O amanhecer mal tinha surgido quando Hoseok e Lara saíram para o centro de Londres. A cidade começava a acordar, mas a neblina densa e o ar frio ainda criavam uma barreira entre eles e o mundo comum. Caminhavam lado a lado, em silêncio, Hoseok com o olhar impassível e Lara, inquieta. Ela tentava entender o propósito daquela caminhada sem explicação. Não sabia se deveria se sentir segura ou se o silêncio dele era apenas mais uma forma de manter segredos.
Finalmente, ela se cansou da quietude e parou, cruzando os braços. "Você vai me contar para onde estamos indo, ou prefere que eu apenas continue seguindo você como uma sombra?"
Hoseok parou à frente dela, a expressão séria. "Estamos indo encontrar uma pessoa que tem informações. Alguém que talvez possa nos ajudar."
"Alguém que você conhece bem, pelo visto." Ela notou o jeito firme dele, um traço que aparecia quando ele falava de algo ou alguém importante. Ele a estudou por um momento antes de responder, os olhos indecifráveis.
"Sim. É alguém com quem tive uma… história no passado. Mas agora, ela é apenas uma aliada." Hoseok desviou o olhar, parecendo cansado de dar tantas explicações. "Mas espero que isso não seja um problema para você."
Lara sentiu o coração bater mais forte, um aperto desconfortável que não esperava. Algo nele a incomodava profundamente, mas, ao mesmo tempo, a fazia querer estar perto, ainda que a custo de sua própria sanidade. Ela engoliu em seco, tentando controlar o impulso de questioná-lo ainda mais. "Claro que não. Por que seria?"
Ele deu de ombros. "Certifique-se de que não seja."
Lara bufou e continuou a caminhada ao lado dele. Sua expressão fechada revelava que Hoseok não estava aberto para perguntas naquele momento, então ela ficou em silêncio. Pouco tempo depois, chegaram a um prédio antigo e elegante, com uma fachada de pedra e janelas altas. Hoseok abriu a porta e gesticulou para que ela entrasse primeiro.
Dentro, o ambiente era decorado com móveis luxuosos e quadros que pareciam ser relíquias de outros séculos. Eles avançaram até uma sala, onde uma mulher esperava por eles, recostada com elegância em uma poltrona de veludo. Ela tinha a pele pálida, cabelos castanhos ondulados e um sorriso que exalava autoconfiança. Ela lançou um olhar de curiosidade para Lara antes de se levantar, mas seu verdadeiro foco estava em Hoseok.
“Então, finalmente decidiu aparecer,” a mulher disse, aproximando-se de Hoseok com um sorriso que deixava claro o tipo de relação que tinham tido. Ela parou perto dele, sem se importar em medir a distância, e o encarou como se o conhecesse mais profundamente do que qualquer outra pessoa.
"Celeste," ele respondeu com a voz indiferente. Não havia afeto, nem desprezo, apenas uma formalidade fria.
Celeste sorriu e, sem desviar o olhar dele, ergueu uma sobrancelha ao perceber Lara observando. “Vejo que trouxe companhia.”
"Sim," Hoseok respondeu, como se não houvesse nada a explicar. "Ela é importante para o que precisamos. Apenas me diga o que eu vim saber, e vamos sair daqui."
Celeste lançou um olhar desconfiado a Lara, analisando-a de cima a baixo. “Interessante, Hoseok. Não achei que você voltaria a se envolver com outra pessoa depois de… tudo.” Seu tom era insinuante, e ela o encarou com intensidade, desafiando-o a responder.
Lara, que estava tentando manter a calma, sentiu o sangue ferver. Ela não sabia por que estava reagindo daquela forma, mas ver aquela mulher provocando Hoseok — e ele reagindo de maneira tão fria — mexia com ela. Ela sabia que não havia nada entre eles, mas a sensação de ser deixada de lado incomodava mais do que gostaria de admitir.
Hoseok, no entanto, não pareceu notar a tensão. "Celeste, foque no que importa," ele disse, impaciente.
Celeste deu uma risada curta, mas sua expressão rapidamente se tornou séria. “Muito bem, como você quiser.” Ela suspirou, lançando um olhar rápido para Lara antes de voltar a se concentrar em Hoseok. "O que você precisa saber, então?"
Hoseok explicou que estava à procura de informações sobre o paradeiro de Jisoo e os movimentos dele, especialmente se ele estava agindo nas sombras para minar o que Hoseok estava tentando proteger. Celeste escutou com atenção, e Lara notou que o rosto dela assumia um ar mais sombrio enquanto ouvia.
"Jisoo anda rondando Londres,” Celeste disse, finalmente. "Mas a razão para isso não está clara. Ele parece estar em busca de algo específico, mas é tudo que descobri até agora."
"Isso é o suficiente," Hoseok respondeu, satisfeito, já pronto para sair.
Lara, no entanto, ainda não estava pronta para deixar o lugar. Ela olhou para Celeste, buscando algo mais. “Parece que você conhece Hoseok há muito tempo. O que pode me dizer sobre ele?”
Celeste sorriu, claramente se divertindo. "Oh, conheço Hoseok há mais tempo do que você pode imaginar," ela respondeu, o tom carregado de uma nostalgia provocativa. "Ele já foi muito… diferente."
Lara a observava, tentando não demonstrar o quanto estava afetada pelas palavras da mulher. "Diferente como?"
Celeste lançou um olhar de relance para Hoseok antes de responder, como se quisesse provocá-lo. “Ele já foi um homem doce, compassivo. Mas isso foi há muitos séculos. O tempo tem uma maneira cruel de destruir essas partes das pessoas.”
Lara não pôde evitar o olhar intrigado que lançou a Hoseok. A imagem que ela tinha dele — fria, impenetrável — parecia não combinar com o que Celeste estava dizendo.
“Pessoas mudam,” Hoseok disse, interrompendo o silêncio incômodo que se formou. “Especialmente quando são forçadas a viver por muito tempo.” Ele não demonstrava qualquer emoção ao falar, mas suas palavras carregavam uma dureza que Lara não pôde ignorar.
Celeste deu um sorriso, mas seu olhar tornou-se mais sério. "Só espero que a sua ‘companhia’ entenda o que significa ficar ao lado de alguém como você."
Lara estreitou os olhos, sentindo uma mistura de desafio e ciúmes. “Pode deixar. Eu sei muito bem o que estou fazendo.”
Celeste ergueu as sobrancelhas, surpresa com a resposta firme de Lara, e lançou um último olhar a Hoseok. "Bom, então espero que tenha mais sorte do que eu."
Hoseok evitou qualquer resposta, e, em silêncio, se virou para sair. Lara, sem olhar para Celeste, o seguiu.
Quando saíram do prédio, ela não pôde evitar soltar as palavras que guardara o tempo todo. “Ela foi… importante para você, não foi?”
Hoseok continuou caminhando, sem se deter. “Já foi, sim. Mas não mais.”
"Entendo," Lara disse, tentando não demonstrar como aquela resposta a afetava. Eles caminharam mais alguns minutos até que ela finalmente decidiu quebrar o silêncio. “Você realmente nunca sentiu algo por alguém depois dela?”
Ele parou por um instante e a encarou, os olhos fixos nos dela. "Sentimentos… não são luxos que eu possa me dar, Lara."
“Você fala como se eles fossem um fardo,” ela comentou, em um tom que misturava compreensão e tristeza. Hoseok desviou o olhar, como se não quisesse responder, mas depois suspirou.
“São um fardo quando você não consegue proteger as pessoas que ama,” ele respondeu, de forma direta.
Lara olhou para ele e, sem querer, uma lembrança antiga invadiu sua mente. Ela viu o rosto de Hoseok de outra época, uma vida passada, e lembrou-se de um beijo roubado em um jardim iluminado pela luz da lua. Naquele momento, ele não era o homem frio que estava ali agora; era alguém doce e apaixonado. A memória era vívida, e ela sentiu o coração acelerar, mas antes que pudesse processar o que estava acontecendo, ele já havia voltado a andar.
“Lara?” ele chamou, olhando para ela como se tivesse percebido sua distração.
Ela piscou, afastando a lembrança. "Desculpe, eu… apenas pensei em algo."
“Não perca tempo com o passado,” Hoseok disse com frieza. “Essas lembranças não significam nada para o que está acontecendo agora.”
Ela assentiu, mesmo que relutante, mas por dentro sabia que aquela memória era importante. Ele podia fingir que sentimentos e memórias eram apenas fraquezas, mas ela sabia que, em algum lugar, o Hoseok que ela havia conhecido ainda estava lá.
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Ciclos de Sangue e Destino
FantasiaEm uma Londres eterna, onde a chuva cai incessantemente e os ciclos se repetem ao longo dos séculos, Hoseok vive assombrado por uma única lembrança: Lara. Ela é a constante em sua existência imortal, uma figura que retorna a cada ciclo, mas que nunc...