Entre estrelas e Lágrimas.

Chapter 1 - entre estrelas e lágrimas

Shelly se lembrava exatamente do momento em que conheceu Astro. Foi numa noite estrelada, num campo afastado da cidade, onde ela sempre ia para se desconectar do caos e encontrar um pouco de paz.

Ela estava deitada na grama, sozinha, observando as constelações e tentando decifrar os segredos que o universo escondia. As estrelas brilhavam intensamente, mas nada no céu parecia mais fascinante do que o som inesperado de passos se aproximando. Assustada, ela se sentou, procurando a origem do som, e o viu: um garoto de expressão serena e olhar distante, como se ele mesmo fosse parte daquele céu estrelado.

"Desculpe, não queria te assustar," ele disse, com um sorriso leve. "Eu só... vi você daqui e achei que seria estranho eu ficar por perto sem dizer nada."

Shelly relaxou um pouco e sorriu de volta. "Tudo bem. Eu só não esperava companhia."

"Nem eu," ele confessou, sentando-se ao lado dela, com os olhos brilhando ao encarar o céu. "Eu sempre venho aqui quando preciso pensar... É estranho ter alguém com quem dividir isso."

Ela o olhou, intrigada. "Eu também venho para cá quando quero fugir um pouco. A cidade me sufoca às vezes."

Foi naquele momento que eles começaram a compartilhar suas histórias. Astro, com seu jeito enigmático, revelava pedacinhos de si com cada palavra, deixando Shelly fascinada e curiosa para saber mais. E ela, com sua sinceridade e doçura, trazia à tona o melhor dele, como se fosse uma estrela brilhando apenas para ele.

Nessa primeira noite, eles falaram até o amanhecer, como se fossem velhos amigos reencontrados, embora tivessem acabado de se conhecer. Havia uma química intensa entre eles, uma conexão silenciosa que não exigia muitas palavras. E antes de se despedirem, Astro a olhou nos olhos e disse:

"Se eu pudesse escolher uma estrela para me guiar, eu escolheria você, Shelly."

Ela riu, surpresa com a declaração, mas em algum lugar profundo, sentiu que talvez houvesse um pouco de verdade naquilo. Porque, desde aquela noite, ela soube que sua vida nunca mais seria a mesma.

Nos dias que se seguiram, Astro e Shelly passaram a se encontrar cada vez mais. A princípio, sempre no mesmo campo, onde se deitavam na grama, observando o céu enquanto compartilhavam segredos e sonhos. Mas, aos poucos, seus encontros se tornaram mais frequentes, invadindo as rotinas um do outro. Eles se encontravam no café perto da faculdade, na biblioteca, ou mesmo caminhando pela cidade, onde riam, conversavam e pareciam se esquecer do resto do mundo.

Astro sempre fora um mistério para Shelly. Ele falava com paixão sobre as estrelas, a astronomia e o cosmos, como se cada parte do universo tivesse um significado especial para ele. Ela adorava ouvi-lo falar, perdendo-se em sua voz e em seus olhos brilhantes, mas, ao mesmo tempo, percebia que ele nunca falava sobre o que realmente sentia, sobre suas dores e medos. Era como se houvesse uma barreira invisível que ele mantinha erguida, protegendo partes de si.

Shelly tentou não se importar com isso, mas com o passar do tempo, algo dentro dela desejava se aproximar mais, atravessar aquela muralha e conhecer o verdadeiro Astro. Ela queria que ele confiasse nela o suficiente para compartilhar tudo, assim como ela se entregava sem reservas.

Foi em uma noite particularmente fria, enquanto caminhavam lado a lado no campo, que ela finalmente teve coragem de perguntar.

"Astro... por que você nunca me conta nada sobre sua família, seus amigos, sua vida fora daqui?" Ela parou, olhando para ele com expectativa e um toque de vulnerabilidade. "Você fala de estrelas, de sonhos, mas e sobre o que você realmente sente?"

Astro pareceu hesitar, desviando o olhar para o céu. O silêncio que se seguiu foi pesado, como se ele estivesse lutando internamente com o que poderia ou deveria dizer.