Alguns dias haviam se passado desde minha mudança e arrumei um emprego na escola pública como professor de história. Estava ansioso para conhecer meus alunos, sempre gostei de crianças.
Eu me arrumei cedo e deixei vovô na igreja, como de costume, em seguida fui direto para o colégio. A entrada era como de qualquer escola comum, cheia de alunos. Estacionei próximo e fui andando com minha mochila, alguns alunos me olharam com curiosidade, até que finalmente entrei.
O diretor me recebeu bem, disse que aconselhava que eu usasse as primeiras aulas para conhecer os alunos, já que as crianças de Nova Esperança gostavam de professores simpáticos, ou fariam a vida deles o inferno, coisas comuns. Minha primeira aula foi com a turma do nono ano.
A aula acabou por ser tranquila. Os alunos comentaram muito sobre o casarão, mas não liguei, ignorando a vozinha chata que dizia que eles estavam certos.
Você deveria passar a prestar mais atenção em mim. Meu subconsciente diz. Como se eu fosse dar ouvidos a isso.
Por volta das 18:30 eu estava em casa. Hoje à noite, decidi que faria algo diferente, como mencionei antes, eu sou mais adepto a doutrina protestante, então, queria descobrir como funciona a igreja daqui.
Logo na entrada, era possível ver que haviam muitas "irmãs" ali, poucos jovens e homens que normalmente você não confia. Eu desci do carro tranquilo e todos os olhos se voltaram para mim. Uma senhora na entrada da igreja se aproximou.
"Seja bem-vindo! Eu sou a irmã Joana, eu que ajudo o pastor Paulo a organizar os cultos," ela me entregou um panfleto da igreja. Sorri.
"Obrigado! A senhora sabe informar quais os horários dos cultos?"
"Daqui dez minutinhos começa o de hoje, não se preocupe não, querido!" Ela disse sorridente. Uma outra senhora se aproximou.
"Ah, se as jovens de hoje gostassem de frequentar a igreja, só querem saber de farra, nunca que em uma balada a Luciana encontraria um homem desse, Joana," a senhora disse para a aparente amiga.
"Pois nem me fale, José só quer saber de farra, infelizmente. Olhe, meu filho, você faz certo em vim para a igreja, um dia você encontrará sua varoa e tudo vai ser maravilhoso para você," Joana disse e eu já estava ficando desconfortável, "você pensa em casar?"
"Ah, eu já fui casado, mas acabou que minha ex esposa não concordou com algumas coisas minhas e pediu divórcio."
"Pois ela não sabe o que perdeu, eu com um varão desse não largava nunca," a outra senhora disse e eu já queria sair dali.
Salvo pelo início do culto, me afastei das senhoras e me sentei bem ao fundo. O pastor finalmente chegou e iniciou o culto. Era um homem velho e um pouco barrigudo, tinha barba e
"Senhoras, senhores, hoje o tema é algo que não pode mais ser adiado," ele fez uma longa pausa dramática, "essa cidade, senhores, caso não saibam, é vítima de uma de muitas seitas satânicas espalhadas pelo mundo."
Um burburinho de concordância e curiosidade se instalou ao meu redor e então tive um entendimento. Eram fanáticos.
"Isso mesmo. Vocês acham de verdade que a vítima do ano passado, aquela bibliotecária, desapareceu por acaso?" Ele disse e me mexi na cadeira, desconfortável, "Era obviamente uma menina boa, aparentemente estudiosa, andava com uma menina mais jovem, sempre levando ela para a biblioteca, provavelmente instigando a garota a ler e estudar, mas então, o que aconteceu com essa menina? Eu não sei se vocês lembram-se, mas não tentaram mata-la apenas uma vez. Poucos dias depois que ela chegou, invadiram a casa dela, e então, jovem, você me perguntará: "o que isso tem haver?" E a resposta é simples. O satanismo que consumiu essa cidade. Aguardem, senhoras, o apocalipse está chegando e os jovens estão se perdendo, logo estarão confraternizando com os extra terrestres..."
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Nova Esperança: O Escaravelho
ParanormalDepois do desaparecimento de Verônica Smirnov, Viktor, seu primo, fará o que a polícia não conseguiu fazer: ele vai achar o culpado.