"are we too young for this?
feels like I can't move."
- softcore, the neighbourhood〔 MESES ANTES... 11/O3/24 | O6:16H 〕
A manhã de debutante do terceiro ano do ensino médio na vida de Haerin se iniciou com um gosto metálico azedo e ácido na garganta. Ela abriu os olhos lentamente, vagamente examinando a bagunça em que se encontrava seu armário de roupas.
De longe, ela ouvia uma explosão de acusações e um fuzilamento de gritos. Mesmo não querendo, ela já sabia que esses eram seu pai e sua mãe a beira de um divórcio complicado.
O palato salgado piorou e ela teve que levantar num salto e correr para o banheiro, despejando toda sua bile no vaso e puxando a descarga sem forças. Ela se ajoelhou e deitou a cabeça sob a tampa, sentindo a secura de sua boca agora.
Sua pouca reminiscência a joga de volta a noite anterior. Ela estava na cozinha sozinha com a adega de bebidas de seu pai, ouvindo as discussões correntes prorrogando no quarto deles. O estalido seco e abrupto que seguiu a enviou uma preocupação maior que sua raiva, mas isso não parou a briga acalorada.
Ela não podia se meter. Da última vez que tentou, levou uma cotovelada no nariz que o fez derramar algumas gotículas de sangue em sua camiseta predileta. Ela nunca mais gostaria de experimentar isso de novo.
Rápida e desesperada por um alívio, nem que fugaz, ela agarrou uma garrafa de Vodka pela metade e correu para o quarto. Ao empurrar a porta e a lacrar com um baque estrondoso que tremeu as paredes e descolou o poster do Wonder Girls do papel de parede de rosas pretas, ela trancou a fechadura e se jogou na pilha de roupas acumuladas pela semana inteira.
Haerin não costumava fazer isso. Nunca experimentou nada parecido, apenas um gole acidental na cerveja de seu tio quando tinha 6 anos. Ela conseguiu tirar o lacre já danificado e encarou o líquido incolor. Ela nunca prestou atenção no que eles falavam, mas os achavam patéticos e imaturos. Ocasionalmente sentia vontade de rir deles.
No fim, colou os lábios e bebeu de gargalo.
O resto da noite era uma baita incógnita, uma lacuna depois que ficou alcoolizada e provavelmente ridícula fazendo seja-lá-oque-bêbados-fazem-estando-fora-de-si.
Pelo menos com sua situação deplorável seus pais resolveram que era hora de prestar um pouco de atenção a filha que eles negligenciaram emocionalmente faz dez anos.
Óbvio que seu pai não ficou nada contente que fora Haerin quem consumiu com sua vodka, mais ainda com o fato de ela deixou apenas um dedo restando na garrafa quando ele a encontrou soterrada em um montinho de calcinhas. Já sua mãe apenas encheu o copo da Frozen com chá de gengibre que, segundo ela, ajudaria mais a superar a ressaca.
── Bebe tudo. Eu e seu pai vamos sair para trabalhar. ── A mulher pegou seu blazer rosa-bebê e vestiu por cima da camiseta social. Haerin cuidou de longe, receosa de colocar aquela mistureba de aparência desastrosa na boca.
Sua mãe correu para ajeitar alguns utensílios enquanto o pai já estava na garagem tentando fazer ligar o motor do carro em uma barulheira que indicava para uma consulta no mecânico.
── Tem cereal no armário superior, leite na geladeira e seu uniforme tá na arara na varanda. Não esquece de encher o pote dos Wones com seu salário. ── Sua mãe se despediu com beijo desastroso na bochecha da garota e checou o relógio de pulso. Se corresse chegaria em ponto na parada para subir em seu ônibus de rotina.
Depois que ela saiu, Haerin foi visitada por uma coragem desconhecida e tomou a bebida em dois goles. Ela nunca poderia ter estado mais que correta, aquilo estava horrível e quase vomitou de novo por um motivo diferente.
Ela colocou o copo sujo na pia para lavar depois e subiu as escadas pulando dois degrais até seu quarto. Lá ela tirou as roupas e encontrou uma calça de moletom cinza surrada e uma camisa curta branca. No banheiro, ao jogar água fria no corpo com um banho relaxante e tirar a maquiagem da manhã passada com demaquilante, ela se examinou. A tinta café com leite que tinha passado por conta própria já estava desbotada e dividindo fios com o castanho escuro natural de seu cabelo.
Ela suspirou de novo e prendeu o cabelo em marias-chiquinhas irregulares. Qual é, era apenas uma ida ao supermercado.
Enquanto girava a chave na fechadura, seu dia ainda estava comum. Ela desceu a escadaria baixinha e cumprimentou a Sra. Son que era uma velhinha briguenta. Aparentemente ela gostava de Haerin e parou de xingar outra senhora do outro lado da avenida e abanou para a garota com um sorriso.
Haerin era alguém que apreciava sua própria companhia por não ter nenhuma outra que pudesse apreciar. Desde pequena, ela só conheceu amigos de aquário. Nenhum deles realmente lhe proporcionou uma boa amizade, nenhum deles realmente prezava pela sua segurança e nenhum deles cultuavam sua presença. No primeiro ano, as coisas foram de ruins para péssimas com apenas um deslize.
Durante a educação física, a professora colocou Haerin a brincar de queimada. Ela não gostava de ter olhares virados para ela e constantemente ficava sozinha em um canto até que o período acabasse e ela pudesse voltar a se isolar na sala também. Enquanto jogava, queria que tudo acabasse depressa, nem se importou em procurar alguém específico para arremessar aquela bendita bola de basquete antes de mirar em uma guria de cabelo roxo chamativo e soltar a bola no ar até acertá-la no topo da barriga.
Aquela era Seojin, uma das valentonas da turma do lado da sua. Ela não deveria estar ali, mas matava aula sem se importar. Ela não enxergou isso bem e tratou como uma ofensa e ameaça.
Ela não era como nas novelinhas a ponto de furá-la ou queimá-la, mas ela perturbava a paz de Haerin toda semana. No baile de Halloween do ano retrasado, ela perseguiu Haerin por toda seu bairro com alguns amigos e jogando ovos, farinha e bitucas de cigarro nela. Foi uma agonia enquanto corria pela calçada e Seojin estava em uma caminhonete com seus amigos gritando palavrões. Ela não queria de forma alguma os levar de mão beijada até seu endereço então rodou duas vezes pela vizinhança na tentativa de despistá-los. Isso não ocorreu, só acabou quando ela teve um sangramento nasal e desmaiou.
Ela ficou ali por tempo indeterminado, até que acordou na mesma posição e ficou aliviada que eles já não estavam mais rodeando e pode ir livremente caminhando com a bota levemente quebrada da fantasia da Cassandra Dimitrescu. O sangue que desceu de seu nariz fez complemento à fantasia.
Ela odiava tanto Seojin que poderia matá-la se pudesse não ser presa. Ela era descuidada, não era a melhor pessoa para brincar de assassina, por isso manteve isso para si mesma e nunca trocou uma palavra com Seojin. Desde o primeiro tormento, Haerin se convenceu que ela a deixaria ir se simplesmente ficasse quieta. Em parte, funcionava.
Seojin adorava o sentimento de ser temida, Haerin nunca foi boa em expressar seus sentimentos sem ser diante de uma situação extrema. Quando ela não protestava quando era derrubada propositalmente no meio do refeitório, quando abria seu armário e dava de cara com seus livros rasgados, quando tinha seu raciocínio interrompido, quando era provocada: tudo isso tirava Seojin do sério tanto que espancaria a Kang, e como agressão física era proibido, se retirava por conta própria.
A vida de Haerin poderia ter sido mais uma dentre as cem monótonas, mas um evento definitivo aconteceu antes.
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the decisions we make ✯ NEW JEANS + RIIZE + BABYMONSTER
Fanficem um mundo pós apocalíptico dominado por criaturas do submundo, doze garotas e sete garotos jovens adultos formam uma aliança para perpetuar o único desejo que têm em comum: sobrevivência. NEWJEANS + RIIZE + BABYMONSTER | long fic (menções a membro...