O primeiro dia de aula de Laís na faculdade finalmente chegou. Apesar do imenso cansaço por mal ter dormido durante a noite, ela estava extremamente empolgada para começar o seu curso dos sonhos.
Laís tinha apenas 18 anos, mas já sabia desde criança com o que gostaria de trabalhar na vida adulta.
Quando era pequena, sempre amou brincar de médica. Tinha vários brinquedos de médica e enfermeira e fazia suas bonecas de paciente. Às vezes, seus pais, avós, irmãos e amigos eram os pacientes.
Ela nunca teve medo de fazer exames e ir em consultas. Sentia curiosidade quando ia tirar sangue e perguntava aos médicos e enfermeiros o nome de cada coisa e qual a utilidade daquilo.
Agora, ela finalmente veria de verdade a prática disso tudo. Não era mais apenas uma brincadeira. Em alguns anos Laís seria uma enfermeira formada.
Ela levantou da sua cama e foi ao banheiro tomar banho. Prendeu o cabelo num rabo de cavalo, vestiu uma calça jeans branca, uma blusa branca lisa com manga curta e um tênis branco. Sabia que era protocolo a enfermagem usar roupa branca e gostaria de fazer isso desde o seu primeiro dia.
A garota foi até a cozinha e comeu dois pães com peito de peru e queijo e tomou uma xícara de café com leite, depois foi escovar os seus dentes. Pegou a sua mochila, que já estava arrumada desde a noite anterior, e o seu celular, e mandou mensagem de bom dia para os pais, saindo do apartamento em seguida.
Ao passar pela porta, como uma grande coincidência, ela viu o seu querido vizinho saindo do apartamento ao lado. A sua reação imediata foi revirar os olhos e passar direto por ele, indo ao elevador.
— Bom dia, vizinha. — O garoto falou, em tom de deboche.
Laís seguiu o ignorando e apertou o botão para chamar o elevador.
— Teve uma noite boa? Dormiu bem?
Ela apenas o lançou um olhar furioso, desejando que fosse o bastante para ele calar a boca.
E foi em vão.
— Para quem está indo para o primeiro dia de aula na faculdade, você não parece tão contente.
— Só não fala comigo, garoto! — Entrou no elevador quando a porta se abriu e apertou o botão do térreo. Estava vazio.
— Apenas quero ser receptivo com a minha nova vizinha. — Também entrou. — Eu não posso?
— Eu só não saio desse elevador e desço de escada porque eu não quero me atrasar logo no meu primeiro dia por culpa de um babaca.
— Quanto ódio no coração, para alguém que ontem estava com um pijama e pantufas fofinhos. — Sorriu de maneira sarcástica e a olhou de cima a baixo. — Onde vai ser a festa de ano novo?
— Eu faço enfermagem!
— Calouros... — Balançou a cabeça negativamente e deu risada. — Tudo bem, já sei o seu curso, mas ainda não sei o seu nome.
— E qual seria o seu interesse nisso, afinal de contas?
— Oras, eu não posso conhecer a minha nova vizinha?
— Não. Eu quero te conhecer menos do que eu conheço e eu nem te conheço.
— Ah, mas você iria adorar me conhecer.
— Não, eu não iria não. — Saiu do elevador quando a porta se abriu ao chegar ao térreo.
— Eu duvido. — Foi atrás dela.
— Eu não ligo. — Cumprimentou o porteiro e saiu do prédio, caminhando na direção da faculdade.
— Você é sempre difícil assim?
— E você é sempre insistente assim? — Começou a andar mais rápido.
— Não responda uma pergunta com outra pergunta! — Também acelerou os passos.
— Você quer parar de me seguir, por favor?
— E quem disse que eu estou te seguindo? Esse é o caminho da minha faculdade.
— E tem mais de uma por aqui?
— Não. Muito prazer, colega.
— Contanto que eu não seja do mesmo curso que você, tudo certo.
— Não é.
— Ótimo, você não parece empático o bastante para ser enfermeiro.
— E se eu te disser que faço medicina?
— Eu nunca passaria por você como médico.
— Eu não te atenderia mesmo, serei pediatra.
— Eu não deixaria os meus filhos passarem por você.
— Você tem filhos?
— Não, eu só tenho 18 anos!
— E daí? Tem gente com 15 que já tem.
— Eu não estou entre essas pessoas... — Cruzou os braços.
— Já sei a sua idade, olha só! É uma moeda de troca... Eu sei o seu curso e você sabe o meu. Eu sei a sua idade, agora falta você saber a minha, correto? Eu tenho 19 anos, quase 20!
— Não ligo. — Atravessou a rua.
— Amolece um pouco, vai. — Foi atrás dela.
— Será que teremos matérias em comum? Não suportarei estar na mesma turma que você.
— Ah, provavelmente não, eu sou terceiro semestre e suponho que você seja primeiro.
— Graças a Deus, então. Como você conseguiu entrar em medicina sendo um desocupado que toca guitarra de madrugada?
— Não julgue um livro pela capa, eu sou muito inteligente.
— Aposto que é um riquinho que comprou a vaga.
— Não tire o meu mérito!
— Não sei, você não me parece uma boa pessoa. — Passou pelos portões de entrada da faculdade e soltou um suspiro ao olhar ao redor. — Então é aqui...
— Boa sorte no seu primeiro dia de aula, a gente se esbarra por aí, vizinha. — Piscou para ela e se afastou.
Ela revirou os olhos e começou a caminhar, tentando se localizar no imenso lugar.
A manhã seguiu bem. Laís teve 4 aulas durante a manhã e amou os professores que conheceu. Por volta de 12 horas, ela foi ao restaurante universitário almoçar e, quando o horário passou, voltou para as aulas.
Ao fim do dia, estava cansada, mas se sentindo realizada. Saiu da faculdade com um sorriso no rosto e caminhou em direção ao prédio, desejando apenas tomar um banho quente, jantar e deitar para dormir.
Ela chegou ao seu apartamento e mandou um áudio para os pais descrevendo sobre a noite anterior com o vizinho insuportável e barulhento e sobre o seu primeiro dia na faculdade, depois foi tomar banho e preparar comida para jantar. Sem vontade de fazer algo elaborado, apenas preparou arroz e frango frito, depois escovou os dentes e se deitou na cama, dormindo quase de imediato.
No entanto, assim como na noite passada, o barulho alto de guitarra vinha da parede vizinha ao seu quarto. Novamente o garoto estava tocando durante a madrugada.
E novamente ela foi ao seu apartamento reclamar.
— Boa noite, vizinha, acordada uma hora dessa? — Sorriu com deboche ao vê-la após abrir a porta.
— Para com esse barulho infernal, por favor, eu só quero dormir. Eu preciso dormir. Você faz medicina numa universidade de período integral, também não deveria dormir?!
— Obrigado pela preocupação com o meu sono, mas eu estou bem.
— Só, por favor, faz silêncio.
— Posso pensar sobre isso com carinho. — Piscou e fechou a porta na cara dela.
Laís suspirou e se deu por vencida, então voltou ao seu apartamento para tentar dormir, aproveitando os míseros minutos de silêncio que, a propósito, não duraram muito.
Realmente não estava sendo uma tarefa nada fácil ser vizinha daquele garoto.
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Eu odeio te amar
RomanceLaís finalmente passou na faculdade dos sonhos e vai iniciar a vida adulta! Saindo da casa dos pais, a garota se muda para um novo apartamento, perto da sua nova universidade, na esperança de iniciar uma vida universitária fantástica. No entanto, Lu...