Lara despertou com um grito, sentando-se na cama com a respiração ofegante. O quarto parecia girar ao seu redor, e o suor frio cobria sua pele. Por um momento, ela não conseguia diferenciar o sonho da realidade. O ar parecia pesado, como se uma sombra estivesse sobre ela, e a presença de Hoseok ainda queimava em sua mente, sombria e perturbadora.
Ela apertou as mãos nos lençóis, tentando afastar o rosto dele que ainda surgia tão claro em sua mente. O Hoseok que vira no sonho não era o homem de gestos reservados que ela conhecia; não, ele era algo muito mais sombrio, uma força além de tudo que ela já experimentara.
No sonho, Hoseok estava à sua frente, os olhos intensamente fixos nos dela, mas havia algo errado, algo que trazia um frio incômodo. Em vez de uma conexão, havia um abismo entre eles, um vazio que parecia querer consumi-la. Ele falava algo que ela não conseguia entender completamente, mas as palavras ressoavam em sua mente como um eco.
"Você não pode escapar, Lara…" ele dizia, a voz baixa, quase um sussurro, mas afiada como uma lâmina. "Eu sou seu destino."
Ela tentou se afastar, mas suas pernas estavam paralisadas. No sonho, ele se aproximava devagar, e cada passo parecia um peso sobre seu peito, como se o ar se tornasse cada vez mais denso e difícil de respirar. Ele estava prestes a tocá-la, e um pânico sem igual a dominava, como se uma parte dela soubesse que aquele toque poderia selar algo irrevogável.
As imagens ainda dançavam em sua mente quando ela percebeu que seu corpo estava em transe, como se tivesse ficado presa na agonia daquele pesadelo. Tentava se recompor, mas sua respiração continuava curta, e o peito, apertado. Sentiu-se invadida por um pânico que não conseguia controlar, e lágrimas quentes brotaram em seus olhos. Cada parte de seu ser parecia presa naquela lembrança, naquele terror que Hoseok havia despertado.
De repente, uma batida firme na porta interrompeu seu desespero. Antes que ela pudesse responder, a porta se abriu e Hoseok entrou, seu olhar cheio de uma intensidade que ela não conseguia decifrar.
"Lara?" A voz dele era firme, mas havia uma ponta de preocupação, quase imperceptível, em seu tom. "Você está bem?"
Ela tentou responder, mas as palavras se prendiam na garganta. Ainda sentia aquele peso, aquela presença perturbadora, como se ele ainda estivesse no quarto.
"Foi só um sonho…" ela murmurou, mais para si mesma do que para ele, tentando acreditar nas próprias palavras.
Hoseok se aproximou com cautela, observando cada detalhe de seu rosto, e Lara sentiu uma pontada de desconforto. Ele parecia estar procurando por algo, como se tentasse entender o que havia acontecido. Ela desviou o olhar, incapaz de encará-lo.
"Foi um pesadelo," disse finalmente, tentando parecer calma, mas a voz ainda trêmula. "Só isso."
Ele cruzou os braços e franziu o cenho, claramente insatisfeito com a resposta. “Você estava gritando, Lara. Algo não estava certo.”
Ela respirou fundo, forçando-se a se recompor. Não queria que ele soubesse do quanto aquele sonho a perturbava, do quanto mexia com suas próprias emoções. "Já disse, Hoseok. Foi apenas um sonho."
Ele ficou em silêncio por um momento, os olhos ainda fixos nela. Lara teve a sensação de que ele enxergava mais do que ela queria revelar. Mesmo que ele tivesse aquele ar distante e insensível, havia algo de afiado em seu olhar, uma percepção aguçada que a deixava desconfortável.
Finalmente, ele suspirou, desviando o olhar. “Se é só um sonho, então por que você ainda está tremendo?”
A pergunta a pegou de surpresa, e Lara sentiu a irritação começar a crescer. "O que isso importa para você?"
Hoseok não respondeu de imediato. Ele se manteve calado, mas ela notou o maxilar travado, como se ele estivesse segurando as palavras. Era estranho; ele parecia mais… presente do que nunca, mais atento ao que ela dizia. Aquele homem era uma enigma, mas, no fundo, ela queria desesperadamente entendê-lo.
Quando ele finalmente falou, sua voz era fria. “Porque um pesadelo não deveria ser o bastante para desestabilizar alguém como você, Lara. Eu sei que há algo mais aí. E, se você acha que está aqui para brincar com forças que não compreende, talvez esteja no lugar errado.”
Lara ergueu o olhar, encarando-o com uma mistura de raiva e desafio. "E o que você sabe sobre os meus sonhos, Hoseok? Você acha que pode simplesmente aparecer aqui, me questionar e sair como se nada tivesse acontecido?"
Ele a observou em silêncio, e por um instante, Lara viu uma sombra de algo… talvez arrependimento? Mas, rapidamente, a expressão sumiu, substituída pela usual frieza de sempre.
“Eu não preciso entender seus sonhos,” ele respondeu, a voz controlada. “Mas sei que eles te afetaram a ponto de fazer você duvidar de onde está.”
Ela hesitou, sentindo o peso de suas palavras. Ele estava certo, mesmo que ela não quisesse admitir. Aquele pesadelo parecia mais real do que qualquer outra coisa que já sentira, mas como poderia explicar algo assim a ele?
“Você não entenderia,” ela murmurou, com um suspiro.
"Então, talvez devesse tentar me fazer entender," ele disse, com uma calma quase provocativa.
Ela estreitou os olhos, sentindo o cansaço e a frustração começarem a tomar conta. "Sabe, Hoseok, em vez de me questionar, talvez devesse se perguntar por que eu continuo aqui. Se você realmente quer que eu vá embora, basta dizer."
Hoseok ficou em silêncio, e Lara teve a sensação de que ele estava considerando essa opção. A ideia a incomodou, mas ela se recusava a mostrar qualquer sinal de fraqueza.
Por fim, ele falou, mais baixo desta vez, mas ainda firme. “Eu não quero que vá, Lara. Mas isso não significa que posso protegê-la de si mesma. Há coisas que você… não consegue entender. E talvez seja melhor assim.”
Ela o encarou, percebendo que as palavras carregavam um peso que ele tentava esconder. Aquilo a fez questionar o que mais ele guardava, o que mais ele escondia por trás daquela expressão imperturbável.
“Talvez eu não entenda tudo agora,” disse ela, suavizando o tom. “Mas estou disposta a tentar. Mesmo que você faça tudo parecer tão... distante.”
Hoseok a olhou por um momento, e Lara sentiu que talvez, pela primeira vez, ele estivesse considerando realmente abrir uma parte de si. Mas, como sempre, ele se conteve, mantendo as paredes ao redor de si inabaláveis.
“Se é isso que você quer, Lara,” ele murmurou, os olhos vagando até a janela, “então esteja preparada. Porque o que está por vir… vai testar tudo o que você conhece.”
Ela sentiu um frio correr pela espinha, mas assentiu, sem desviar o olhar. Estava decidida a enfrentar qualquer coisa, mesmo que Hoseok continuasse insistindo em manter o mistério sobre quem realmente era.
No entanto, enquanto ele se afastava, uma sensação de desconforto cresceu dentro dela. Aqueles pesadelos… aquelas visões… elas pareciam carregar algo que ela não conseguia entender, uma sensação de perigo iminente.
Antes de sair, Hoseok parou à porta, lançando-lhe um último olhar enigmático. “Lara, se esses sonhos continuarem… talvez você deva reconsiderar o que realmente está buscando aqui.”
E, com essas palavras enigmáticas, ele desapareceu, deixando-a sozinha, presa na angústia de não saber o que era verdade e o que era apenas fruto de seus próprios medos.
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Ciclos de Sangue e Destino
FantasyEm uma Londres eterna, onde a chuva cai incessantemente e os ciclos se repetem ao longo dos séculos, Hoseok vive assombrado por uma única lembrança: Lara. Ela é a constante em sua existência imortal, uma figura que retorna a cada ciclo, mas que nunc...