lar

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Os dias se transformaram em semanas, e logo em meses, e Agatha e Rio viviam cada momento em um equilíbrio intenso e apaixonado. Entre cada feitiço, cada nova descoberta e cada luta travada lado a lado, as duas forjavam um vínculo que parecia inquebrável, tão eterno quanto o tempo ao qual Rio era indiferente.

Rio, que até então nunca tinha possuído algo que realmente pudesse chamar de "lar", decidiu construir um chalé para Agatha em uma clareira isolada da floresta, onde a magia era profunda e a natureza era vibrante. O chalé era acolhedor e simples, mas forte o suficiente para conter qualquer energia mística que as envolvesse. Ela o decorou com flores e ervas, enchendo-o com pequenos detalhes de beleza e poder, uma dedicação visível em cada canto. Agatha, ao entrar pela primeira vez, ficou sem palavras, surpresa com o gesto, tocada pela intenção que Rio colocara em cada pedra e feitiço de proteção. Havia as inicias delas por todo a cercado da varanda e runas de prosperidade.

— Esse é o nosso lugar — Rio sussurrou enquanto segurava a mão de Agatha, os olhos refletindo um orgulho raro e quase tímido.

No chalé, elas encontraram um ritmo que, embora novo, parecia tão natural quanto respirar. Elas compartilhavam dias calmos, mergulhadas em feitiços, livros e relíquias que Agatha continuava a presentear Rio com corpos, não havia necessidade, mas era para a proteção delas e sempre  a fascinava  impressionar aquela que a olhava de um jeito que ninguém mais conseguia. Em troca, Rio trazia-lhe artefatos mágicos ancestrais, cuidadosamente guardados em dimensões que apenas ela conhecia. Seus presentes tinham o peso dos séculos, mas para Rio, o valor estava na reação de Agatha — no brilho em seus olhos ao desembrulhar cada um.

À noite, o chalé era preenchido com uma luz quente e o crepitar suave da lareira. Entre risadas, toques e beijos, o tempo parecia derreter. Uma sempre esperava pela outra com a mesma intensidade, ansiosas para se perder no abraço familiar, onde o silêncio era acolhedor e carregado de compreensão. No tempo delas, não havia passado nem futuro, apenas o agora.

Nas primeiras semanas, Agatha ainda se inquietava em sonhos, os pesadelos com sua mãe retornando nas madrugadas, trazendo memórias de punição e dor. Em uma dessas noites, enquanto Agatha tremia no sono, Rio aproximou-se, sentou ao seu lado e a envolveu nos braços com um carinho suave. Como uma concha, a Morte se moldou em torno dela, transmitindo-lhe calma. Sussurrou palavras antigas e tranquilizadoras, e lentamente, o corpo de Agatha relaxou. Era uma cura que ia além da magia.

Quando a manhã chegava, elas exploravam as redondezas do chalé, abraçando aventuras novas e batalhas contra bruxas e covens que ameaçavam o equilíbrio do mundo. Era algo que ambas pareciam ansiar — uma necessidade de demonstrar seu poder, uma vingança silenciosa contra aqueles que um dia tentaram sufocar Agatha. E Rio, pela primeira vez, parecia gostar de se prender ao tempo humano, de se permitir sentir a adrenalina de um conflito ao lado dela.

Após cada confronto, riam e se abraçavam como se não houvesse nada além delas no mundo. Muitas vezes, Rio demonstrava uma faceta inesperada, quase infantil, em relação ao amor delas. Questionava Agatha de maneira inocente, buscando garantias, testando limites, como se tivesse medo de que aquilo fosse um sonho que se desfaria. Agatha sempre ria, assegurando-a, com um toque ou um beijo, de que ela estava ali e não iria a lugar nenhum.

As manhãs no chalé eram um dos momentos que Rio mais prezava. Ela gostava de preparar o café da manhã — uma tarefa que aprendeu a fazer com gosto, apesar da falta de necessidade — enquanto Agatha ficava observando-a com um sorriso bobo. O cheiro de chá, especiarias e pão fresco preenchia o ar, e as duas se sentavam juntas para saborear cada mordida, entrelaçando os dedos sobre a mesa.

À noite, voltavam ao que sempre as unira: o treinamento. Elas duelavam no quintal do chalé, Agatha com sua espada afiada e poder roxo, enquanto Rio se valia de telecinesia e truques ancestrais. Cada golpe, cada faísca, era uma dança única e eletrizante. Elas testavam os limites uma da outra, desafiando-se a cada instante, mas com um cuidado implícito que fazia parte do próprio afeto entre elas.

Uma vez, após uma longa sessão de treino, Agatha a derrubou no chão com um feitiço, e Rio, deitada na grama, soltou uma gargalhada. Era uma sensação nova para a Morte — essa mistura de alegria e calor que a fazia querer apenas olhar para o rosto de Agatha, capturando cada detalhe. A noite as envolveu, e enquanto os sons da floresta sussurravam ao redor, elas se beijaram com uma intensidade que parecia, de certa forma, eterna.

Os dias passavam como o correr de um rio. Na segurança do chalé, viveram o amor com uma liberdade e intensidade que nenhuma das duas esperava encontrar. O mundo lá fora parecia distante, os covens e bruxas perigosas uma mera distração ocasional. Entre aventuras e carícias, Agatha e Rio transformaram aquele lar no símbolo do que tinham juntas, algo feito de poder e vulnerabilidade, beleza e magia.

Beautiful tragic - AgatharioOnde histórias criam vida. Descubra agora