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Depois de mostrar o banheiro para o Théo, fiquei esperando ele se acomodar. Enquanto isso, fui até a cozinha para ajudar o Pedro a preparar algo rápido para nós. A chuva continuava a cair lá fora, mas dentro de casa, eu me sentia mais aquecida com a presença do menino.
— O que você acha de fazer um macarrão com molho de tomate? — perguntei a Pedro enquanto pegava os ingredientes. Ele assentiu, ainda com uma expressão confusa no rosto, mas não disse nada.
— E que tal adicionar um pouco de queijo? — sugeri, tentando fazer a refeição parecer mais especial.
— Boa ideia! — respondeu ele, começando a cozinhar enquanto eu cortava algumas ervas frescas que tinha na geladeira.
Enquanto o cheiro do molho se espalhava pela cozinha, Théo apareceu novamente, agora com o cabelo molhado e limpo, vestindo uma camiseta que eu tinha guardado e que era um pouco grande para ele. Ele parecia muito mais relaxado.
— Uau! Olha só como você ficou lindo! — Pedro exclamou, fazendo Théo sorrir timidamente.
— Tia Mari, o banheiro é bem legal! — disse ele, olhando ao redor da cozinha. — Posso ajudar?
— Claro! Você pode me ajudar a colocar a mesa. Que tal? — respondi animada.
Ele acenou com a cabeça e correu até os armários que eu tinha dito para pegar os pratos e talheres. Enquanto isso, Pedro me lançou um olhar curioso enquanto mexia na panela.
— Você realmente pretende ficar com ele? — perguntou em um tom mais sério.
— Eu não posso simplesmente deixá-lo na rua, Pedro! Ele está sozinho e precisa de ajuda.
Ele suspirou, parecendo ainda preocupado com a situação.
— Eu entendo, mas você sabe que isso pode complicar as coisas para você . Não temos certeza de como isso vai funcionar.- ele passou às mãos na cabeça- Você está grávida, Não pode passar por muita coisa
Eu sabia que ele tinha razão. A situação era delicada e poderia trazer desafios inesperados. Mas ao olhar para Théo, que estava agora empolgado arrumando os talheres, meu coração se enchia de esperança.
— Vamos apenas levar um dia de cada vez. Eu não posso ignorar o que vi hoje... Ele precisa de alguém . E quem sabe podemos fazer uma diferença na vida dele?
Pedro olhou para Théo e depois para mim antes de finalmente assentir lentamente.
— Ok, Mari. Mas vamos precisar conversar sobre isso depois da refeição.
Assim que tudo ficou pronto, chamamos Théo para se juntar a nós à mesa. O menino se sentou animado e começou a devorar o macarrão como se não tivesse comido em dias.
— Está gostoso? — perguntei enquanto observava sua felicidade ao comer.
— Muito! — respondeu ele entre garfadas. A alegria nos olhos dele era contagiante.
-Tia Mari, a senhora engoliu uma melancia?- o menino perguntou
- não, Por que a pergunta?- faço uma careta de confunsa
-A senhora está com uma barriga parecendo que comeu uma melancia grandona- ele faz um sinal de grande com a mão
-A tia Mariana está com um bebê na barriga Théo- Pedro respondeu rindo - o nome é Íris
- Que legal, mas ainda parece uma melancia na barriga- ele coloca a mão do queixo e eu rio
Depois da refeição, Théo se levantou da mesa e começou a olhar pela janela enquanto a chuva caía lá fora.
— Tia Mari... posso ficar aqui mais tempo? — perguntou ele com um tom esperançoso.
Olhei para Pedro antes de responder. Ele parecia pensativo, mas não havia desagrado em seu rosto.
— Claro! Você pode ficar o tempo que precisar — respondi com um sorriso caloroso.
Théo sorriu radiante e voltou sua atenção à janela. Eu sabia que ainda havia muito pela frente; precisávamos conversar mais sobre sua situação e como poderíamos ajudá-lo da melhor maneira possível. Mas naquele momento, ver aquele menino feliz era tudo o que importava.
- Você vai dormir com a gente ?- pergunto para o Deprê
- Se você quiser ficar as sós com ele, eu possso voltar amanhã
- Eu iria adorar você aqui- ele abre um sorriso de lado- Até para ele se sentir mais confortável
- Tá bom, eu fico- ele me abraça passando a mão na minha barriga
Depois do jantar, decidimos assistir a um filme juntos na sala de estar. Théo estava empolgado e escolheu um desenho animado divertido. A atmosfera leve fez com que todos esquecessem um pouco das preocupações do mundo lá fora.
Enquanto assistíamos ao filme, percebi como aquele menino tinha trazido luz à nossa casa em uma tarde chuvosa e sombria. E mesmo sem saber exatamente como tudo iria se desenrolar nas próximas semanas ou meses, eu estava determinada a fazer o meu melhor por Théo – por aquele pequeno príncipe que havia cruzado meu caminho naquele dia chuvoso em São Paulo.
