Capítulo Segundo

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  Miguel acordou com o sol em seu rosto. Sentou na cama e esfregou os olhos. Esquecera de fechar as cortinas de seu quarto antes de dormir. Miguel detestava ser acordado pela luz do sol. Já passava das seis horas. Levantou da cama e arrumou suas roupas. Lavou o rosto e arrumou os cabelos.
  Quando abriu a porta do quartinho onde trabalhava, Miguel levou um susto. Algumas das cadeiras que arrumara para o velho rabugento estavam caídas no chão com marcas de garras nas pernas. Uma estava desmontada. Miguel olhou ao redor. Pix estava em cima da mesa olhando fixamente para ele com seu olhos amarelos bem arregalados.
  -Eu não acredito nisso, Pix! - Disse zangado. - Saia já daqui! - Pix miou. Se pôs em posição de salto, hexitou. - Ande! Saia logo! - Disse raivoso mais uma vez. - Pix miou e pulou. - Oh, céus, o que vou fazer agora? O senhor rabugento pode chegar a qualquer momento! - Miguel pegou sua lixa e começou a "desfazer" as garradas de Pix nas cadeiras. Só faltava mais uma.
  -Não me diga que ainda não terminou o serviço! - Disse uma voz grossa.
  -Não é senhor, é que... - Miguel engoliu em seco. - Eu terminei tudo ontem, mas quando fui dormir deixei meu gato trancado aqui dentro. Ele arranhou as cadeiras e agora...
  -Cale-se! - Disse o velho mostrando sua raiva. - Cansei de seus atrazos. Termine logo isso! - Miguel continou a lixar a cadeira.
  -Aqui senhor, está pronta! - Miguel ficou de pé diante do homem.
  -Como disse, só metade! - O velho lhe entregou algumas moedas de ouro.
  -Mas, senhor, eu lhe entreguei as cadeiras no prazo certo!
  -Mas atrazou!
  -Senhor, já lhe expliquei o ocorrido...
  -E você acha mesmo que acredito nessa história? Bobagem! - O velho o encarou por alguns segundos e logo foi embora.
  -Ah, droga! - Miguel voltou ao trabalho com a penteadeira da senhora.
  -Miguel! - Chamou uma voz. - Venha comer, Miguel!
  -Agora não posso, mãe! - Gritou de volta. Miguel não tinha certeza de que sua mãe o escutara.
  -Filho? - Falou uma voz na porta. - Venha!
  -Não, mãe! - Disse com a voz severa. - Não vou sair daqui até acabar todos esses serviços.
  -Filho, é muita coisa! Coma e depois você volta. - Sugeriu. 
  -Não mãe, acabei de perder uma boa quantia em ouro. Não saio daqui até acabar! - Marta não disse nada, apenas se retirou. Minutos depois voltou com uma bandeja cheia de torradas.
  -Torradas de novo! - Disse entregando a bandeja ao filho.
  -Obrigado, mãe, mas não precisava... - Marta fez um sinal de silêncio com as mãos.
  -Sem mais nem menos! - Ela deixou a bandeja sobre a mesa e saiu.
  Miguel comeu algumas torradas sem parar o trabalho. Arrumou mesas, estantes, cadeiras, gastou a manhã inteira.
  Depois do almoço ajudou sua mãe com as coisas da casa e cuidou da horta. Trocou a água de Pix e lhe deu comida.
  Já passavam das treze horas. Miguel arrumou algumas coisas e seguiu para o pasto de seu pai. De sua casa até o pasto era uma caminhada de mais ou menos um quilômetro e meio. Quando chegou, Miguel alimentou e deu água aos cavalos. Selou Trovão.
  -Hei, amigão! Como você está? Eu não disse que viria hoje? - Miguel acariciou a crina do animal. - Vamos passear? - Miguel certificou-se de que os cavalos estavam seguros e que a cerca estava bem fechada. Montou no cavalo e seguiram floresta a dentro. - Vai Trovão, corra! Corra! - Gritou Miguel. Andar a cavalo era sua atividade favorita e Trovão adorava se descontrair cavalgando.
  Trovão corria livremente pela mata. Sorte de Miguel que sabia o caminho de volta. Miguel estava tão distraido que não percebeu um galho à sua frente e deu de cara com ele. Caiu de cima de Trovão.
  -Trovão! - Gritou ainda no chão. - Pare! Volte! - Trovão parou. Miguel se levantou e limpou a poeira das roupas. - Vamos garoto, vamos voltar.
  Miguel deixou Trovão de volta ao pasto e foi embora para casa. Quando chegou percebeu que tinha machucado o joelho e um pouco de seu braço. Tomou um banho e lavou bem os ferimentos. Deu boa noite a sua mãe e foi dormir. Já passava das vinte e uma horas.
Pessoal, não esqueçam de ler "Apenas um amigo". Beijos!! 

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