Invisível

Capítulo 39

Pontos de virada

Severus ficou paralisado com as palavras de sua mãe sobre Harry; ele não conseguia acreditar que tinha sido tão óbvio sobre isso. Harry, que estava bem bêbado, tinha acabado de sair correndo depois de beijá-lo, e sua mãe tinha acabado de insistir para que ele fosse atrás de Harry. Ele pensou que tinha disfarçado sua atração por Harry muito bem, e também não conseguia acreditar que sua mãe estava encorajando isso. Harry tinha apenas dezesseis anos, era uma criança, e ele era um adulto crescido. Ele não deveria ter sentimentos por um garoto tão jovem. Embora ele pensasse isso, sua mente traiçoeira disse: "Quando você tiver cem anos, não vai importar, só importa agora." Ele se sentiu extremamente enojado consigo mesmo por suas reações a Harry. Não ajudou que Harry agora fosse tão alto quanto ele e ainda estivesse crescendo. Muito bem se ele mesmo não dissesse isso...

Amaldiçoando silenciosamente, ele percebeu que só havia uma coisa a fazer — falar com o garoto e descobrir o que eles poderiam fazer. Ele sabia que não estava prestes a dormir com alguém que tinha dezesseis anos e era jovem o suficiente para ser seu aluno. Inferno, ele era seu aluno, ele estava lhe ensinando tudo o que sabia! Ele não queria perder um aprendiz tão bom, porque Harry era isso. Ele era muito dedicado às suas poções, o que o tornava mais atraente aos olhos de Severus. Especialmente se ele apenas tivesse uma queda que passaria. Só o tempo realmente diria.

Olhando para sua mãe, que parecia pronta para arrancar os cabelos e correr atrás de Harry, ele levantou a mão, dizendo a ela que resolveria isso sem dizer nada. Tirando sua varinha do coldre, ele lançou um feitiço para encontrar seu aprendiz provavelmente aterrorizado. A bola branca brilhante emergiu de sua varinha, então se moveu para frente enquanto balançava para cima e para baixo, levando Severus até Harry. Ele saiu da mansão e a seguiu em direção aos estábulos, onde abriu a porta — e ouviu Harry falando com... provavelmente Luna, então ele parou.

"Isso significa que não vou ser expulso?" o terror era evidente em sua voz, fazendo-o soar muito mais jovem do que era. O coração de Severus apertou ao ouvir isso; ele não ouvia sua voz tão aterrorizada desde que Harry confessou seu segredo, que ele era o verdadeiro "Menino-Que-Sobreviveu", um ano atrás.

"Não, Harry, não vou te expulsar", disse Severus, caminhando corretamente para o celeiro, o pequeno feitiço localizador que ele tinha usado desaparecendo na frente dele quando ele notou que Luna estava de fato sentada ao lado do garoto. Seu coração estava pesado, e ele só esperava que Harry não tivesse sido prejudicado. Ele tinha trabalhado tanto para desfazer todo o dano que os Potters tinham feito ao ignorar seu filho. "Venha, vamos voltar para a Mansão — está muito frio aqui fora. Nós vamos pegar um café para você, depois conversamos", acrescentou Severus, tremendo de frio. Apesar de ser verão, sempre fazia frio à noite.

"Tudo bem," concordou Harry. Ele respirou fundo e se içou dos fardos de feno, Luna se levantando rapidamente também. Severus caminhou ao lado de Harry, sua mente trabalhando a todo vapor, e mal notando como Luna os seguia... com um sorriso no rosto... De qualquer forma, como ele lidou com a situação? Ele apenas disse a Harry que nada aconteceria e esperava que ele superasse sua paixão? Mesmo pensando nisso, seu coração se apertou de dor. Poucas pessoas se sentiram atraídas por ele, e ele nunca as deixou entrar. Ele não as deixou ver a bondade nele, enquanto Harry obviamente o fez. Ou ele estava apenas grato por tudo que havia feito e queria retribuir dessa forma? Ele queria saber.
Ele fechou seus escudos de Oclumência quando chegaram à sala de estar em que todos tinham começado, impedindo-se de pensar mais nisso. Ele viu Luna pegar o pó de Flu e dar um sorriso tranquilizador para sua mãe. Parece que ele realmente era idiota. Obviamente Luna Lovegood também havia notado, e ela não estava por perto para perceber. Ele se sentiu muito exposto sob o olhar dela antes que ela desaparecesse no clarão das chamas verdes.