champagne, rafe cameron

II

A MANSÃO BENNET pulsava com a energia da festa quando o quinteto adentrou seus portões. Era uma sinfonia de caos organizado: corpos mergulhavam na piscina olímpica, silhuetas dançavam no telhado, sussurros apaixonados ecoavam dos cantos escuros, e o ar estava impregnado com o aroma inebriante de diversas substâncias. O relógio mal marcava 22:37, mas já se podia antever o estado de êxtase que tomaria conta do lugar nas primeiras horas da madrugada.

O grupo encarou o frenesi com uma familiaridade quase entediada. As festas de Thomás Bennet eram lendárias por sua intensidade, e esta não seria exceção. Nix, antes intrigada pela aparente imunidade desses eventos à lei, agora conhecia o segredo: o avô de Thomás, outrora chefe de polícia de Outer Banks, providenciava anualmente uma licença especial, permitindo que a celebração do neto transcorresse sem entraves.

"Kooks e seus privilégios", a frase ecoou na mente de Nix, um lembrete amargo das disparidades que permeavam Outer Banks. Mas nesta noite, ela decidiu relegar essas preocupações ao fundo de sua consciência. Estavam ali para se entregar à celebração, e era exatamente isso que fariam.

A música estridente reverberava pelas paredes, fundindo-se ao burburinho das conversas, tornando qualquer comunicação um desafio sem gritos. Javier inclinou-se, aproximando-se de Nix e Rachel, sua voz elevada para superar o tumulto sonoro.

— Eu e Paco vamos em busca de bebidas. Permaneçam com Juan, entendido? — Seu olhar era firme, buscando a compreensão nos olhos das duas.

Nix e Rachel assentiram, observando Javier e o irmão desaparecerem na multidão, engolidos pela massa de corpos que se movia em direção ao interior da mansão, onde luzes coloridas dançavam nas paredes e nos rostos dos que se aventuravam pela festa. No momento em que Javier se perdeu de vista, Nix voltou-se para Rachel, um brilho malicioso cintilando em seus olhos. Sem hesitação, ela agarrou as mãos de Rachel e Juan, arrastando-os para a pista de dança improvisada no coração do jardim, onde corpos se contorciam ao ritmo das batidas frenéticas.

— Juan, Rachel e eu vamos dançar bem juntinhas. Deseja se unir a nós? — A voz de Nix era puro mel, seu sorriso travesso brincando no canto dos lábios enquanto ela piscava sedutoramente, inclinando a cabeça de uma maneira que Juan conhecia muito bem - uma mistura irresistível de provocação e inocência calculada que sempre o deixava desconcertado.

Rachel não pôde conter uma risada ao ver a expressão de Juan mudar, e ele, incapaz de resistir, balançou a cabeça, lutando para manter a compostura.

— Você é o próprio demônio, garota. — ele murmurou, recuando dois passos, um sorriso relutante curvando seus lábios. A vontade de segurar a cintura de Nix, de puxá-la para si e dançar daquela maneira perigosa que ela sugeria era quase incontrolável. Mas ele se conteve, o nome de Javier ecoando em sua mente como um mantra - Javier, que sempre fora completamente devotado àquela morena de olhos profundos e provocantes.

Ainda assim, o pensamento não era suficiente para impedir seu olhar de vagar de Nix para Rachel, e de Rachel de volta para Nix, enquanto as duas se moviam em uma dança que desafiava qualquer noção de autocontrole.

Do outro lado do jardim, Rafe Cameron, o príncipe kook e seu fornecedor pessoal, Barry, observavam a cena que se desenrolava.

— As festas do Bennet são insuperáveis, cara!— Barry exclamou, sacudindo o ombro de Rafe, que contemplava a multidão espalhada pelo jardim. O som ensurdecedor e as risadas ecoavam na noite quente de Outer Banks, mas Rafe parecia alheio à animação que o cercava. Passados mais de vinte minutos desde sua chegada, enquanto Barry já havia esvaziado várias garrafas de cerveja, Rafe ainda dava pequenos goles em seu primeiro copo, seus olhos atentos percorrendo os grupos misturados de pogues e kooks que dominavam o espaço.