Rubber Boy

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Capítulo 2: O Capitão e a Intrusa

O sol estava no topo do céu, brilhando forte sobre o mar calmo. Eu me movia com cuidado pelo convés do navio pirata, limpando as tábuas de madeira. Meus olhos grandes e meus gestos delicados sempre me mantinham distante dos outros membros da tripulação. Eu preferia o silêncio e a paz das minhas tarefas.

No entanto, Luffy nunca ignorava ninguém. Ele sempre foi curioso, especialmente com pessoas que chamavam sua atenção. E, de alguma forma, eu definitivamente o intrigava. Talvez fosse por ser tão simples e tímida, sempre evitando os outros. Ele parecia não conseguir entender isso.

De repente, sem aviso, ele se esticou pelo convés, seu braço borrachudo me alcançando sem esforço.

- Oi, Liv! - Disse ele com sua voz animada, surgindo do nada.

Eu dei um pulo, assustada, sentindo meu coração disparar.

- C-Capitão! - Gaguejei, sentindo minhas bochechas queimarem.

- Eu... Eu não te vi aí. - Mexi no cabelo, envergonhada.

Luffy sorriu largamente, com aqueles olhos brilhando de inocência, como sempre. Isso era algo que me atraía de uma forma que eu nunca conseguia explicar.

- Você nunca me vê! Por que tá sempre se escondendo? - Ele se aproximou mais, a curiosidade estampada em seu rosto.

Eu abaixei o olhar, desconfortável com a proximidade repentina, sem saber exatamente como responder.

- Eu só... gosto de ficar quieta. Não quero incomodar.-

Luffy riu, esticando mais um pouco o braço até encostar na minha cabeça, dando um tapinha suave.

- Você é engraçada, Liv. Como alguém tão quieta pode incomodar? Isso é impossível! - Ele gargalhou, me fazendo corar ainda mais. Não conseguia nem olhar diretamente para ele.

- É verdade... - Sussurrei.

- Bem, isso é uma pena, porque eu gosto de companhia! - Luffy se esticou completamente e se sentou ao meu lado, no convés, com uma facilidade natural, como se não houvesse barreiras entre ele e qualquer pessoa.

- Você nunca me contou por que aceitou entrar pra tripulação. -

Eu hesitei. Sabia que Luffy não desistiria facilmente, com sua curiosidade constante, mas aquilo não era algo simples de explicar. Respirei fundo e, por fim, falei:

- Eu não sou como vocês. Não sou uma lutadora ou uma aventureira. Só... cresci em uma ilha pequena, isolada. A vida lá era monótona e cheia de regras. Eu sempre sonhei em conhecer o mundo, ver coisas que ninguém da minha ilha sequer imaginava. Só que... nunca tive coragem de ir sozinha. -

Luffy inclinou a cabeça, ainda sorrindo, mas claramente prestando atenção em cada palavra.

- Quando vi vocês, soube que era a minha chance. Entrar numa tripulação... ser livre. É isso que eu quero. Quero conhecer o mundo, descobrir quem eu sou além daquela ilha. - Soltei a vassoura e caminhei para perto do mastro....E talvez... talvez eu ainda esteja tentando entender o que isso significa.

Olhei para Luffy, incerta. Ele abriu um largo sorriso em resposta.

- Então você quer ser livre? - Ele riu animado. - Tá no lugar certo! Eu vou me tornar o rei dos piratas! E vamos ver o mundo juntos!

Fiquei em silêncio por alguns segundos, sentindo o calor da presença de Luffy ao meu lado. Ele era tão diferente de todas as pessoas que eu já conhecera, tão livre e despreocupado. Isso me fazia sentir um pouco mais à vontade, mas, ao mesmo tempo, seu jeito me deixava completamente desarmada.

- Você é estranho, Capitão... - Eu Murmurei, quase sorrindo.

- Estranho? Você também é estranha. - Luffy riu.

Luffy caminhou até mim me olhando no fundo dos olhos.

- Mas é por isso que somos uma boa tripulação, né? Todo mundo é um pouco estranho. Até você! - Ele piscou, inclinando-se um pouco mais para mim, sem perceber o quanto isso me deixava tímida.

Acabei soltando uma risadinha tímida, e Luffy, percebendo sua pequena vitória, sorriu ainda mais.

- Viu? Sabia que ia conseguir fazer você rir! - Luffy bateu palmas.