seja um psicopata, tome cuidado.

— Acho que não. — Deu um breve riso. — Mas vale a preocupação.

— Por que não fala com o síndico do prédio?

— Me mudei domingo, hoje é terça-feira, ainda não tive tempo para isso, mas, assim que eu puder, eu vou.

— Esse garoto tem que ser punido. Será que ele mora sozinho? Ele é novo demais.

— Bom, eu moro sozinha, atualmente, me mudei por conta da faculdade, nada impede ele de ser igual.

— É, você tem razão... Como é morar sozinha? Eu moro com meus pais e meu irmão Matheus, ele estuda aqui, faz medicina veterinária e está no terceiro semestre.

— É legal, mas estranho, fiz 18 anos há 2 meses, em janeiro, estava morando com os meus pais até dias atrás, e agora estou morando sozinha.

— Temos a mesma idade! Mas eu fiz 18 anos em fevereiro.

— Parabéns atrasado, qual a data do seu aniversário?

— Obrigada! 15 de fevereiro, e o seu?

— 23 de janeiro!

— Menos de um mês de diferença, olha só.

— Você sempre quis atuar na área da saíde?

— Desde criança, mesmo minha família não tendo muito a ver com isso. Minha mãe é advogada, meu pai é delegado, meu irmão mais velho, Marcelo, que tem 23 anos, terminou ano passado o curso de licenciatura em história e a minha irmã do meio, Milena, que tem 21 anos, faz arquitetura. E você?

— Inicialmente eu sonhava em ser psicóloga, mas fiquei curiosa e fui pesquisar sobre a enfermagem e me encantei. Como eu disse, meu irmão faz medicina veterinária, a minha mãe é dentista e o meu pai é nutricionista, então a área da saúde é de família mesmo.

— Que incrível, já está no sangue.

— Podemos dizer que sim. — Sorriu com empolgação.

A professora entrou na sala, interrompendo a conversa entre as garotas durante o restante da manhã. No almoço, elas comeram juntas no restaurante da universidade, enquanto conversavam mais para se conhecer melhor, então voltaram para as aulas e, ao fim do dia, se despediram ao ir embora.

Laís chegou em casa e, assim como no dia anterior, tomou banho, jantou e mandou áudio para os pais contando sobre a noite passada e o dia, fazendo questão de citar a nova amiga.

Ela ouviu as respostas deles sobre o dia anterior e respondeu, depois colocou o celular para carregar e se preparou para dormir, sabendo que teria apenas algumas poucas horas de descanso.

E, assim como na noite anterior, o barulho começou durante a madrugada. Dessa vez, ela não saiu da cama para ir reclamar com ele, pois sabia que seria em vão. Estava decidida a falar diretamente com a síndica.

E, por isso, no dia seguinte, a garota fez questão de acordar mais cedo.

Eu odeio te amarOnde histórias criam vida. Descubra agora